No post de hoje vamos falar de um assunto que ainda é muito temido por diversos profissionais: a reestruturação financeira. Administrar uma empresa requer um esforço gigantesco, afinal muitas são as funções e obrigações a serem cumpridas para que ela se mantenha. Imagine então administrar uma rede com 100 lojas e, para além disso, uma rede que se encontra em processo de Recuperação Judicial?
É, o cenário não é nada positivo. Para os leigos, uma empresa que se encontra em RJ requereu este processo para evitar a falência. Trata-se de um mecanismo que possibilita a organização redesenhar suas finanças, tentar a recuperação e controlar sua economia.
Foi exatamente este cenário que o Diretor Executivo e Professor IPOG, Marcelo Camorim, encontrou quando iniciou o trabalho de reestruturação de uma rede de farmácias em São Paulo. Há 30 anos na área de gestão de empresas, ele traz na bagagem esse case de sucesso, o qual fez questão de compartilhar.
(Confira o nosso webinar sobre Reestruturação Financeira: A necessidade de reinventar caminhos)
O papel de uma consultoria no processo de reestruturação financeira
Seu trabalho diz respeito, resumidamente, à profissionalização e reestruturação de empresas, isto é, de seus colaboradores. Sócio da Consultoria Fox Partners há 6 anos, empresa especializada em otimizar e aperfeiçoar modelos de gestão, Camorim iniciou, em conjunto com outros colaboradores, o processo de reestruturação da rede de farmácias, trabalho que durou um ano, realizado entre 2015 e 2016.
Após meses de trabalho, um plano de execução foi elaborado e dividido entre os sócios e colaboradores da empresa. Das 100 lojas, 47 foram fechadas antes mesmo da Consultoria iniciar o primeiro passo: o entendimento da real situação em que se encontrava a rede.
E essa primeira etapa é definida por Camorim da seguinte maneira: “Assim como um médico analisa um paciente para diagnosticar o problema, nosso trabalho busca verificar a gestão, avaliar a situação das lojas e conversar com os gestores para identificar os principais problemas e chegar a um diagnóstico”.
A partir disso, no dia a dia, foi possível verificar a profundidade desses problemas e a forma como afetavam o rendimento das farmácias.
Dessa forma, atestou-se que a rede não possuía uma política de pagamento adequada, não havia fluxo de caixa e nem meta de venda, não existia um acompanhamento seguro e eficaz de loja e a rede ainda enfrentava problemas com fornecedores que não depositavam credibilidade na empresa.
Além disso, outros pontos negativos foram apontados, tais como:
- Falta de indicadores de acompanhamento de vendas;
- Falta de controle do faturamento diário;
- Ausência de organização de estoque e problemas de qualidade e quantidade;
- Número alto de funcionários e resultados insatisfatórios.
Para tanto é que a consultoria representou uma escolha assertiva dos proprietários da rede. Em três meses de trabalho, período em que se pôde apontar as falhas na gestão, iniciou-se a implantação de conceitos e ferramentas fundamentais para o processo de reestruturação.
Medidas adotadas:
- Reuniões periódicas com gerentes e demais colaboradores para discussão dos resultados;
- Treinamentos desses profissionais para gestão do número;
- Realização de fóruns de discussões e apresentação de resultados entre colaboradores de todos os departamentos (compras, marketing, estoque, financeiro e etc);
- Organização e controle de estoque, afim de evitar rupturas (falta de produto) e garantir os itens mais vendidos;
- Reorganização do quadro de funcionários a partir de análises e, consequentemente, demissões;
- Realização de conselhos com diretores da Consultoria e gerentes das lojas para apresentar resultados e propor novos objetivos;
Camorim explica que a consultoria tem por objetivo executar todo o trabalho, além de profissionalizar os próprios colaboradores para que estes não dependam da metodologia de reestruturação ora implantada. Nesse sentido, os treinamentos são realizados desde o início do projeto.
