O que é Educação?
2 minutos de leitura

O que é Educação?

Dia da Educação: momento para refletirmos sobre como podemos fazer conviver, na pós-modernidade, os recentes avanços tecnológicos e metodológicos com a urgente necessidade de humanizarmos a vida em sociedade. Basta evocar o nome científico de nossa espécie para percebermos como estamos distantes ainda de uma educação ideal: a tradução do termo latinoHomo Sapiens é Homem Sábio.

Penso que um bom ponto de reflexão para os educadores contemporâneos é aceitarmos humildemente, pela simples força dos fatos, que não nascemos humanos. Somos sim, na melhor das hipóteses, humanizáveis.

Pesquisadores respeitados, de Piaget a Howard Gardner, têm dito que:

  • Toda criança nasce egocêntrica.
  • O egocentrismo infantil é caracterizado pela incapacidade de aceitar pontos de vista diferentes do seu próprio como válidos (ops! não me parece que somente as crianças sofram dessa triste limitação).
  • Alcançar a maturidade psíquica significa libertar-se paulatinamente de uma percepção egocêntrica, abrindo o coração e a mente para abraçar as diferenças e, finalmente, a humanidade inteira.

Uma educação que não desperte a sensibilidade, que não desenvolva as forças de caráter, que não abra ao aluno os leques de suas próprias inteligências e talentos, que não o situe no mundo para cumprir um propósito nobre pelo uso de sua capacidade criativa, sem jamais perder o senso crítico e a autonomia de pensamento, não pode ser chamada de educação. É, no máximo, o que se convencionou chamar de ensino. Ensino temos muito, educação temos bem pouca.

Lembro-me que, com assombro, terminei de ler, aos dezesseis anos, a famosa obra de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo”. Naquele distante 1981 me perguntava: “Será que chegaremos a isso? Seremos algum dia uma humanidade servil e pacata, um tanto idiotizada, em que todos alcançarão um certo grau de conforto e anestesia química, e, apesar de toda a tecnologia e até mesmo com a ajuda dela, ganharemos a feição comportamental dos rebanhos bovinos, e desperdiçaremos nossos melhores potenciais de amor e de liberdade a serviço de um sistema frio e destituído de sentido, seja ele Estatal ou Empresarial?

Trinta e quatro anos depois tenho a sensação de que esse fantasma ainda ronda as novas gerações (incluo aqui as sempre incômodas estatísticas de suicídio juvenil), e sofro com a consciência de que a maior responsabilidade por esse perigo é toda nossa, porque ainda não tivemos a coragem nem a competência para reconceituar o termo educação, e o pior: não fomos sequer capazes de realizar aquilo que anunciamos como nossos objetivos dentro de um conceito já ultrapassado. No Brasil, parece que a meta de universalizar o alfabetismo funcional ou a melhoria de alguns indicadores em concursos essencialmente cognitivos resume nossa ambição, quando ela deveria ser aquela do saudoso e querido Rubem Alves, um incansável poeta-provocador de todos nós, educadores: “educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu”.

Artigos relacionados

9 benefícios incríveis da gamificação na educação Antes de falarmos da gamificação na educação, precisamos perguntar: você sabe o que é a gamificação? https://www.youtube.com/watch?v=l_Vsm67oYqE É uma técnica que adapta conceitos e ideias do universo dos jogos para o mundo real, com o objetivo de incent...
4 motivos que vão te fazer entender porque você precisa voltar a ler hoje mesmo Por meio da leitura temos a chance de viajar sem sair do lugar, fantasiar histórias, e por que não dizer que podemos até conhecer o mundo? Seja a história fictícia ou real, só depende do limite da sua imaginação através das palavras de um livro. Saber história...
Diplomas não certificados pelo MEC: quanto vale um sonho? No dia 27 de janeiro de 2019, o programa Fantástico, da TV Globo, apresentou uma reportagem investigativa sobre os cursos não certificados pelo Ministério da Educação - MEC que vêm “fazendo vítimas” no interior do país. No programa, algumas instituições fra...

Sobre Luciano Alves Meira

Formado em Letras e Especialista em Liderança e Gestão Organizacional; já treinou líderes de diversas grandes empresas, a exemplo de: Volkswagen, Embraer, Kimberly Clark e Faber Castell; coordenador do curso de MBA Executivo em Liderança & Gestão Organizacional (FranklinCovey) e do Curso de Curta Duração de Liderança Integral do IPOG, onde também atua como Diretor de Metodologia; Sócio Fundador da Caminhos Vida Integral.