Parentalidade moderna: A criança de hoje, o mundo de amanhã

A parentalidade moderna envolve muito mais do que apenas cuidar dos filhos; ela exige uma combinação de responsabilidades emocionais, educativas e tecnológicas, desafiando os pais a encontrarem o equilíbrio em um mundo cada vez mais acelerado e digitalizado.

Com o avanço das tecnologias e mudanças sociais, os pais precisam adotar novas abordagens para criar ambientes familiares saudáveis que favoreçam o desenvolvimento das crianças e que transformem o futuro das próximas gerações.

A necessidade de equilibrar o tempo de tela com atividades que promovam o desenvolvimento emocional e cognitivo é um ponto central na criação de uma abordagem parental saudável.

Além das questões tecnológicas, a parentalidade também se concentra na saúde emocional dos pais, que tem um efeito direto no bem-estar das crianças. Afinal, parentalidade é mais sobre os pais do que sobre os filhos.

De acordo com um estudo recente publicado na Frontiers in Psychology em 2023, crianças criadas em ambientes neuroconscientes, ou seja, onde os pais estão atentos ao desenvolvimento cerebral infantil e suas necessidades emocionais, apresentam níveis significativamente menores de ansiedade e depressão.

A pesquisa revelou que práticas parentais que consideram as necessidades neurológicas das crianças, como o suporte afetivo, contribuem para uma base psicológica mais sólida, prevenindo transtornos emocionais ao longo da vida.

Isso destaca a importância da orientação parental e do papel ativo dos pais na construção de um ambiente familiar saudável e emocionalmente equilibrado. Sendo assim, acompanhe neste artigo os principais desafios e tendências da parentalidade moderna, e descubra como os princípios teóricos e práticos relacionados à parentalidade e novas abordagens educativas podem aprimorar habilidades na criação dos filhos.

O que é a parentalidade moderna?

A parentalidade moderna se distingue por integrar novos papéis e responsabilidades que vão além dos cuidados básicos com os filhos, focando principalmente no desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças.

Diferente das abordagens tradicionais, a parentalidade moderna busca equilibrar as necessidades emocionais e de desenvolvimento dos filhos com as demandas da vida familiar e profissional, refletindo os desafios únicos do mundo contemporâneo.

Entre esses desafios, destacam-se a importância de uma comunicação parental eficaz e o impacto crescente da tecnologia nas dinâmicas familiares, que exigem novas estratégias para preservar o vínculo entre pais e filhos.

Além disso, a parentalidade moderna também envolve uma compreensão mais profunda de realidades como a parentalidade homoafetiva, garantindo que todos os tipos de famílias recebam o suporte necessário para promover um ambiente saudável e inclusivo.

Questões como o controle de desafios emocionais, a aplicação de estratégias de educação positiva, e o suporte em momentos de luto ou transições importantes, como separações, são temas centrais que merecem atenção especial nessa abordagem, oferecendo soluções práticas e empáticas para o bem-estar familiar.

Segundo o coordenador do curso de parentalidade do IPOG, Lucas Dannilo, a parentalidade moderna surge para “atender à crescente demanda por um entendimento profundo e estruturado sobre os desafios e responsabilidades que os pais enfrentam hoje”.

Entre os elementos que definem a parentalidade moderna, destaca-se:

  • A educação positiva: Em vez de punir, ela visa ensinar os filhos a lidarem com emoções e comportamentos de maneira construtiva, promovendo a autorregulação e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
  • A parentalidade consciente: desempenha um papel crucial, pois incentiva os pais a adotarem práticas mais reflexivas, reconhecendo a singularidade de cada criança e promovendo um ambiente de crescimento saudável.

Crianças x telas: Os desafios da parentalidade na era digital

Um dos maiores desafios da parentalidade moderna é o impacto crescente da tecnologia na vida familiar. O uso desenfreado de dispositivos eletrônicos, como smartphones e tablets, por crianças e adolescentes, exige dos pais uma gestão consciente e equilibrada do tempo de tela e da qualidade dos conteúdos acessados, dado que o uso excessivo pode acarretar prejuízos.

Essa questão vai além do simples controle de horários, envolvendo a necessidade de os pais compreenderem como a exposição excessiva a telas pode interferir  no desenvolvimento mais adequado da cognição, do emocional e social dos filhos. O desafio se torna ainda maior quando consideramos o ambiente digital altamente estimulante e, muitas vezes, pouco supervisionado.

Segundo especialistas, as consequências do excesso de exposição a telas digitais incluem:

  • Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);
  • Linguagem – atraso no desenvolvimento da fala;
  • Qualidade do sono;
  • Desenvolvimento cognitivo.

Para o doutor em psicologia, Lucas, “os impactos das novas tecnologias no desenvolvimento infantil exigem estratégias eficazes para promover um uso consciente e saudável”, afirma.

Entre as estratégias estão a criação de rotinas familiares que envolvam momentos longe das telas, incentivando atividades que estimulem a interação social e o desenvolvimento cognitivo.

Além disso, os pais devem estar atentos aos conteúdos acessados pelos filhos, garantindo que sejam apropriados para suas idades e que favoreçam o aprendizado positivo.

Com isso, a parentalidade moderna requer que os pais se posicionem não apenas como controladores, mas como guias no mundo digital, ajudando as crianças a desenvolverem uma relação saudável com a tecnologia.

A Importância da inteligência emocional na criação dos filhos

A inteligência emocional é uma das competências mais essenciais na parentalidade moderna, pois permite que pais e mães não só compreendam e gerenciem suas próprias emoções, como também ensinem aos filhos como lidar com seus sentimentos de forma saudável.

