IPOG Cast #Ep. 9 – Neuroarquitetura Aplicada ao Bem-Estar
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IPOG Cast #Ep. 9 – Neuroarquitetura Aplicada ao Bem-Estar

Se você já ouviu falar em Neurociência, é bem provável que tenha notado sua aplicação em diversos contextos, como neuromarketing, neurovendas e neuroconsumer. Mas e na arquitetura? Já ouviu falar em Neuroarquitetura? Este campo fascinante combina os conceitos de Neurociência e Arquitetura com o objetivo de criar espaços que impactam positivamente nosso comportamento e bem-estar.

No episódio 9 do IPOG Cast – o podcast que coloca sua inteligência em movimento –, o CEO do IPOG, Ronan Maia, explorou o tema com Lorí Crízel, pioneiro na introdução da Neuroarquitetura no Brasil e coordenador de cursos de pós-graduação no IPOG. Juntos, discutiram como o design dos ambientes em que vivemos pode influenciar nossas emoções, comportamentos e até mesmo nossa saúde mental.

Além disso, foi abordado como a Neuroarquitetura pode ser aplicada em diferentes contextos para melhorar a qualidade de vida das pessoas, com ênfase na percepção do ambiente e seu impacto no comportamento humano.

O que é a Neuroarquitetura?

Este campo basicamente estuda como o cérebro humano responde aos ambientes construídos e como esses espaços podem ser projetados para influenciar positivamente o comportamento humano.

“A Neuroarquitetura e toda a sua ramificação, se designa a compreender como que nós podemos oferecer para as pessoas o estímulo adequado para que ela desenvolva um comportamento esperado para a experiência que ela busca ter em um determinado tipo de ambiente, seja a residência ou qualquer outro ambiente. À medida em que as pesquisas foram avançando, foi possível entender melhor o comportamento do sistema nervoso e nossas respostas, bem como quais substâncias químicas são liberadas”, destacou Lorí, enfatizando a importância de considerar a resposta fisiológica e comportamental das pessoas aos ambientes construídos.

Neurociência Aplicada ao Bem-Estar

Durante o encontro, foi discutido como a Neurociência fornece base científica para entender de que modo os estímulos sensoriais, como iluminação, cores, layout e materiais afetam nosso cérebro e nosso comportamento. Essa compreensão é essencial para projetar espaços que sejam mais adequados às nossas necessidades.

A Neuroarquitetura tem ganhado cada vez mais destaque pela sua capacidade de transformar espaços físicos em ambientes que não só abrigam, mas que também promovem saúde mental e emocional, afinal, hoje estamos cercados de lugares construídos e passamos cerca de 90% da nossa existência nesses espaços.

Ambientes como configuradores comportamentais

Todos os ambientes que frequentamos influenciam nossos hábitos de alguma forma. E é nesse viés que a Neuroarquitetura busca entender como podemos projetar espaços que promovam comportamentos positivos, como produtividade, criatividade, colaboração e relaxamento.

Um dos conceitos chave deste conceito discutidos durante a conversa, foi o equilíbrio perceptivo, que se refere à nossa capacidade de perceber a harmonia ou desequilíbrio em um espaço. Por exemplo, a presença de um quadro torto em uma parede pode chamar mais atenção e direcionar o olhar das pessoas. Este conhecimento pode ser utilizado intencionalmente no design de interiores para criar pontos focais e influenciar o comportamento dos usuários.

Isso porque existe uma relação emocional psíquica e comportamental com o chegar em casa. Quando você chega em sua residência e esse espaço apresenta-se a você aos moldes do que você chamaria de desorganizada, a relação é diferente quando ela está organizada.

Crízel destacou que, “para que tenhamos a experiência desejada para aquilo que nós estamos buscando na composição de um espaço com os mesmos elementos, não é necessariamente a materialidade em si que influencia, mas sim como eu a percebo. A casa organizada ou desorganizada é igual com as mesmas coisas, contudo, é o modo como aquilo se expressa diante de mim que configura a minha tradução daquele ambiente e, portanto, o comportamento”.

Espaço e Lugar na Neuroarquitetura

Também foi destacado a distinção entre estes dois aspectos. Segundo Lorí, enquanto a arquitetura atua com espaços, entregando design estético, funcionalidade e soluções adequadas para determinadas dinâmicas, o lugar é um conceito desenvolvido pela Neuroarquitetura que ganhou valor emocional para o indivíduo.

Essa diferenciação é essencial na Neuroarquitetura, pois os lugares são fixados na memória devido ao valor emocional que possuem, enquanto os espaços não têm essa mesma conexão emocional, uma vez que “o hipocampo é responsável pelo mapeamento do espaço mental e pela formação e consolidação de memórias,” explicou o coordenador do Master em Neuroarquitetura, mostrando como a arquitetura pode influenciar nossas memórias e apego emocional.

