Especialista alerta sobre os riscos de procedimentos estéticos realizados por profissionais não habilitados
Nos últimos anos, temos testemunhado um aumento preocupante de casos envolvendo procedimentos estéticos realizados por profissionais não habilitados, cuja única “formação” muitas vezes consiste em cursos rápidos que não abrangem o conhecimento científico e as habilidades necessárias para a atuação em saúde estética com segurança.
Recentemente, um trágico exemplo ilustra as consequências lamentáveis dessa prática. Um jovem brasileiro de 27 anos perdeu a vida após submeter ao peeling de fenol com uma pessoa sem formação nenhuma em estética, cuja certificação era um curso online de curta duração.
Quais profissionais podem atuar com saúde estética?
Segundo Lorena Lisita, Farmacêutica Esteta e professora na pós-graduação em Saúde Estética e Cosmetologia Avançada no IPOG, “profissionais da saúde, habilitados pelos seus Conselhos de Classe, como por exemplo Farmacêuticos, Biomédicos e Enfermeiros que cumpram suas regras e tenham título de especialista emitido por programa de pós-graduação lato sensu reconhecido pelo Ministério da Educação podem trabalhar com a saúde estética, desde que cumpra a legislações de cada conselho profissional”.
Em nota sobre o caso, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) salientou que “Cursos livres são cursos de atualização e aprimoramento. Mesmo que ofereçam certificado, estes não habilitam o aluno a exercer uma profissão. Essa diferença entre curso livre e profissionalizante deve ser respeitada e observada principalmente quando esses cursos livres são relacionados à área da saúde. Apenas podem atuar na área da saúde (o que inclui a saúde estética) pessoas com formação específica para o respectivo exercício de cada uma de suas profissões”.
Para Lorena, a crescente popularidade dos cursos rápidos online pode ser um fator alarmante. Muitas vezes, essas formações não fornecem a base teórica e prática necessária para realizar procedimentos complexos com segurança. “O curso rápido não habilita o aluno, o que habilita para o exercício legal da profissão é a pós-graduação na área de estética de acordo com a especificidade de cada Conselho de Classe na área da saúde”, destaca a docente.
Além disso, Lisita reitera que “os cursos livres são voltados para profissionais que já trabalham na área, que já são profissionais de estética e desejam se aperfeiçoar. Ou seja, a formação é voltada para quem já atua e não para quem não tem nenhum tipo de prerrogativa anterior, podendo se enquadrar, inclusive, como exercício ilegal da profissão.”
Riscos associados à prática ilegal em Saúde Estética
Profissionais capacitados em estética são aqueles que passam por anos de estudo, prática supervisionada e atualizações regulares, uma vez que “a formação na área vai muito além de técnicas superficiais; envolve compreensão profunda da anatomia, fisiologia da pele e protocolos de segurança. A falta dessa base sólida pode resultar em complicações sérias como infecções, queimaduras, cicatrizes permanentes e, em casos extremos, como o mencionado, até mesmo morte”, salienta Lorena.
Além dos riscos óbvios à saúde, a prática de estética por pessoas não qualificadas também gera impactos significativos no campo jurídico. O exercício ilegal da profissão é uma questão séria e pode acarretar consequências legais, tanto para o profissional quanto para quem oferece cursos não regulamentados.
Quais cuidados tomar ao escolher um profissional na área de estética?
A escolha do profissional para realizar qualquer tipo de procedimento estético não deve ser pautada em pesquisas rápidas nas redes sociais, tampouco pela quantidade de seguidores que o especialista possui. A segurança e bem-estar devem vir em primeiro lugar, pensando nisso, é indispensável a pesquisa completa tanto do profissional quanto da clínica, a fim de conhecer reputação, habilidades, conhecimentos e credenciais que o profissional escolhido possui.
Para evitar esses riscos, é crucial que os pacientes estejam plenamente informados sobre a qualificação dos profissionais que escolhem para seus procedimentos estéticos. Lisita aconselha que “os pacientes sempre verifiquem a formação do profissional, busquem recomendações e estejam cientes dos riscos associados a procedimentos estéticos mal executados.”
Já a Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos (ANESCO) recomenda que o consumidor procure profissionais que sejam totalmente habilitados e qualificados, e que solicite o diploma destes por meio de seu site, na aba ‘Encontre aqui um Profissional da Estética’.
De acordo com a ANESCO, são cadastrados no banco de pesquisa profissionais que estão totalmente legalizados, graduados, pós-graduados, mestres e doutores, com diversas especializações, aptos a praticarem tratamentos estéticos com total segurança.
Em suma, a história do jovem mencionada serve como um alerta dos perigos que podem surgir quando procedimentos estéticos são realizados por pessoas sem a formação adequada. Afinal, como alerta Lorena, “a estética é uma área que requer conhecimento profundo e responsabilidade ética. Não pode ser reduzida a cursos rápidos e métodos de aprendizado superficial, com riscos de colocar vidas em perigo.”