A cada dia mais se fala sobre a sustentabilidade na arquitetura. Sabe-se que ainda é impossível realizar uma edificação sem impactos na natureza, mas é possível reduzir os danos.
No entanto, segundo a professora do IPOG na Pós-graduação Master em Iluminação & Práticas Projetuais em Arquitetura, Catharina Macedo, o tema sustentabilidade é um muito abrangente, ou seja, não está relacionada apenas ao meio ambiente.
Além disso, a sustentabilidade na arquitetura, segundo ela é um tema de moda, por isso é importante sempre fazer um recorte. “A nossa intenção na pós-graduação do IPOG é trabalhar o tema de uma forma mais profunda e não apenas como um marketing sustentável que é o que vem acontecendo em alguns segmentos que querem apenas ganhar dinheiro com isso”, pontua Catharina Macedo.
Na instituição, a professora ministra a disciplina Arquitetura EcoFriendly – Princípios de Sustentabilidade, que trabalha com práticas e soluções mais sustentáveis.
“Ou seja, pra gente a sustentabilidade é um caminho. É difícil encontrar edificações 100% sustentáveis. Isso significa que a gente trabalha com práticas pra tornar as edificações cada vez mais sustentáveis. E isso vai variar de acordo com a realidade local, custos (valores), do custo-benefício e assim por diante”.
O tripé da Sustentabilidade na Arquitetura
A professora explica que a primeira coisa que é preciso entender quando se fala em sustentabilidade na arquitetura é que se trabalha com 3 dimensões, mais conhecidas como tripé da sustentabilidade:
Ou seja, é preciso utilizar práticas e soluções que sejam ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis.
Partindo disso, Catharina pontua que hoje no mercado se trabalha com algumas temáticas:
- eficiência energética, redução de impacto ambiental
- redução do consumo de água
- redução de desperdício
- melhoria da qualidade de vida
- bioclimatologia (soluções para adequar o projeto de Arquitetura ao clima local. Com isso, é possível gerar mais conforto ambiental e reduzir o consumo de energia).
A sustentabilidade na arquitetura ainda aborda a questão de conforto ambiental, porque isso também está ligado a questões sociais. “A gente não faz uma Arquitetura só pra ser vista, mas também pra ser utilizada. E também sempre levando em consideração o bem-estar das pessoas que vão construir essa edificação”, ressalta a professora do IPOG.
A Sustentabilidade na Arquitetura e o conforto do usuário
A arquitetura surgiu para satisfazer o usuário. E Catharina Macedo ressalta: “E dentro dessa sensação de bem-estar existem questões relacionadas à estética, à funcionalidade. E a questão relacionada ao conforto ambiental é uma das que fazem as pessoas mais sentirem o meio ambiente”.
Como exemplo, a arquiteta cita: Você pode comprar uma casa belíssima, toda envidraçada, sendo que ela tem vidro virado para o poente. “Se você comprar a casa focando apenas na questão estética, depois para você conseguir usar essa casa, você vai precisar do ar-condicionado”.
Imagine que essa casa seja em Brasília, onde o clima é quente e seco a maior parte do ano. Então na hora que o morador começar a usar o ar-condicionado para resolver o problema do calor, porque esse vidro virado pro sol vai absorver muito calor, ele vai começar a ter problemas de baixa umidade porque o ar-condicionado retira a umidade do ambiente.
Ou seja, uma questão que era uma solução para o visual vai acabar gerando um problema de conforto para o usuário. Problema térmico e também de redução da umidade do ar.
Ou seja, quando a gente fala de sustentabilidade na arquitetura, a gente tem que resolver a arquitetura como um todo. Com soluções estéticas, funcionais e bioclimática para que o usuário se sinta bem nesse espaço.
Uma demanda do mercado
O mercado hoje tem demanda por profissionais que saibam reduzir o desperdício, propondo espaços eficientes e com redução de impactos ambientais. Por isso, os profissionais que buscam conhecimento sobre sustentabilidade na arquitetura se destacam diante do momento de crise financeira, hídrica e energética que se vê.
Por isso, falar de sustentabilidade se tornou essencial. “O planeta está aquecendo e não suporta mais tanto crescimento. Precisamos pensar no hoje para colher um futuro melhor para todos. Já não temos água e energia suficiente para toda a população. Precisamos fazer a nossa parte, e cada vez mais, os clientes estão interessados em profissionais especializados em práticas mais eficientes e sustentáveis”, conclui Catharina Macedo.