Na criação dos filhos, essa habilidade é crucial para criar um ambiente de segurança emocional, no qual as crianças se sintam confortáveis para expressar suas emoções sem medo de julgamento.

Lucas ressalta que “pais emocionalmente equilibrados são mais aptos a criar um ambiente familiar saudável, o que é fundamental para o desenvolvimento emocional das crianças, especialmente na primeira infância.”

Além disso, ao desenvolverem sua própria inteligência emocional, os pais estão melhor preparados para lidar com desafios comuns da criação, como frustrações e conflitos, de maneira mais empática. Isso reflete diretamente na educação emocional dos filhos, que aprendem, por observação, a controlar suas emoções em situações difíceis.

A capacidade de se comunicar de forma assertiva e respeitosa é uma consequência desse processo, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos familiares. Segundo Dannilo, “os pais devem ser o exemplo, mostrando aos filhos que é possível enfrentar as dificuldades de forma equilibrada e construtiva”.

Como encontrar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Encontrar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um dos maiores desafios da parentalidade moderna. Com o aumento das jornadas de trabalho e a pressão por resultados no ambiente corporativo, muitos pais enfrentam dificuldades para dedicar tempo de qualidade à criação dos filhos.

Essa realidade exige uma adaptação constante, onde os pais precisam desenvolver estratégias que permitam conciliar suas obrigações profissionais com o cuidado e a educação das crianças.

“Estratégias como estabelecer prioridades, criar rotinas familiares que incluam tempo dedicado à interação com os filhos e a prática de mindfulness são abordadas como formas de equilibrar essas demandas e promover um ambiente familiar mais conectado e harmônico”, pontua o especialista em neuropsicologia, Lucas.

Além disso, estabelecer horários fixos para refeições, brincadeiras e momentos de interação ajuda a garantir que, apesar da correria do dia a dia, os filhos tenham a atenção necessária para seu desenvolvimento emocional.

Em um mundo repleto de demandas, definir o que é realmente importante ajuda os pais a tomar decisões mais assertivas e reduzir o estresse causado pela sobrecarga de tarefas.

Priorizar o bem-estar familiar e buscar um alinhamento entre as expectativas profissionais e pessoais pode ser a chave para uma parentalidade mais saudável e eficaz. Profissionais da área, como psicólogos e educadores, também podem se beneficiar dessas práticas ao orientar as famílias em sua jornada de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Tendências atuais na parentalidade

Entre as principais tendências na parentalidade moderna, destaca-se a educação positiva, que rejeita tanto a punição severa quanto a permissividade, promovendo uma criação baseada no respeito mútuo, no acolhimento e no desenvolvimento da autonomia infantil.

Os benefícios da educação positiva incluem:

  • Melhora do relacionamento: Fortalece os laços entre pais, professores e crianças
  • Desenvolvimento da autoestima: As crianças se sentem mais confiantes em suas habilidades e capacidades;
  • Maior autonomia: As crianças aprendem a tomar decisões responsáveis e a resolver problemas;
  • Melhora do comportamento: As crianças se sentem mais motivadas a seguir as regras e a colaborar;
  • Aprendizado mais eficaz: As crianças se tornam aprendizes mais engajados.

Um marco recente dessa tendência foi a sanção da Lei nº 14.826/2024 no Brasil, que institui a parentalidade positiva e o direito ao brincar como ferramentas de prevenção à violência contra crianças. Essa legislação reforça o dever do Estado, das famílias e da sociedade de promover uma educação não violenta e oferecer suporte emocional adequado para crianças de até 12 anos de idade.

Importância dos educadores parentais na sociedade

Criar filhos não é uma tarefa fácil, diante de desafios como a crescente das redes sociais, o papel dos educadores parentais se torna cada vez mais relevante. Profissionais capacitados podem ajudar as famílias a enfrentarem questões como o equilíbrio emocional – uma vez que houve um aumento no reconhecimento da importância da saúde mental e emocional das crianças.

Nesse contexto, a Pós-graduação em Parentalidade oferecida pelo IPOG pode ajudar profissionais a adquirem as ferramentas necessárias para transformar desafios em oportunidades, oferecendo um suporte eficaz às famílias diante das complexidades do mundo atual.

Na especialização, os alunos terão a chance de explorar temas emergentes, como Neurociência Aplicada à Parentalidade, Parentalidade Homoafetiva, Transtornos do Neurodesenvolvimento e Psicologia do Luto Infantil, que são essenciais para a atuação de educadores parentais preparados para atender às demandas da sociedade contemporânea.

“Os alunos formados nesse curso poderão atuar em diversas áreas, como consultorias familiares, orientação parental, escolas, serviços de saúde mental, além de intervenções em políticas públicas voltadas para a família e a infância, contribuindo diretamente para o bem-estar das novas gerações”, destacou Lucas, coordenador da especialização do IPOG.

Nesse sentido, os educadores parentais desempenham um papel crucial na construção de lares emocionalmente saudáveis. Ao se especializarem, esses profissionais se tornam agentes transformadores, preparados para garantir o desenvolvimento das novas gerações.

Seja você da área de pedagogia, psicologia, medicina ou terapia ocupacional, a especialização em Parentalidade do IPOG te oferece uma formação completa e atualizada, permitindo que você atue de forma integral na promoção do desenvolvimento infantil. Inscreva-se agora e faça parte dessa transformação!

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