Um olhar elucidativo sobre o coaching
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Um olhar elucidativo sobre o coaching

A psicóloga e docente Cyndia Bressan é pesquisadora sobre as complexidades e particularidades humanas. Tendo conduzido sua atuação para o âmbito empresarial, Cyndia acumula em seu currículo consultoria a renomadas empresas do território nacional. Em 2017, ela se dedicou a uma imersão pela Europa, onde pode beber direto na fonte das seculares universidades conceitos inovadores sobre gestão da mudança, mentoria, coaching e psicologia organizacional. Pelo IPOG, ela está à frente da coordenação do MBA Gestão de pessoas por competências, indicadores e coaching.

A convite do IPOG, batemos um papo super produtivo com ela, para desvendarmos uma das maiores complicações da atualidade: a diferença entre coaching e terapia. Com a palavra, a mestre Cyndia Bressan.

IPOG – Qual a função essencial de um coach? Quais profissionais estão aptos a fazer a formação de coaching?

Cyndia Bressan – É importante lembrar que existem várias abordagens das escolas de coaching pelo mundo. Mas vamos nos ater ao básico da função: o coach tem como função principal identificar os estados atual e desejado pelo seu cliente, o que geralmente envolve uma meta. Para apoiá-lo a trilhar esse caminho, é preciso identificar quais são as suas dúvidas e angústias, para poder despertar sua vontade de mudar, e ajudá-lo com ferramentas apropriadas a chegar neste estado desejado.

Por não ser uma profissão reconhecida e regulamentada, mesmo com a existência de institutos e demais entidades representativas, ainda não há uma regulamentação específica ditando sobre quem pode exercer ou não o coaching. Então encontramos profissionais das mais diversas áreas de formação superior, e, até mesmo, quem não possui qualquer formação universitária, atuando no mercado. Isso é algo que acaba por comprometer a visão que se faz do profissional do coaching, pois vemos muitos casos de pessoas despreparadas se auto intitulando coach por ai.

IPOG – Por que as pessoas associam coaching à terapia? Exemplifique a diferença entre eles, por favor.

Cyndia Bressan – O mundo da terapia é bem abrangente envolvendo terapia ocupacional, fisioterapia, terapias holísticas, naturais, dentre outras. Em se tratando da psicoterapia estamos diante de uma área de atuação regulamentada, exercida por um profissional que se formou em Psicologia e, com isso, obteve as ferramentas, conhecimento científico e o treino das competências para ajudar o cliente a lidar com aspectos traumáticos e profundos como, por exemplo, distúrbios de personalidade.

Psicoterapia é uma área da Psicologia. Apenas os profissionais que a estudaram a fundo podem exercê-la. Eles possuem a formação e a regulamentação, código de ética da profissão e total aporte dos conselhos federal e estaduais, para trabalhar com esses assuntos.

IPOG – Quais as situações em que o coaching é aplicado, e em quais situações a terapia é recomendada?

Cyndia Bressan – O coaching é indicado quando a pessoa tem uma meta bem específica, e esse objetivo de vida deve ser visto do presente para o futuro. Ele é recomendado quando não se envolve necessidades ou demandas profundamente psicológicas para se atingir tal objetivo.

A psicoterapia, ao contrário, ela pode ajudar no desempenho do coachee porque a pessoa passa a ter a oportunidade de trabalhar mais profundamente questões existenciais, traumáticase dificuldades psicológicas. Com isso, ela ganha todo um alicerce necessário para alcançar o seu estado almejado, sua meta.

IPOG – Você acha que há uma banalização do coaching na atualidade? Que sua real função tem sido confundida pelas pessoas? Como fazer para que uma função tão importante não seja desvalorizada?

Cyndia Bressan – De uns anos para cá temos visto uma banalização do coaching porque muitas escolas ou pessoas, que nem sempre estão preparadas, aquelas que têm um viés muito mais comercial, entre outras características, começaram a formar pessoas em coaching e difundir conceitos e usos errôneos do coaching.

Como não há uma regulamentação, um código de ética em vigor, o próprio indivíduo que gostaria de atuar na área não sabe exatamente a quem recorrer. Ele não tem um único lugar que certifica, que dá notas para os melhores cursos, que tem critérios claros sobre isso. Então este é um mercado totalmente sem regulamentação.

Então, hoje em dia, qualquer pessoa pode fazer um curso qualquer, ou mesmo forjar um diploma, e se colocar como coach no mercado, achando que com isso poderá ajudar os outros, ou ter uma nova e rentável profissão.

Para barrar esse ciclo necessitaríamos de uma intervenção governamental no sentido de tornar o coaching uma profissão regulamentada, criar um conselho, estabelecer critérios, adotar uma prova certificadora, a apresentação de títulos válidos, ou seja, ações neste sentido. Ainda não vemos passos dados nesse sentido nem no exterior, muito menos no Brasil. Diante disso, o próprio mercado vai começar a ditar quais escolas e profissionais são sérios e dignos de reconhecimento.

IPOG – É possível identificar um profissional que se diz coach, mas não oferece o atendimento adequado? Como fazer para não ser vítima de falsos coachs?

Cyndia Bressan – Isso é muito difícil, mas podemos dar algumas dicas que podem ajudar. O que eu recomendo para quem vai procurar um atendimento do coach é: pesquise o histórico profissional e a formação acadêmica dele, quais são as escolas de coaching que ele se formou e há quanto tempo, se informe, leia os blogs das escolas para ver se têm a seriedade almejada e tente conhecer a verdadeira história dele. Desconfie de escolas de formadores focadas só para venda ou muito motivacionais, escolha uma escola séria que tenha formadores habilitados em escolas renomadas e que possuam várias certificações, que tenham tempo considerável de atuação. Levante a referência de ex clientes, o que essa pessoa tem escrito, postado.

IPOG -Quais os benefícios advindos de um coaching bem executado? Como ele pode enriquecer as experiências de quem procura seu auxílio?

Cyndia Bressan – Os benefícios de um coaching bem executado são enormes, pois ele ajuda o cliente a conquistar uma meta de vida. Como a minha experiência principal é com coaching executivo, sempre estamos em busca de uma meta profissional, partindo de onde o cliente está hoje, e tentando desvendar o que vem causando as angústias dele e o esta impedindo de chegar onde deseja. O coaching se foca no hoje, sem ir muito no passado, nos erros e acertos, mas pensando nas questões atuais e projetando para o futuro:

– onde ele quer estar; qual é sua meta de trabalho;

– quais são as suas dificuldades para chegar lá;

– o que pode ser melhorado nesta trajetória;

– aspectos positivos do indivíduo que ele pode lançar mão nesta trajetória;

– No que ele acredita para sua vida profissional.

Todos esses aspectos desenvolvidos juntos podem ajudar a fazer uma pesquisa mais ampla da atuação de mercado do coachee, para que ele possa se posicionar melhor, entender melhor a sua marca pessoal e a sua competência diferenciada. Tudo isso vai ajudá-lo a realizar em suas metas. Com isso, ele vai se sentir também mais feliz e irá aumentar o seu bem estar a medida que ele se encontra e passe a exercer uma profissão que ele goste, que ele acredite que possa extrair 100% das suas oportunidades.

Gostou do tema? Que tal ler uma entrevista completa que preparamos sobre a diferença entre o coach e a psicoterapia!

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Sobre Curadoria - Cyndia Bressan

Mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de Brasília/UnB. Possui graduação e licenciatura em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará/UFC. Atualmente é docente, coordenadora dos cursos: MBA Gestão de Pessoas por Competências e Coaching; MBA Gestão de Pessoas por Competências, Indicadores e Resultados do IPOG