No entanto, são nos últimos meses de trabalho que o “bastão” é passado definitivamente. É um momento de, aos poucos, deixar que o trabalho seja dirigido exclusivamente pelos gestores. “O objetivo é garantir a perpetuidade, fazer com que a própria equipe e seus gestores se cobrem, administrem e conquistem resultados sozinhos”, explica.
A partir de todo esse trabalho, Camorim pôde diagnosticar que das lojas ainda abertas, 36 apresentavam resultados negativos, isto é, não se sustentavam sozinhas e dependiam do faturamento das demais 17 lojas que resultavam planilhas positivas para se manterem de pé.
Resultados
Com todo o trabalho de reestruturação e cumprimento das metas, após um ano intenso de consultoria, foi possível mensurar os resultados, os quais estão listados abaixo:
- Aumento de confiança dos credores e fornecedores que acompanharam o processo de profissionalização da rede;
- Quitação de dívidas e pagamento dos mais de 250 profissionais dispensados;
- O resultado econômico de 12% negativo passou para 8% positivo, uma virada de 20% no controle econômico de toda rede;
- Abertura e manutenção de uma poupança da empresa para os momentos críticos;
- Aumento da confiança por parte de clientes e colaboradores a partir do trabalho de endomarketing;
- Estoque organizado e controlado para evitar rupturas, dentre outros.
Após mais de um ano da finalização dos trabalhos, Camorim diz que a rede continua firme, com todos os conceitos e ferramentas sendo seguidos pelos gestores e demais colaboradores. Nesse sentido, ele destaca o quão importante foi realizar um trabalho como este, principalmente por se tratar de uma grande empresa* em situação de RJ.
Estar preparado para o mercado: eis o caminho!
Aluno IPOG e Consultor Empresarial da Fox Partners, David Christopher participou do processo de reestruturação dessa rede de farmácias. Com o intuito de estar preparado para os desafios do mercado, ele concluiu duas pós-graduações nas áreas de gestão de projetos e controladoria e finanças, mas a experiência não foi muito positiva. Ele explica que existe uma grande diferença no que é ensinado nas salas de aula e no que realmente se vive no mercado de trabalho.
Foi então que ele teve a oportunidade de atualizar os estudos nessas áreas no programa de pós-graduação do IPOG. Prestes a finalizar o MBA Gestão e Negócios, Controladoria e Finanças Corporativas, ele explica que o curso trouxe novas possibilidades e vai de encontro ao que o mercado exige atualmente.
“Quando você sai da faculdade existe a ilusão de que você está preparado, mas não está. E o IPOG me proporcionou essa qualificação. Já consigo aplicar muitas ferramentas no meu dia a dia e hoje sinto que eu consigo levar a solução que o meu cliente deseja”, afirma.
Dicas importantes!
Para quem deseja atuar na área ou para quem já se encontra neste campo de trabalho, David aponta alguns passos que podem ajudar na construção da carreira e na qualificação profissional, a qual também passa pelo crescimento pessoal. Sem mais delongas, seguem as dicas;
- Tenha ambição de conhecimento! Busque se qualificar em cursos de pós-graduação e esteja antenado ao que o mercado exige.
- Esteja preparado para usar diversas ferramentas essenciais, começando pela mais básica que é o Excel.
- Dê atenção ao comportamento! Hoje as empresas contratam pela competência, mas elas demitem por causa do comportamento. Por isso, tenha postura e sempre demonstre respeito.
- Tenha disciplina! É importante ter foco no trabalho e fazer acontecer. O mercado está cheio de faladores, o que as empresas querem são fazedores, profissionais que entregam resultados e fazem acontecer!
Gostou do conteúdo? Temos também um material muito interessante que aprofunda o tema sobre Recuperação Judicial e elucida sobre os passos mais importantes para manter uma empresa longe dela! Acesse e confira as orientações que podem evitar a RJ!
*O nome da rede não foi revelado em respeito ao anonimato estabelecido nos contratos de serviços da Consultoria Fox Partners com seus clientes.