Constantemente, a gente tem falado aqui no Blog IPOG sobre a importância dos processos para o controle e qualidade da obra, não é mesmo? Isso porque a realização de uma obra envolve uma série de fatores como prazo, custos, recursos, etc.
Para que tudo corra dentro do previsto, com qualidade da obra e segurança é necessário que profissionais qualificados estejam acompanhando todo esse processo, além é claro, de dominarem todos eles.
Para entender melhor o quanto planejar, controlar e garantir a qualidade são fundamentais para o sucesso de uma obra, confira essa entrevista com Luis Cordeiro de Barros Filho, mestre e professor do curso de pós-graduação do IPOG em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho da Construção ao site Construmanager:
Para o gerenciamento da qualidade em projetos, o PMI – Project Management Institute – estabeleceu três processos: planejar, garantir e controlar a qualidade.
“Primeiro, precisamos entender a diferença entre garantia e controle da qualidade. A garantia cuida de todos os processos estabelecidos pelo PMI, que são 47, incluindo os três citados acima. Suas ações abrangem desde o nível gerencial, técnico e administrativo até os de apoio, gerenciando processos, suas ações, seus produtos e serviços. Por outro lado, o controle da qualidade cuida diretamente do projeto em si, da qualidade intrínseca que é o produto a ser entregue ao cliente, atendendo os requisitos técnicos do escopo do projeto e, posteriormente, o empreendimento e toda sua vida útil. Ou seja, colocando o projeto na prática e transformando-o em um serviço ou produto”, explica Luis Cordeiro de Barros Filho, mestre e professor do curso de pós-graduação do IPOG em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho da Construção.
De acordo com o mestre, a ISO – International Organization for Standardization- elaborou a norma ISO 10006 – Requisitos para o Gerenciamento da Qualidade em Projetos – que é um guia e um padrão internacional elaborado especificamente para gestão de qualidade em projetos. “Não com objetivo de certificação, mas sim de padronização. O PMI também recomenda que seja usada a norma ISO 9001 – Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade – como modelo de gestão de garantia e controle da qualidade em projetos”, afirma.
Como objetivo essencial, a gestão da qualidade tem por meta buscar o ‘zero defeito’, apregoada pelo mestre Philip Crosby, eliminando toda e qualquer inconveniência durante a fase do projeto, de concepção e do uso do produto em sua vida útil. “Buscamos otimizar o LCC – Life Cycle Cost – Custo Global – projetos, implementação, operação e manutenção do produto consequente do projeto. As inconveniências são:
- erros
- desperdícios
- perdas
- retrabalhos
- acidentes
- doenças ocupacionais
- desmotivação
- atrasos
- defeitos
- poluição
- falta de comunicação
- desconforto
- insatisfação das partes interessadas
- quebras
- etc.
Enfim, tudo o que gera custos da não qualidade e que, consequentemente, necessita de ações corretivas”, afirma Barros Filho.
O modelo da gestão da qualidade visa estabelecer ações preventivas e de melhorias contínuas – custos da qualidade – em todos os processos e etapas.
“O impacto na construção civil é maior, porque os erros cometidos vão atingir o produto de maior usabilidade pelo homem, em torno de 40 anos de vida, podendo ser catastróficos, inclusive com mortes”, comenta o professor.
Desafios da gestão da qualidade em obras
Entre os principais desafios que a gestão da qualidade em projetos da construção civil enfrenta está a cultura de análise da obra somente pelos seus gastos óbvios.
“Preço do projeto básico, executivo e o valor da obra em si. Ou seja, do empreendimento até sua inauguração e início de uso. Este valor é o que chamamos de preço ou custo pré-operacional”, diz Barros Filho, que completa: “Não existe a cultura do custo de operação e manutenção em um produto, o custo operacional. É possível ver, pela figura 1 ao lado, que o preço barato pode custar caro. É mostrado o LCC de três obras semelhantes, porém diferentes no custo global. O prédio A foi mais barato, mas em compensação seu custo operacional se elevou; o B, ao contrário. O LCC (A) ficou maior que o LCC (B), porém, o B, durante a sua vida útil, não terá quase nenhum problema. “O barato custou caro”. E o terceiro exemplo do LCC (C) é o caso do Japão. O PMI tem como meta buscar aprimorar projetistas e construtores que busquem otimizar o LCC, melhorando a qualidade da obra, reduzindo seus custos globais e entregando no tempo estipulado”, explica o mestre.
De acordo com Barros Filho, é uma questão de entendimento e de mudança cultural que deve ser estabelecida desde a educação básica até a universidade, indo para a prática empresarial.
“Não é fácil. A cultura não é de agregar valor, mas ganhar dinheiro a curto prazo sem sustentabilidade empresarial. Há muito a mudar. Por exemplo, obras civis em geral devem durar pelo menos 40 anos. Seja uma moradia simples como Minha Casa Minha Vida até prédios de classe A – caríssimos pela exigência do grau de qualidade –, ambos devem ter durabilidade e custo operacional baixo. O LCC é uma ferramenta explicitada pelo PMBOK e incorporado para garantia da qualidade do projeto. Sua realização serve para quaisquer produtos e serviços”.
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