O que você sabe sobre o futuro da Engenharia Civil no Brasil em 2018?

Two experts engineers in protective helmets and fluorescent vests showing the construction site and building activities after the successful project phase. Image taken with Nikon D800 and 85mm developed from RAW in XXXL size, in Novi Sad, Serbia, Central Europe, Europe

O cenário para o futuro da engenharia civil no Brasil ainda é desafiador. Mas para os especialistas nesse mercado, 2018 tem tudo para ser um ano de reação, ou pelo menos, de início dela.

Para entender melhor o porquê dessa possibilidade, convidamos o professor de Pós-Graduações do IPOG, Gilberto Porto, que atua com consultorias e estuda bastante sobre os aspectos competitivos desse mercado. Veja o que ele pensa sobre o assunto.

Futuro da Engenharia Civil: o que é importante considerarmos…

Para Gilberto Porto, antes de abordar o futuro da engenharia é preciso fazer um apanhado do que vem acontecendo, uma análise sobre a atual conjuntura econômica do país. Já que não dá pra analisar um setor apenas sem antes entender o quadro geral.

Nesse sentido, o professor do IPOG levou primeiramente em consideração o perfil de consumo das famílias brasileiras.

Ele afirma, que segundo pesquisas, as famílias gastam geralmente na seguinte sequência de prioridades:

  1. Alimentação;
  2. Saúde (remédios, médico, hospital,etc);
  3. Vestuário;
  4. Eletroeletrônicos (televisores, celulares, computadores, etc);
  5. Automóveis;
  6. Moradia (casa própria)

Essa hierarquia demonstra do que o brasileiro logo abre mão em momentos de crise. Ou seja, ele não vai deixar de comer ou de cuidar da saúde, por exemplo.

Além disso, Gilberto Porto explica que essa ordem de priorização se reflete em vários estudos desenvolvidos inclusive pelo IPEA. Por isso, vários indicadores de tendência do desenvolvimento da economia são avaliados pelo nível de consumo ou crescimento das indústrias e segmentos empresariais desses setores. Ex.: dados sobre o aumento de consumo ou vendas de automóveis, sobre eletroeletrônicos e etc.

“É por isso também que a gente escuta muito que a construção civil é a primeira a sentir a crise e a última a sair dela”, explica o professor. Segundo ele, em momentos econômicos difíceis, a primeira decisão é paralisar as obras. Com isso, a venda de materiais cai, os estoques aumentam…

E pra reagir também demora, pois tanto o empresário do ramo como a pessoa que constrói, precisam se sentir confiantes novamente para voltarem a fazer investimentos.

PIB e a Construção Civil

Um outro termômetro importante para pensar no futuro da engenharia civil é fazer a análise do PIB nacional. Em 2015 e 2016 os resultados do PIB Brasileiro foram os piores da história do país, segundo Gilberto Porto. Em 2015, o PIB foi -3,9 e o de 2016, -3,6. Ou seja, um somatório de -7,5 de encolhimento na economia. “Isso é característica de economia de países em gerra”, alerta o professor.

Por isso, esses números trouxeram fortes reflexos sobre o futuro da engenharia e da economia como um todo em 2017 no Brasil.

No gráfico acima, é possível perceber como o PIB da Construção Civil acompanha o PIB Nacional, lembrando os ciclos senoides que fazem parte da natureza da Engenharia. Ou seja, quando o PIB está em alta, a Construção Civil o acompanha. E em momentos de crise, o setor também declina. Os dados são da CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Mas calma! Daqui pra frente o futuro da engenharia civil pode mudar

Isso mesmo. Apesar do passado recente complicado, Gilberto Porto aponta alguns indicadores positivos para animar o mercado.

1) Desempenho IBOVESPA

Ao longo de 2017, o professor chama a atenção para esse que é o principal índice acionário brasileiro, o qual reflete o mercado, o dinheiro que segue rumo ao setor produtivo. A valorização foi de 26,3%. Além disso, vem sendo observado um acúmulo de níveis recordes na casa de 84.000 pontos.

“Isso se reflete em queda na inflação, queda nos juros e mais dinheiro sendo destinado para o setor produtivo“, aponta o professor.

2) PIB 2018

A expectativa para 2018 é de um crescimento do PIB entre 2,7% e 3%. Para o professor, estes índices refletem confiança principalmente por parte do setor produtivo.

Ou seja, baseado no gráfico que vimos anteriormente sobre como a Construção Civil acompanha o PIB, se a perspectiva é de crescimento, a tendência é de crescimento também para a engenharia.

Perspectivas para o futuro da engenharia civil no mercado imobiliário

De acordo com Gilberto Porto, durante uma entrevista no final de 2017, o presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins, destacou uma expectativa de crescimento e de retomada das obras e projetos que foram paralisados nos anos anteriores por causa da crise. Isso depende diretamente do acesso ao crédito para os compradores e de segurança jurídica de que os contratos serão respeitados.

Gilberto Porto avalia que essa sensação de o mercado está reagindo deve começar a ser sentida apenas dentro de 5 ou 6 meses. Ele ainda afirma que o grau de maturidade do setor será maior.

“As empresas vão estar mais atentas e responsáveis durante o lançamento e quem está comprando também vai ser mais cauteloso”

Ele ainda lembra que a crise nos ensina muita coisa. O momento de estresse faz com que todos aprendam com as dificuldades. Por isso nesse momento de reação, o professor do IPOG acredita que todos serão mais cautelosos, vão se basear mais em dados. Tanto para lançar novos produtos, como para estipular preços e fazer novos investimentos. O consumidor vai estar de olho nas promessas feitas pelas empresas para saber se elas realmente têm condições de cumprir e entregar os imóveis.

Continue acompanhando o blog IPOG, aqui vamos trazer mais dicas sobre as perspectivas para o futuro da engenharia civil. Aproveite também ler o nosso ebook gratuito sobre 7 erros cometidos na implantação de um sistema de gestão da qualidade na construção civil.

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Gilberto Porto: Professor IPOG em várias Pós-Graduações de Engenharia, Engenheiro Civil, Especialista em Planejamento Estratégico Empresarial e em Gestão Empresarial de Negócios. Atua na indústria da construção e no mercado imobiliário há 30 anos. Também atua em treinamentos e formação de equipes de alto desempenho.