Descubra o poder do neurodesign na criação de espaços emocionalmente ricos
Há espaços que acolhem e outros que afastam, mesmo sem sabermos bem o motivo. Entramos, olhamos em volta e sentimos – algo ali desperta calma, leveza, curiosidade. O neurodesign nasce exatamente dessa percepção: compreender o que o cérebro capta, mesmo quando a consciência ainda não percebe.
Ao unir neurociência, design e psicologia ambiental, essa abordagem mostra que projetar não é apenas criar formas ou escolher cores, mas construir experiências emocionais intencionais. É desenhar para o que sentimos e não apenas para o que vemos.
Continue a leitura e descubra como o neurodesign pode transformar a forma de criar espaços, despertando emoções positivas e conexões profundas entre pessoas e ambientes.
O que é neurodesign e por que ele muda a forma de projetar
O neurodesign parte de uma pergunta simples e poderosa: como o espaço influencia nossas emoções, comportamentos e decisões?
Diferente do design tradicional, que se guia sobretudo pela estética e pela funcionalidade, o neurodesign aplica conhecimentos sobre o funcionamento cerebral para criar ambientes que promovem bem-estar, foco, pertencimento e conexão.
Segundo o arquiteto Lorí Crízel, presidente da ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture) no Brasil, professor do Politecnico di Milano (Milão/Itália) e coordenador dos cursos de Neuroarquitetura do IPOG, a neurociência funciona como uma ciência de base que ajuda a racionalizar processos antes intuitivos.
Aquilo que antes se explicava por “bom gosto” ou “sensação agradável” hoje é compreendido como uma resposta neurológica mensurável, resultado da interação entre luz, textura, forma, som e emoção.
Ou seja, o neurodesign transforma o “achismo estético” em um processo consciente, baseado em evidências.

Louvre Abu Dhabi (Jean Nouvel) – Abu Dhabi, EAU / © TDIC – arquivo ArchDaily
A ciência por trás do neurodesign
A neurociência já comprovou que o ambiente pode ativar – ou inibir – regiões cerebrais responsáveis por prazer, foco e calma.
- Luz natural regula o ritmo biológico e melhora a memória;
- Cores despertam associações emocionais;
- Formas curvas transmitem segurança, enquanto as pontiagudas ativam o estado de alerta;
- Texturas e cheiros evocam lembranças e sentimentos afetivos.
Ou seja, cada detalhe comunica algo ao cérebro, mesmo quando não nos damos conta. Por isso, espaços planejados com consciência neurocientífica podem reduzir o estresse, aumentar a dopamina e favorecer a empatia.
O espaço não é neutro, ele pode adoecer ou restaurar, bloquear ou impulsionar pessoas. Essa é a essência do neurodesign: projetar para sentir, não apenas para ver.
Como o neurodesign cria espaços emocionalmente ricos
1- Estímulos sensoriais e conexão emocional
A experiência de um ambiente acontece em camadas: o olhar reconhece, o corpo sente e o cérebro reage. O neurodesign busca esse equilíbrio sensorial, um espaço que estimula sem sobrecarregar.
Por exemplo, sons suaves, luz difusa e texturas naturais ajudam a reduzir o cortisol e a criar conforto afetivo. Um toque de madeira, o reflexo da luz sobre um tecido, o som filtrado de uma fonte… tudo isso informa ao cérebro que aquele lugar é seguro e acolhedor.
2- Biofilia e sensação de pertencimento
O contato com a natureza é um dos pilares da neurociência aplicada ao design. Ambientes com elementos biofílicos (plantas, luz natural, ventilação, materiais orgânicos) despertam emoções de calma e pertencimento.
Essa reconexão não é apenas estética. Pesquisas mostram que salas com vista para áreas verdes podem aumentar em até 20% a concentração e a memória de curto prazo. Em escritórios, a presença de vegetação e luz natural eleva a produtividade e reduz a rotatividade.
Isso significa que, o design biofílico devolve ao corpo e à mente um estado de equilíbrio que a rotina urbana muitas vezes tira.
3- Espaços que equilibram foco e acolhimento
Outro princípio essencial é o das pausas regenerativas, que são áreas de respiro dentro de fluxos intensos. Corredores hospitalares, por exemplo, podem incluir janelas com vista para jardins, criando micro-momentos de descanso visual e emocional.
Em escritórios, isso se traduz em ambientes flexíveis, que alternam zonas de interação e refúgio. Pequenas mudanças, como controlar o brilho, ajustar a acústica e oferecer escolha entre ambientes abertos ou reservados, reduzem a sobrecarga cognitiva e ampliam o bem-estar.
Aplicações práticas do neurodesign
Arquitetura da saúde
Na área da saúde, o neurodesign dá origem ao chamado design salutogênico, que transforma hospitais em espaços de cura integral.
Um exemplo marcante é o redesenho de janelas hospitalares, substituindo simples aberturas por conexões reais com o exterior, através de jardins lineares ou vistas para o movimento da cidade. Pacientes e familiares sentem-se mais calmos e orientados quando o ambiente os convida à vida que acontece lá fora.
Além disso, corredores, recepções e UTIs podem incorporar luzes ajustáveis e materiais quentes, favorecendo a sensação de cuidado e dignidade.

