Data-Driven Innovation: uma estratégia vencedora em três passos

Não é mais percepção apenas de profissionais da indústria digital, você vai escutar sobre Big Data, Inteligência Artificial e Gestão Guiada por Dados em qualquer bate-papo sobre performance de negócios, e enquanto você lê esse artigo surgem novas soluções que deixam o mercado mais eficiente, sustentável e competitivo.

Por pressão ou antecipação, investimentos estratégicos em Big Data e Inteligência Artificial estão em pauta até mesmo em empresas tradicionais, afinal, automação de processos, análise preditiva e sistemas de apoio à tomada de decisão já são forças aliadas em qualquer segmento.

Aproximadamente 90% de todos os dados do mundo foram criados desde 2016. Mais de 2,5 quintilhões de registros de dados serão criados todos os dias nos próximos 12 meses, e até lá espera-se que 1,7 MB de dados sejam criados a cada SEGUNDO para cada pessoa na Terra.

Uma pesquisa do IDC estima que o cenário global de dados digitais está saltando de 33 Zetabytes em 2018 para 175 Zetabytes em 2025. Isso impacta profundamente o mercado todos os anos, basta consultar a “foto de família” das principais empresas do mundo (Top 5) e constatar o impacto da transformação digital na economia.

Se as maiores organizações do planeta sofrem os impactos da transformação digital, hoje a sobrevivência e o sucesso de qualquer empresa, mesmo as com alto grau de maturidade digital, depende sensivelmente de uma estratégia Data Driven, que por sua vez depende da implementação de uma cultura organizacional guiada por dados.

Havendo o consenso da complexidade da palavra CULTURA, quero adotar o significado antropológico da mesma, que remete ao conhecimento, às crenças e hábitos do homem numa sociedade, e na sequência, apresentar três passos essenciais do que considero o caminho para organizações em busca de crescimento e longevidade num mercado cada vez mais digital, quantitativo e competitivo. 

Ligue o alerta vermelho se sua organização ainda não deu os primeiros passos dessa jornada, e saiba que o seu sucesso como profissional ou empreendedor dependerá da sua habilidade em lidar com esse jogo nos próximos meses e anos, independente de qual seja a sua posição hoje no tabuleiro!

1)   Adote uma nova filosofia, supervalorize a informação!

Se mal sabemos quais serão as profissões dominantes daqui cinco anos ou quanto espaço os profissionais “OffLine” terão no mercado de trabalho daqui dois anos, ou nem mesmo qual abordagem computacional reinará no próximo verão, que tal reconhecermos o altíssimo valor da informação na gestão das empresas? Todo esse cenário de crescimento exponencial e inovação expõe os desafios e oportunidades da nova economia.

Eric Ries, um dos principais influenciadores da nova geração de negócios exponenciais e o criador do conceito “Lean Startup”, disse certa vez que “nós vivemos a era de ouro das perguntas”. Sua explicação pra essa afirmação não tem a ver com encontrar a melhor resposta ou solução, mas ao fato de termos infinitamente mais perguntas, e as respostas terem menor prazo de validade.

A transformação digital obriga empresas a se reconstruírem rapidamente para sobreviverem às inúmeras perguntas de cada dia. As que se destacam em estratégias Data Driven obviamente conquistam mais espaço a cada manhã, pois não estão tentando conquistar longevidade para uma versão estável (medíocre) de si, mas estão direcionando todos os seus esforços para se transformarem em versões melhoradas, percebendo mudanças rápidas no mercado, nos clientes, na economia e transformando em estratégias de Inovação.

Essa abordagem filosófica e cultural é o primeiro passo na direção de uma transformação Digital Data Driven, e estabelece um marco entre uma organização tradicional e intuitiva (sem rumo) e uma organização quantitativa, analítica e competitiva, numa filosofia de valorização extrema da informação. 

2)   Abra as portas da inovação, existe vida lá fora!

É comum executivos e analistas lidarem com lições aprendidas em projetos e operações, darem vida a percepções extraídas de uma “Brain Storm” ou de uma “Sprint Retrospective”, investindo em gestão do conhecimento e trocando ferramentas antigas por novas ferramentas.

Todavia, aprender “da porta pra dentro” é uma forma conservadora de evoluir na nova economia, insuficiente para avançar em uma economia Digital. 

Hoje os vetores de inovação com maior potencial vêm de fora pra dentro, e catalisam disrupção e energia de startups para o fortalecimento e rejuvenescimento de negócios tradicionais, no que chamamos de Inovação Aberta.

Se as empresas mais inovadoras do planeta se sustentam em processos de inovação aberta e corporate venture, por qual motivo sua organização ainda não estruturou investimentos e processos nessa direção? 