Aplicações Práticas da Neuroarquitetura

Lorí esclareceu durante o bate papo que existem diversas aplicações práticas da Neuroarquitetura, desde o design de espaços corporativos até ambientes de saúde. Por exemplo, hospitais estão trabalhando para configurar ambientes que favoreçam o processo de cura, utilizando o conceito de Design Salutogênico.

Crízel afirma que “o termo nasce efetivamente no meio da saúde. Ou seja, o ambiente é considerado um elemento partícipe no processo de cura. Por exemplo, um paciente quando está internado e o médico diz ‘você vai para casa’, ali já começa o processo de melhora mais acelerado.”

Esse valor emocional tem sido a base do modelo de negócios de grandes corporações da área da saúde, conhecido como Valued Based Health Care (VBHC), que em português significa Cuidados de Saúde Baseados em Valor.

Cada vez mais a área da saúde está trabalhando para configurar ambientes que transmitam credibilidade e favoreçam o processo de cura por meio Design Salutogênico, que tem sido moldado para evitar o adoecimento, não só para os pacientes, como também para o corpo clínico.

Exemplos de Aplicações:

A Neuroarquitetura pode ser aplicada em diversos tipos de ambientes, incluindo:

Residências: Criar casas que promovam o bem-estar, o sono e a qualidade de vida dos moradores

Ambientes de trabalho: Projetar escritórios que estimulem a produtividade, a colaboração e a criatividade, reduzindo o estresse

Escolas: Criar espaços de aprendizagem que facilitem a concentração, a memorização e o desenvolvimento cognitivo dos alunos

Hospitais e clínicas: Projetar ambientes que promovam a cura, o conforto e a redução do estresse para pacientes e profissionais de saúde.

Design Inclusivo e Neurodiversidade

Um outro conceito dentro da Neuroarquitetura destacado por Lorí no episódio 9 do IPOG Cast, é o Design Inclusivo, que busca projetar ambientes que atendam às necessidades de diferentes grupos de pessoas, considerando a neurodiversidade, não apenas como patologias, mas também como aspectos transitórios.

Segundo Lorí, “a partir desta compreensão, é possível pegar elementos como estresse, ansiedade e até depressão e considerá-las dentro do elemento projetual. Isso significa que o ambiente de trabalho hoje pode dar condições das pessoas lidarem com a neurodiversidade, sejam elas permanentes ou transitórias, fazendo com que a relação com o ambiente de trabalho seja diferenciada.”

Ainda segundo o arquiteto, este conceito também pode ser compreendido como geração de segurança psicológica, que se refere “ao valor que eu deposito naquilo que eu entendo como meu. Ou seja, a empresa é o negócio dos donos, mas também é o meu negócio, eu tenho aqui como pertencente a mim, e a partir desse momento, eu gero o que a gente chama de engajamento”.

Inclusive, Big Techs como Google, Apple e Amazon têm adotado conceitos do Design Inclusivo para promover ambientes de trabalho colaborativos, que reforçam o comprometimento com o bem-estar dos funcionários.

Neuroiluminação e Bem-Estar

A Neuroiluminação foi outro tema abordado durante o bate papo, destacando como a iluminação pode influenciar nosso bem-estar. A luz visível afeta a produção de hormônios como o cortisol, que impacta nosso ciclo de sono. Isso faz com que a exposição constante a luzes com alta quantidade de azul, como as telas de dispositivos eletrônicos, pode prejudicar o sono e causar cansaço excessivo.

O uso de telas antes de dormir pode interferir na produção de melatonina, impactando a qualidade do sono.

Nesse sentido, a Neuroiluminação também pode influenciar situações cotidianas, como a interrupção do sono ao acender a luz do banheiro durante a noite. É então que o conceito de Higiene do Sono no Neurodesign busca preparar o ambiente para dormir adequadamente, considerando a influência da iluminação.

De acordo com Lorí Crízel, compreender esses efeitos neurobiológicos permite criar ambientes mais saudáveis e positivos, propícios ao bem-estar.

A Neuroarquitetura é uma área em crescimento que oferece insights valiosos para a criação de espaços que promovem bem-estar e saúde. Ao integrar conhecimentos da neurociência e da arquitetura, é possível criar ambientes que não apenas atendem às necessidades funcionais, mas também que promovem emoções positivas e comportamentos saudáveis.

O episódio 9 do IPOG Cast trouxe à tona a importância de considerar esses aspectos no design de interiores e arquitetura, mostrando como podemos transformar espaços em lugares que realmente melhoram a qualidade de vida.

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