SZMC Helmsley Cancer Center (Farrow Partners) – Jerusalém, Israel
Educação e aprendizagem
O neurodesign também tem impacto direto em escolas e universidades. O relatório Clever Classrooms: Summary Report of the HEAD Project aponta que até 16% do desempenho escolar pode ser atribuído ao design da sala de aula.
Ambientes com boa iluminação natural, proporção equilibrada e estímulos sensoriais moderados facilitam o foco e a memória. Ao projetar para o cérebro, projetamos também para a atenção e a curiosidade.

EZ Kindergarten / HIBINOSEKKEI – Japão / © Toshinari Soga (studio BAUHAUS) – arquivo ArchDaily
Espaços corporativos e healing offices
Nas empresas, a lógica mudou. Os antigos “espaços de descompressão” deram lugar aos healing offices, escritórios pensados para evitar o adoecimento emocional.
Projetos desse tipo incluem ilhas de silêncio, tetos acústicos inteligentes e mobiliário adaptado para perfis diversos, como pessoas com TDAH ou TEA. Tudo é desenhado para oferecer autonomia e conforto cognitivo, da escolha de se isolar a participar do coletivo. O resultado são equipes mais concentradas, criativas e emocionalmente estáveis.

Amazon Spheres (NBBJ) – Seattle, EUA / © Sean Airhart Photography – arquivo ArchDaily

Selgas Cano Office – Madri, Espanha / © Iwan Baan – arquivo ArchDaily
Habitação e memória afetiva
No lar, o neurodesign atua no campo do pertencimento. Texturas táteis, iluminação quente e objetos pessoais ativam memórias afetivas e fortalecem o vínculo com o espaço.
Projetos residenciais voltados ao público sênior, por exemplo, utilizam leitos mais largos, escalas humanizadas e acesso direto a jardins, preservando segurança e identidade emocional.

Casa Jacona / TAAB – Imagem: © Cesár Belio
Ambientes inclusivos e neurodiversos
Um dos avanços mais sensíveis do neurodesign é o olhar para as neurodivergências. Em clínicas e escolas, o desafio é criar ambientes que acolham tanto pessoas hipersensíveis quanto hipossensíveis a estímulos.
A estratégia é simples e genial: projetar espaços neutros, de baixa estimulação, mas com convites discretos ao estímulo, brinquedos, cores suaves, áreas de descanso e liberdade de escolha. Assim, o espaço respeita e se adapta às diferentes percepções do mundo.

Second Home Holland Park / Selgascano. Imagem © Iwan Baan
Benefícios e propósito do neurodesign
Quando a arquitetura entende o cérebro, ela se torna mais humana. Ambientes planejados sob essa lógica:
- reduzem estresse e ansiedade,
- estimulam foco e criatividade,
- fortalecem vínculos sociais,
- e promovem pertencimento genuíno.
A neurociência mostra que não é exagero dizer que o espaço pode curar ou adoecer. Cada decisão de projeto – uma cor, uma janela, uma textura – é um gesto que comunica algo à mente.
Do conceito à formação: o próximo passo na jornada do neurodesign
Compreender o impacto do espaço nas emoções é apenas o começo – o verdadeiro diferencial está em aprender a projetar com base nessa ciência.
É exatamente essa a proposta da Pós-graduação Master em Design de Interiores e Neurodesign do IPOG, um programa que une neurociência, psicologia ambiental, inteligência artificial e design estratégico em uma formação completa e inovadora.
Com 432 horas de imersão presencial, o curso oferece uma jornada prática e interdisciplinar, conduzida por um corpo docente de referência internacional, com nomes como Lorí Crízel, Catharina Macedo e Marivânia Bocca. Cada módulo foi pensado para conectar teoria, sensibilidade e tecnologia – da psicodinâmica das cores à realidade aumentada e virtual aplicada ao design.
Diferenciais que ampliam horizontes
O grande destaque da especialização é sua Tripla Certificação com reconhecimento internacional, que valida a excelência técnica e científica do profissional em múltiplos níveis:
- Certificação IPOG: título oficial de pós-graduação reconhecido nacionalmente;
- Certificação INBD (Instituto Neuro.Bio.Design): emitida em português e inglês, voltada à aplicação da neurociência no design de interiores;
- Certificação HAUSENSE: reconhecimento internacional na área de neurodesign aplicado ao ambiente.
Essa formação abre portas para quem deseja atuar de forma global, com domínio das ferramentas mais atuais, de softwares de simulação e análise comportamental a metodologias baseadas em Design Biofílico, Psicologia do Ambiente e Neuroarquitetura aplicada.
Além disso, o aluno tem acesso ao IPOG Mundi, convênio com o POLI.design – Instituto Politécnico de Milão, referência mundial em arquitetura e design. Essa parceria conecta o estudante ao cenário europeu e a oportunidades reais de atualização e visibilidade profissional.
Uma nova forma de projetar
Ao longo do curso, o aluno aprende a compreender como os estímulos do ambiente influenciam emoções, decisões e bem-estar, aplicando esse conhecimento de forma prática e sensível. A formação vai além da estética, ensina a criar experiências que emocionam, acolhem e transformam.
Saiba mais sobre a Pós-graduação Master em Design de Interiores e Neurodesign do IPOG e descubra como unir ciência, arte e propósito pode redefinir o futuro da sua carreira.