Grandes empresas de sucesso perene, tidas como as mais inovadoras do planeta, normalmente adotam práticas de inovação aberta, e muito além disso, criam mecanismos fortificados de inovação e reestruturação de seus negócios baseados no atrito virtuoso entre sua versão atual e as inúmeras oportunidades geradas de disrupção, visando aumentar sua capacidade de crescimento e acima de tudo sua agilidade na percepção e validação de oportunidades e ameaças.

Segundo um relatório da CB Insights (Imagem abaixo), somente as 10 maiores empresas de tecnologia hoje juntas, adquiriram 50 Startups de inteligência artificial entre 2012 e 2017, e investiram em outras 80, em operações de dezenas ou centenas de milhões de dólares. Esses números crescem assustadoramente a cada ano.

Não estamos falando sobre o total de startups em programas de inovação aberta e corporate venture desse grupo de empresas, seriam números muito maiores se considerássemos todos os tipos e estágios de startups, mas apenas de aquisições e investimentos feitos em Startups de Inteligência Artificial, o carro chefe da inovação Data Driven contemporânea. 

Números interessantes? Te convido a pesquisar mais sobre os investimentos de outras grandes companhias na promoção da Cultura Data Driven e da Transformação digital através de programas de investimento e cocriação de startups. 

Não são empresas de mercados tradicionais, que em teoria dependeriam infinitamente mais de estratégias de inovação Data Driven, são empresas já consideradas inovadoras, de base totalmente científica e tecnológica, entretanto cientes do perigo de se tentar inovar com portas fechadas. 

3)   Boas ferramentas e bons profissionais produzem boas respostas, mas de onde surgem as boas perguntas?

Afinal de contas, qual é o impacto da inovação aberta em uma organização em busca de Cultura Data Driven? A resposta é simples: O aumento exponencial na capacidade de gerar PERGUNTAS, e quando possível, respondê-las.

Empresas Data Driven são máquinas especialistas em transformar perguntas em mudanças. Todos os anos empresas investem milhões em consultoria, treinamentos e ferramentas que no fim das contas produzem RESPOSTAS, mas e as perguntas certas, de onde nascem?

Segundo o CEO da Intuit, Brad Smith, uma pergunta transformadora é aquela que faz nosso coração bater mais rápido, eu admiro um outro sintoma causado por boas perguntas, a insônia. Se as reações fisiológicas forem difíceis de identificar, há outra maneira, valorize as perguntas que causem engajamento coletivo, que capturem atenção e que causem resistência.

Ao se aproximar substancialmente de Startups e empreendedores cujo objetivo no curtíssimo prazo é gerar disrupção, eficiência e prosperidade em cenários com recursos limitados e riscos elevados, empresas tradicionais acabam expandindo exponencialmente sua capacidade de gerar perguntas, e por consequência, expandindo sua capacidade de transformar as perguntas certas em transformação cultural e digital, em ciclos virtuosos de transformação Data Driven.

“Como podemos tornar nossa organização obsoleta antes que alguém o faça por nós?”

Essa é uma das principais perguntas geralmente feitas por Philip Kotler, considerado o pai do Marketing, simbolizando o que penso ser o principal processo empresarial rumo à cultura Data Driven, rompendo com a mediocridade da gestão de metas cascateadas em planejamentos estratégicos de gaveta.

Uma empresa saudável hoje provavelmente não sobreviverá ao cenário de amanhã (Se não ficou claro, volte e aprecie a imagem das “TOP5 Enterprises” 2013-2018), e não é possível reverter essa tendência de fracasso sem uma transformação profunda, transversal e cultural.

Grandes perguntas podem ajudar empresas a se perpetuarem através da inovação, podem ainda conduzir times por jornadas de gestão Data Driven e potencializar organizações estagnadas graças à capacidade de acelerar mudanças em cenários de estabilidade, mediocridade e aparente conforto.

Grandes perguntas não nascem em qualquer ambiente, não na quantidade necessária, não com a qualidade necessária, tampouco na frequência ideal.

A inovação aberta é definitivamente um dos caminhos mais eficazes para implementação de uma cultura Data Driven, onde informação é combustível, boas perguntas são abundantes e RESPOSTAS são sistematicamente encontradas e validadas, em um ciclo que transforma hábitos, crenças e resultados. 

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Júlio César Pessoa: Líder do núcleo de Inteligência artificial da Indra no Brasil. Fundador da CQuant, Sócio e Advisor em fundos de Venture Capital. Mentor de Startups no Founder Institute, Professor e coordenador em cursos de Pós Graduação em Big Data, Inteligência Artificial e Transformação digital. Coordenador do MBA Executivo em Business Analytics do IPOG.