Você tem acessado o Facebook com a mesma frequência do que há três anos atrás? Se sua resposta é não e se você já nem usa mais a rede social, saiba que não está sozinho. Outros 2,8 milhões de usuários com menos de 25 anos deixaram de usar a plataforma no ano passado, isto somente nos Estados Unidos.
A informação foi divulgada pela eMarketer, uma empresa que mede audiências digitais. O Facebook esperava que a queda fosse apenas de 3,4% dentro desse grupo etário, no entanto a porcentagem foi de 9,9%, três vezes maior que o estimado.
2018, por sua vez, também iniciou com estimativas negativas. Ainda segundo a eMarketer, espera-se que outros 2,1 milhões de usuários norte-americanos deste mesmo grupo abandonem o Facebook até o fim do ano. E ao que se deve esse declínio?
De acordo com o professor do MBA Marketing e Inteligência Digital do IPOG, Jayme Diogo, esta diminuição no número de usuários do Facebook deve-se ao fato do público migrar de plataformas. “Trata-se de um público muito sensível, alvo de grande parte das empresas, uma geração que já nasce conectada”, afirma.
Nesse sentido, ao considerar o grupo etário citado acima, qualquer motivo “fútil”, seja uma funcionalidade que foi removida, torna-se motivo para que a migração ocorra para outras plataformas, as quais podem ser totalmente desconhecidas. “Membros desse grupo etário vão deixando de utilizar a rede de acordo com o que ela deixa de oferecer”, diz.
O que o futuro reserva para o Facebook?
Jayme acredita que a tendência é que a rede social continue a cair. “Quem não evolui com o mercado fica para trás, foi assim com o MySpace, com o Flogão e foi assim com o Orkut, agora vemos um movimento parecido afetar o Facebook”, afirma.
Daqui alguns anos, ouvir que o Facebook será encerrado não será uma surpresa, como afirma o professor. “Não me assustaria, porque isso realmente pode acontecer, não nas mesmas proporções que o Orkut, mas a tendência é o público buscar outras formas de entretenimento, pois as redes já estão banalizadas”.
Escândalo que afetou a rede social
Em março, o mundo acompanhou a polêmica envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica, uma empresa de mineração e análise de dados para campanhas políticas, que teve acesso aos dados de 50 milhões de usuários da rede social, de forma que tanto o Facebook quanto seus usuários foram enganados.
O Facebook acusou a Cambridge de ter comprado dados dos usuários da plataforma de forma ilegal para usá-los na campanha política de Donald Trump e do Brexit. O Estados Unidos entrou com investigação sobre o uso de dados de usuários da rede, o que representa um dos maiores escândalos envolvendo o Facebook.
O caso trouxe impactos negativos à Bolsa de Valores, o que gerou uma queda de 6,72% nas ações no primeiro dia de negociação após o escândalo ter sido anunciado. Além disso, o movimento #deleteFacebook foi criado para incentivar os usuários a deixarem a rede social.
87 milhões de pessoas em todo o mundo podem ter tido suas informações compartilhadas, sendo 443 mil no Brasil. Alguns países, como Indonésia e Austrália anunciaram também que investigarão o Facebook por conta do escândalo. A Justiça Federal, por sua vez, multou a operação brasileira da rede social em R$ 111,7 milhões.
Quais desafios estão postos?
Hoje, o Facebook precisa assumir que errou e encarar as consequências, como aponta Jayme. Algo que a plataforma já tem feito desde que o escândalo de vazamento dos dados veio à tona. “Além disso, deve cuidar mais do que nunca do usuário, a pessoa que realmente utiliza a plataforma”, afirma.
Outro ponto importante, como aponta o professor, é que diante deste cenário é preciso dar um bom respaldo para os anunciantes que fazem o dinheiro movimentar dentro da rede. “No mais, dar satisfações para todos, além de adotar uma política mais firme de transparência, mostram que o Facebook se preocupa com o seu cliente”.
Um consumidor cada vez mais exigente
O Facebook perdeu milhares de usuários e tem apontado quedas significativas em distintas áreas. Deste modo a rede também precisa saber lidar com um público cada vez mais tecnológico, exigente e que tem mudado as formas de consumir internet e produtos nessa rede.
“Ao mesmo tempo que as evoluções tecnológicas acontecem o cliente também evolui e traz consigo uma bagagem técnica muito maior e com facilidade em avaliar o que na rede traz retorno, seja financeiro ou seja do bem mais valioso, o tempo”, pontua.
Por fim, ele conclui: “ninguém quer perder mais tempo, internet não é mais novidade, é necessidade, e quem ganha o cliente é aquele que, cada vez mais, oferece soluções e, ao mesmo tempo, entretenimento sadio, que agrega tempo, segurança e produtividade”.