Brasil do futuro: cidades brasileiras se abrem para o conceito de smart cities

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O desenvolvimento tecnológico, aplicado ao planejamento urbano e à sustentabilidade, tem permitido a grandes empresas investirem vultuosas somas para edificarem SmartCities, ou, pela tradução literal, cidades inteligentes. O oriente dá passos largos neste sentido.

Emirados Árabes Unidos e Coréia do Sul lideram as nações que estão investindo pesado na projeção de cidades planejadas nos mínimos detalhes. No caso sul coreano, a iniciativa de erguer Songdo é fruto de investimentos bilionários de uma incorporadora norte-americana. Até 2020, a iniciativa deve contar com 250 mil moradores.

Por outro lado, em pleno deserto do Emirados Árabes Unidos, o arquiteto e urbanista britânico Norman Foster se dedica à edificação da cidade de Masdar, iniciada em 2006, com o propósito de ser uma cidade sustentável e totalmente planejada dentro dos conceitos da mobilidade urbana, tecnologia para se tornar também uma das maiores Smartcities. Com investimento inicial de US$1,4 bilhão, a cidade pretende acomodar 40 mil pessoas até 2025, prazo estabelecido para sua finalização.

Anúncio do ano

Um dos homens mais ricos do mundo, o dono da Microsoft, Bill Gates, anunciou este ano que vai investir US$ 80 milhões de dólares na construção de uma cidade inteligente no Arizona, Estados Unidos. O terreno de 25 mil acres inclusive já foi adquirido, o que corresponde a algo em torno de 100 quilômetros quadrados.

A cidade já tem até nome, será chamada Belmont, em referência uma das suas empresas de investimento, a BelmontPartners. Constam no projeto 80 mil moradias, o que é necessário para acomodar pouco mais de 180 mil pessoas. Toda a estrutura será coberta por internet de alta velocidade, sistemas especiais para carros autônomos e uma estrutura para implantar a Internet das Coisas – que é uma extensão da internet atual para os objetos do dia a dia. Com isso, a conexão com a rede mundial dos computadores permite que se controle remotamente objetos em geral. Apesar do anúncio, ainda não há previsão de quando as obras devam começar.

Smart cities: Cases Brasileiros

Enquanto mega empresários vislumbram projetos do zero, edificando a partir do nada verdadeiros oásis tecnológicos, algumas cidades já estruturadas e com suas complexidades devido ao crescimento desordenado frente ao planejamento anterior que não previu tamanha projeção populacional, vivem o desafio de se adaptarem aos elementos do futuro.

E pasmem, esses exemplos de Smart Cities estão mais perto do que a gente imagina. Bem aqui, no porção Sul do continente americano, mais propriamente, no Brasil. Veja a seguir alguns exemplos de iniciativas públicas voltados para a inteligência urbana e abertas ao conceito de Smart cities. Estamos engatinhando nesse sentido, mas não estamos apenas sendo expectadores desse momento tão especial da evolução da humanidade.

Porto Alegre (RS)

A IBM estendeu o projeto SmarterCitiesChallenge para o município, permitindo com isso a criação de um sistema de análise de dados que ajudam a embasar as tomadas de decisões sobre obras demandadas pelo orçamento participativo. A cidade também recebeu 85 mil pontos de luz automatizados, permitindo com isso a redução da potência das lâmpadas em até 20%, ao serem acionadas apenas quando detecta movimento de pessoas.

Barueri (SP)

Localizada a 30 quilômetros da capital São Paulo, Barueri está recebendo recursos na ordem de R$70 milhões da Companhia Eletropaulo, necessários para instalar medidores inteligentes de energia para 60 mil consumidores. O projeto teve início com pessoas de baixa renda, e segue expandindo para comércio, indústria, edifícios públicos e demais residências. Com isso, os consumidores poderão acompanhar diariamente seus gastos com energia e despertarem para o uso consciente deste importante recurso.

Rio de Janeiro (RJ)

Uma das principais preocupações do Rio de Janeiro gira em torno da segurança pública. Essa área recebeu um importante reforço tecnológico: a implantação de 700 câmeras e radares que monitoram as vias mais críticas da cidade maravilhosa. Favelas foram incluídas neste monitoramento eletrônico, que permite aos policiais agirem com maior exatidão. As câmeras também fornecem imagens que ajudam na prevenção de pontos de alagamentos, enchentes e captam informações em tempo real do trânsito na cidade.

Belo Horizonte (MG)

A Copa do Mundo de 2014 foi o pano de fundo para que o Sebrae Mineiro lançasse o projeto Smart City BH. A ideia estimulava pequenos negócios de soluções digitais voltadas para a mobilidade urbana e o turismo. Foram desenvolvidos aplicativos com informações em tempo real sobre rotas de ônibus, pontos turísticos, e locais de acesso aos jogos. Esse foi só o pontapé inicial para que o comércio passasse a enxergar com mais cuidado as ações digitais e os ganhos advindos desse tipo de investimento.

Búzios (RJ)

A exemplo de Barueri, no interior de São Paulo, Búzios também optou por investir no consumo consciente de energia ao instalar mais de 200 medidores de energia inteligentes. Com isso, os consumidores observam em tempo real o comportamento do seu gasto. A companhia elétrica também permite que se comercialize o excedente da energia gerada por painéis solares, devolvendo como crédito na conta. A meta do poder público é chegar a 10 mil medidores nos próximo ano.

 

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Edésio Lopes: Doutor engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na área de Infraestrutura Viária, onde também obteve o seu mestrado, graduado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É coordenador do MBA de Infraestrutura de Transporte e rodovias do IPOG; MBA Geociências e Geotecnologias; MBA Planejamento Urbano Sustentável; MBA Executivo em Logística de Distribuição e Produção. É colaborador na IDP engenharia (empresa sediada na Espanha) em projetos voltados para infraestrutura de transportes, logística e mobilidade urbana. Atuou por 9 anos como pesquisador no LabTrans/UFSC em projetos relacionados a infraestrutura de transporte em órgão federias e estaduais. Atuou como professor no setor de Geodésia no departamento de engenharia civil da UFSC e trabalhou no Laboratório de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto em projetos de auxílio à execução de planos diretores municipais.