O que pode acontecer com a engenharia civil em 2018?
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O que pode acontecer com a engenharia civil em 2018?

Recentemente, conversamos aqui no Blog IPOG sobre o futuro da Engenharia Civil em 2018. Ao longo do texto, o professor Gilberto Porto expôs como a crise, de fato, ensinou muita coisa para o mercado que começa a reagir.

A partir de algumas relações como o PIB e a Construção Civil, foi possível notar que uma reação é esperada sim. Ainda que neste primeiro momento ela seja mais leve. Além disso, já uma expectativa de retomada de obras e projetos que precisaram ser paralisados nos anos anteriores.

E quais serão as demais perspectivas para o mercado da engenharia civil em 2018?

Os preços de imóveis tendem a melhorar

Segundo Gilberto Porto, o que acontece hoje no mercado é com os que os preços do imóveis muito baixos, os construtores não lançam. A consequência é que o estoque acaba ficando muito baixo. “As vendas tiveram uma queda, é verdade, mas a redução dos lançamentos foi muito maior. Com isso, houve um achatamento dos estoques”, explica o professor do IPOG.

Com menos oferta, a tendência é que os preços voltem a subir e assim, aos poucos, as construtoras voltem a fazer lançamentos. “Isso já tem sido observado, por exemplo, nos feirões da Caixa Econômica Federal. Muitas empresas têm tido boas performances nesses eventos”, completa.

Nível de confiança do setor

Gilberto Porto ainda destaca que os setores reconhecidos como indicativos de aquecimento na Construção Civil também apontam para tempos melhores. “Tenho conversado muito com projetistas, profissionais que trabalham em estudos geotécnicos de terrenos, empresas de comercialização de elevadores e empresas de fundações e todos avaliam esse período como sendo de aquecimento do mercado”, relata o professor.

Segundo o professor, projetistas de arquiteturas têm relatado a demanda vinda de grandes projetos, projetos complementares de estruturas e fundações. “Esse é o movimento do mercado. Começa nos projetos e depois de um tempo se reflete em obras”.

Na opinião de Gilberto Porto, em cerca de 6 meses já será possível visualizar o início dessa reação econômica da Engenharia Civil. Ele acredita que veremos mais canteiros de obras, mais lançamentos. Bem diferente do marasmo observado no setor nos últimos anos.

Mercado de construção com grau de maturidade maior

Já conversamos aqui no Blog IPOG, que muitos estudiosos defendem que é da natureza do mercado da Engenharia a existência de ciclos senoidais. Neste ciclo, fatores como macroeconomia, conjunturas do país certamente influenciam, mas o que os pesquisadores pontuam é que mesmo em tempo de crescimento econômico, o mercado da engenharia apresenta características cíclicas de baixa (confira o webinar sobre os diferenciais críticos que podem ajudar o profissional de engenharia em tempos de mercado desafiador).

De acordo com o artigo de Luiz Henrique Ceotto, no Brasil, este ciclo leva de 4 a 5 anos para atingir o ponto de recuperação. O mesmo fenômeno acontece em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo. Só que lá, de maneira mais suave, entre 10 e 11 anos.

Para Gilberto Porto, a tendência é que tenhamos um mercado de construção com grau de maturidade maior. E se baseia em alguns argumentos para afirmar isso:

1) Avaliação mais qualificada e responsável de negócios a serem desenvolvidos

As construtoras precisam ter terrenos para só depois disso fazerem os lançamentos. A maioria das empresas não quer desembolsar um alto valor com terrenos, por isso trabalham com permutas. Pagam a área com o próprio produto depois do lançamento (apartamento, lojas, etc.).

Segundo o professor do IPOG, o usual em permutas no setor imobiliário é que essa permuta varie de 9 a 14% do valor geral de vendas em determinado lançamento, por exemplo. No entanto, ele lembra que durante o período de “boom” imobiliário vivido no Brasil (entre 2010 e 2012), algumas empresas chegaram a negociar essa “permuta” em até 28%.

Para o professor, muitos empresários acreditavam aquela crescente seria uma constante, não havia risco dessa curva decrescer, o que ele avalia como imaturidade. Já que no entusiasmo de garantirem muitos terrenos para seus futuros lançamentos, muitas empresas compraram demais e não analisaram cautelosamente quais poderiam ser as consequências.

Por isso, Gilberto acredita que para  a engenharia civil em 2018 vai haver uma avaliação mais qualificada antes de fechar qualquer tipo de negócio. É como dizem: é na crise que se aprende!

2) Aumento da qualificação dos critérios de avaliação dos cadastros

Você não pode vender pra qualquer um, não basta só vender o imóvel. A alta quantidade de inadimplência ensinou isso para o mercado. Ainda sobre as principais mudanças na engenharia civil em 2018, Gilberto Porto acredita que as facilidades de crédito apresentados para o consumidor vão continuar presentes, mas a análise de crédito será mais rígida.

3) Aumentos nos critérios para “due diligence” na aquisição de terrenos

O que é “due diligence”? É critério na avaliação dos documentos, principalmente dos terrenos. Perguntas como: “a escrituração está realmente no nome de quem você está comprando?”, “Existem débitos trabalhistas ou sobre tributos em relação ao terreno?”, “Existe algum passivo de herança no terreno?”, “Existe algum passivo ambiental?”.

Então, será mais observado todo esse critério durante uma negociação ou permuta. Isso também é reflexo de maturidade, segundo o professor do IPOG.

4) Forma inteligente sobre a gestão de custos

Outra mudança importante para engenharia civil em 2018 é o foco na redução de desperdícios. Haverá cortes de despesas e custos que não gerem resultados diretos nos contratos. Desperdício, falta de produtividade, custos fixos muito altos. Tudo isso vai ter que ser gerido com mais responsabilidade e cuidado, segundo Gilberto Porto.

Dicas para quem atua na Engenharia Civil

  1. Levar o foco sempre para a “área de influência” em detrimento da “área de preocupação”, leia mais sobre isso no final deste texto;
  2. Critérios e cuidados bem estabelecidos para a tomada de decisão embasada sempre em fatos e dados;
  3. Gestão com o foco nos quatro pilares – custos, prazos, conformidade do produto e satisfação do cliente. Lembrando que “qualidade” é atingir as metas traçadas em todas os 4 pilares;
  4. Desenvolvimento do conhecimento dentro das empresas, fazendo o desenvolvimento das pessoas, das equipes, de planejamentos estratégicos com resultados no dia-a-dia. Isso aumentará o “capital de inteligência” das empresas. Cursos, treinamentos, desenvolvimento de pessoas, acompanhamento na execução;
  5. “Regra de Ouro: Não fazer aos outros o que não desejamos que os outros fizessem conosco”.

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Sobre Gilberto Porto

Professor IPOG em várias Pós-Graduações de Engenharia, Engenheiro Civil, Especialista em Planejamento Estratégico Empresarial e em Gestão Empresarial de Negócios. Atua na indústria da construção e no mercado imobiliário há 30 anos. Também atua em treinamentos e formação de equipes de alto desempenho.