Mitos e verdades sobre o uso da tecnologia na neuropsicologia
4 minutos de leitura

Mitos e verdades sobre o uso da tecnologia na neuropsicologia

A relação entre neuropsicologia e tecnologia costuma despertar curiosidade, entusiasmo e, ao mesmo tempo, algumas dúvidas que se espalham com facilidade. Além disso, é comum que profissionais e pacientes se perguntem até onde as ferramentas digitais ajudam, onde atrapalham e o que realmente faz sentido na prática clínica.

Assim, quando observamos o avanço de plataformas, testes digitais e recursos imersivos, percebemos que ainda existem mitos que merecem ser desfeitos com cuidado e clareza.

A seguir, você encontrará uma reflexão completa sobre o tema, guiada pelos pontos apresentados pelo professor Fernando Silveira, mestre e doutor em Psicologia e coordenador da pós-graduação em Neuropsicologia do IPOG. O objetivo é separar o que é mito do que é verdade, com uma conversa leve. Confira!

Neuropsicologia e tecnologia, um encontro que evoluiu

A presença da tecnologia na neuropsicologia não é mais um movimento tímido. Ela aparece em plataformas de aplicação e correção de testes, em softwares de monitoramento contínuo, em ferramentas de apoio ao diagnóstico e até em dispositivos de realidade virtual. Consequentemente, o dia a dia do neuropsicólogo mudou, e mudou para melhor.

Mesmo assim, alguns mitos persistem, especialmente quando se fala sobre resultados, limites e expectativas. Portanto, vale olhar cada ponto com atenção.

MITO – A tecnologia cura qualquer condição

Esse mito aparece com frequência. Talvez porque as pessoas estejam acostumadas a ver a tecnologia resolver tantos problemas práticos, que acabam imaginando que ela também cure questões emocionais ou cognitivas.

No entanto, como destaca o professor Fernando, não falamos em cura na psicologia. Falamos em melhorias, avanços e manejo, sempre dentro do que é realista e possível para cada pessoa.

A ideia de cura absoluta é sedutora, mas pode afastar o paciente de um processo terapêutico honesto. Por isso, identificar esse mito é fundamental.

VERDADE – A tecnologia fortalece o raciocínio clínico

Se a tecnologia não cura, ela contribui, e contribui muito. Ou seja, ao oferecer dados precisos, relatórios completos e análises mais profundas, as ferramentas digitais ajudam o profissional a enxergar nuances que, muitas vezes, seriam difíceis de perceber no papel.

Além disso, elas facilitam o registro do progresso, permitindo ajustes mais rápidos e cuidadosos ao longo do tratamento. Segundo o professor Fernando, essa contribuição é real e vem crescendo. Logo, negar esse avanço seria ignorar um recurso valioso para o raciocínio neuropsicológico.

A força da validação ecológica

A validação ecológica é um ponto central quando falamos sobre ferramentas digitais. Ela representa o quanto um teste se aproxima das situações reais do cotidiano. E, surpreendentemente para alguns, a tecnologia tem sido uma grande aliada nessa aproximação.

MITO – Testes digitais são menos confiáveis

Ainda existe a crença de que o digital seria menos preciso, menos humano ou menos sensível. No entanto, esse mito perde força diante das evidências e do uso clínico já consolidado. A digitalização não enfraquece o teste. Ela apenas muda o formato, mantendo critérios e estruturas respaldados cientificamente.

VERDADE – A tecnologia amplia a precisão e o monitoramento

O professor Fernando reforça isso de maneira enfática. As ferramentas digitais permitem avaliações mais detalhadas, além de um acompanhamento contínuo, o que fortalece a análise e facilita ajustes finos ao longo do processo. Assim, o profissional ganha tempo, clareza e segurança para interpretar os resultados.

Adaptação cultural e escalas digitais

A adaptação de escalas para o contexto brasileiro sempre foi um desafio, mas a tecnologia tem ajudado a superar barreiras importantes.

MITO – Digitalizar escalas atrapalha a adaptação cultural

Esse mito nasce da ideia de que o digital seria automático demais, como se tirasse a sensibilidade do processo de adaptação. Porém, isso não se sustenta. A adaptação cultural depende de pesquisa, análise e validação, não do formato em si.

VERDADE – Plataformas digitais aceleram o avanço brasileiro na neuropsicologia

Como aponta o professor Fernando, quando utilizamos plataformas digitais, ganhamos mais precisão e padronização. Além disso, tudo fica mais acessível, tanto para pesquisa quanto para a prática clínica. Com isso, a neuropsicologia brasileira avança com consistência e qualidade.

Tecnologias imersivas e o uso dos óculos 3D

Talvez a área mais encantadora para quem observa de fora seja a das tecnologias imersivas. Óculos 3D, como os usados pelo Inesplora, abrem portas interessantes para avaliações mais vivas e próximas do cotidiano real.

MITO – Os óculos 3D não ajudam na avaliação cognitiva

Por outro lado, alguns profissionais ainda carregam receio diante de ferramentas novas. Assim, surge o mito de que os óculos 3D seriam pouco eficazes ou até desnecessários.

VERDADE – Recursos como o Inesplora ampliam a avaliação da atenção e das funções executivas

Aqui, a fala do professor é decisiva. Ele destaca que esses recursos chegaram para ficar. Eles permitem analisar a atenção, as funções executivas e outras habilidades em cenários mais realistas e controlados, o que torna a avaliação mais rica e interessante.

Como integrar tecnologia e olhar clínico

Mesmo com tantos benefícios, é importante manter o equilíbrio. A tecnologia apoia, mas não substitui a sensibilidade do profissional. Assim, escolher ferramentas confiáveis, respeitar validações e manter o raciocínio clínico como eixo principal garante uma prática ética e cuidadosa.

A tecnologia não é milagre, mas é aliada. E, como mostra o professor Fernando, quando usada com critério e consciência, ela amplia a precisão, enriquece avaliações e fortalece o trabalho do neuropsicólogo. Ou seja, os mitos caem por terra quando olhamos para a prática e para as evidências que já temos.

Artigos relacionados

Avaliação de Personalidade pelo Método Rorschach – IPOGCAST EP. 18 No campo da psicologia, a Avaliação de Personalidade pelo Método Rorschach se destaca como uma ferramenta fundamental para compreender aspectos profundos do ser humano. Esse método, baseado em interpretações de manchas de tinta, pode revelar traços de personal...
Especialização em Neuropsicologia: conheça a profissão que tem alta procura por profissionais prepar... Quer investir em uma das áreas mais promissoras da Psicologia? A especialização em Neuropsicologia veio para que profissionais possam aprofundar seus conhecimentos técnicos e procedimentos de avaliação cognitiva e comportamental. A área segue em plena expa...
“O MBA RH 4.0 foi um marco na minha história e transformou minha carreira” A carreira de Fabialine Mariano poderia ser contada em dois capítulos bem distintos: antes e depois do MBA em RH 4.0. No início, recém-formada, cheia de expectativas, mas ainda insegura diante das primeiras decisões, ela buscava ferramentas para entender o uni...

Sobre Assessoria de Comunicação

Equipe de produção de conteúdo IPOG. Responsável : Bruno Azambuja - Gerente de Marketing - bruno.azambuja@ipog.edu.br