“O farmacêutico não quer ser médico – ele quer ser um ator importante no cuidado do paciente”, afirma especialista

Entenda o que muda com a nova resolução que autoriza o farmacêutico a prescrever medicamentos no Brasil.

Nova resolução autoriza farmacêuticos a prescreverem medicamentos tarjados. Especialista explica o que muda, quem está habilitado e como o paciente pode verificar.

Com mais de 300 mil farmacêuticos atuando no Brasil, a nova Resolução nº 05/2025 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) autorizando esses profissionais a prescreverem medicamentos tem gerado intensos debates no setor da saúde. O texto permite a prescrição de medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs) e, em casos específicos e com qualificação comprovada, medicamentos tarjados. Mas afinal, quem está habilitado para prescrever e como o paciente pode identificar isso?

A resolução exige que o farmacêutico tenha Registro de Qualificação de Especialista (RQE) para prescrever medicamentos de uso controlado, o que garante que apenas profissionais com formação específica em farmácia clínica ou áreas correlatas possam exercer essa função, seguindo protocolos bem definidos. Segundo o CFF, o paciente poderá consultar quais farmacêuticos são prescritores no próprio site do CFF.

De acordo com o Dr. Marcelo Polacow, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) e coordenador do MBA em Farmácia Clínica e Gestão Farmacêutica do IPOG, a decisão não visa competir com médicos, mas sim ampliar o cuidado com a saúde da população, de forma colaborativa e segura.

“O farmacêutico não quer ser médico — ele quer participar das decisões da saúde da população e ser um ator importante no cuidado do paciente. Ele quer contribuir com a saúde de forma colaborativa e integrada. Hoje, o trabalho multiprofissional é uma realidade no mundo todo. A saúde não tem dono, o paciente não tem dono, todos os profissionais são importantes para alcançar os objetivos de recuperação, promoção da saúde e prevenção de doenças”, afirma Polacow.

A resolução consolida um movimento que já acontece em programas oficiais do Ministério da Saúde, como na profilaxia pré e pós-exposição ao HIV e no tratamento da tuberculose latente, onde farmacêuticos já atuam como prescritores. “Essa atuação já existe. A nova norma apenas regulamenta e qualifica ainda mais esse processo, exigindo formação adicional para medicamentos tarjados”, explica.

Modelos semelhantes são adotados em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, onde o farmacêutico prescreve dentro de limites técnicos definidos. Polacow reforça que, com a farmácia sendo um dos pontos de saúde mais acessíveis da população, essa mudança pode ajudar a desafogar o SUS e combater a automedicação.

“Enquanto o paciente vai ao médico, em média, duas vezes ao ano, ao farmacêutico ele vai toda semana. Somos o profissional de saúde mais próximo da população”, destaca.

Frente às críticas da classe médica, Polacow pondera que há desinformação sobre os reais limites da resolução:

“Não é qualquer farmacêutico, nem qualquer medicamento. Há protocolos, há limites e há ética profissional. Nosso objetivo é somar, não substituir.”

A Resolução nº 05/2025 é vista por especialistas como um divisor de águas para o cuidado farmacêutico no Brasil. Com a exigência do RQE, a proposta busca garantir que a prescrição ocorra com segurança, preparo e dentro da legalidade, um avanço no modelo de atenção primária à saúde, sem abrir mão da responsabilidade profissional.

Artigos relacionados

Balanced Scorecard para uma gestão hospitalar de alta performance O Balanced ScoreCard (BSC), desenvolvido na década de 1990 por Robert S. Kaplan e David P. Norton, é uma poderosa ferramenta de gestão baseada em estratégia, desempenho e avaliação de resultados, alinhados com a visão, missão e objetivos do negócio. Essa ferra...
Home Care: o plano de saúde é obrigado a pagar? Home care é o atendimento médico realizado em domicílio. Por meio desse tratamento, o paciente recebe cuidados profissionais em sua própria casa. É uma opção segura que evita o risco de infecção hospitalar e proporciona um atendimento mais eficaz a partir de u...
Transtornos alimentares afetam 15 milhões de brasileiros: até onde vai a influência das redes sociai... Você já pensou no que realmente te leva a comer? Fome, prazer, ansiedade, tristeza, controle? Para milhões de pessoas no Brasil e no mundo, a alimentação deixou de ser um ato natural e tornou-se um território de conflito com o corpo, com a mente e com a socied...
Assessoria de Comunicação: Equipe de produção de conteúdo IPOG. Responsável : Bruno Azambuja - Gerente de Marketing - bruno.azambuja@ipog.edu.br