No sétimo episódio do IPOG Cast, que teve como tema a Neurociência e o Futuro do Trabalho, o conteúdo do bate-papo explora a aplicação desta ciência no ambiente corporativo e sua capacidade de potencializar o desenvolvimento pessoal e profissional tanto do líder quanto de seus liderados.
Joe Weider – Professor e Coordenador da Pós-Graduação em Neurociência, Comportamento e Desempenho no IPOG, em uma conversa conduzida pelo CEO do IPOG – Ronan Maia, falou como o aprofundamento no estudo do funcionamento do cérebro pode ser usado para aprimorar o engajamento, a motivação e a performance das equipes.
Mas afinal, como a Neurociência fornece mecanismos para os líderes desenvolverem um ambiente de alta performance, positivo e sustentável nas organizações?
O que é Neurociência e por que ela é importante para as organizações?
O objeto da Neurociência é estudar o funcionamento do cérebro e como ela influencia o comportamento humano, logo, é evidente que a partir de um estudo apurado sobre a forma como o indivíduo se comporta individual e coletivamente é a chave para extrair e potencializar suas habilidades.
Joe Weider enfatizou durante o encontro que “entender como funciona o sistema nervoso humano, e entender como a comunicação elétrica e química entre as células nervosas produzem consciência, é fundamental para compreender tomada de decisão, processos cognitivos, emocionalidade, memória, aprendizado e como lidamos com isso no dia a dia.”
Ao entender como o cérebro funciona, as organizações podem criar ambientes de trabalho mais propícios ao melhor desempenho diário dos colaboradores, dado que a Neurociência oferece insights sobre como lidar com o estresse, promover o engajamento e estimular a criatividade. Com isso, é possível desenvolver práticas em que o bem-estar e a produtividade caminham lado a lado.
Como os líderes podem usar a Neurociência para liderar com mais eficácia?
Pensando na produtividade da equipe, os líderes precisam ter consciência do seu papel e das responsabilidades que vêm com a liderança. A dinâmica organizacional não pode ser focada em gestões que promovam a ansiedade no ambiente corporativo, por uso da força ou autoridade, afinal “lidar com a constante mudança e o estresse é um desafio para os líderes, que precisam evoluir de um modelo de comando e controle para um ambiente de confiança”, afirmou Weider durante a conversa.
Neste aspecto, ficou claro que a Neurociência pode ajudar na condução da gestão de pessoas, apresentando ferramentas para motivação do grupo, que auxilia na tomada de decisões e solução de conflitos nas mais diferentes situações.
Podemos dizer que, com base no que foi explicado pelo Professor Joe, o crescimento da equipe passa pelo crescimento do líder, que consegue extrair por meio práticas assertivas, o crescimento e lucratividade no ambiente empresarial.
O papel do líder no estímulo do bem-estar
A função do líder vai além de conduzir equipes na execução de tarefas para que elas sejam cumpridas com excelência. Na verdade, essa ação é resultado de um conjunto de práticas que, por meio de ferramentas da Neurociência, os líderes podem desenvolver estratégias mais eficazes para motivar, engajar e liderar suas equipes, criando ambientes de trabalho mais saudáveis.
O especialista em Neurociência sugere que os líderes:
- Criem sentimento de grupo: O líder deve promover a coesão e a identificação entre os membros da equipe. Isso pode ser alcançado por meio de uma comunicação clara, aberta e transparente, além de demonstrar respeito, empatia e apoio aos colaboradores. Pontos fundamentais para criar um ambiente de trabalho saudável e sustentável.
- Celebrem as conquistas: Reconhecer pequenas conquistas ajuda a criar um sentimento positivo e mantêm a motivação e engajamento da equipe.
- Tenham comunicação com clareza: Criar um ambiente onde os funcionários se sintam seguros para compartilhar ideias e preocupações. A comunicação eficaz é essencial para o sucesso de qualquer equipe. O líder deve ser claro, conciso e direto ao transmitir informações, metas e expectativas. Além disso, é importante ouvir atentamente as ideias e preocupações dos liderados.
- Ofereçam treinamento e desenvolvimento: Investir no aprendizado contínuo dos funcionários para aprimorar suas habilidades e conhecimentos.
Weider enfatizou durante o encontro que “desenvolver habilidades de liderança, como interesse genuíno pelas pessoas e comunicação clara, é fundamental para lidar com os desafios crescentes da liderança.”
Diferença entre a Rede de Tarefa Positiva e Rede de Tarefa Default e como ambas estimulam a criatividade
O coordenador Joe ressaltou que o líder deve possibilitar um ambiente favorável para os liderados alternarem entre estas redes cerebrais, essenciais para estimular o processo criativo e para o engajamento no trabalho de forma consistente, uma vez que sob estresse excessivo, os colaboradores ficam presos na Rede de Tarefa Positiva e limita o avanço da criatividade.
- A Rede de Tarefa Positiva é ativada quando estamos focados em uma tarefa e requer atenção e concentração. Associada ao foco, planejamento, execução e resolução de problemas. É importante estar nessa rede quando precisamos nos concentrar em uma tarefa específica.
- Já a Rede de Tarefa Default é ativada quando estamos em modo de descanso ou divagação mental. Campo para fazer livre associação de ideias e criatividade. É necessário sair da Rede de Tarefa Positiva e entrar nesta Rede, que pode ser feito por meio de atividades como:
Fazer pausas: Levantar, caminhar, fazer exercícios leves;
Praticar atividades relaxantes: Meditação, yoga, ouvir música;
Engajar-se em atividades criativas: Desenhar, escrever, tocar um instrumento.
Como ritualizar o feedback para os funcionários?
O feedback é essencial para o desenvolvimento dos funcionários, mas precisa ser dado de forma construtiva, o que não implica necessariamente em abordagem favorecida e sim em uma conduta a qual indique os pontos de melhoria para o liderado e em consequência disso, as expectativas com o desenvolvimento pessoal, com o objetivo de aumentar a produtividade e para que a confiança seja estabelecida.
Joe reforçou durante o encontro que ritualizar o feedback significa criar um processo regular para fornecer aos funcionários, meios para a potencialização de seus resultados, afinal, a mera pontuação de erros, sem a demonstração do que pode ser melhorado, minimiza o crescimento tanto do líder quanto do liderado.
A importância do autoconhecimento para o desenvolvimento profissional
O autoconhecimento é fundamental para que se o profissional possa entender seus pontos fortes, fracos, valores e motivações. Sem isso, o desenvolvimento é freado, em função da falta de direcionamento adequado, o que é um caminho lógico para o crescimento.
Ao desenvolver o autoconhecimento, os profissionais podem tomar decisões mais conscientes sobre suas carreiras e alcançar seus objetivos, não ficando fadados à estagnação profissional, com isso, pode se dizer que a jornada de autoconhecimento é de igual modo, uma jornada de desenvolvimento profissional.
Ficou evidente por meio dos insights fornecidos pelo Joe que a Neurociência pode ser usada não só para melhorar o engajamento, a criatividade e a produtividade dos colaboradores no ambiente de trabalho, como também para criar interações sociais positivas, reconhecimento e feedback, e criação de um ambiente de segurança mental.
Portanto, sétimo episódio do IPOG Cast esclarece a importância de entender as dinâmicas comportamentais dos liderados por meio do estudo da Neurociência e assim, alcançar resultados consistentes.