Hoje, mais do que nunca, estamos vivenciando o quanto tudo tem se tornado obsoleto muito rápido. O mundo está mudando a uma velocidade surpreendente, e liderar neste cenário tão incerto se mostra cada vez mais, uma experiência extremamente desafiadora.
O que garantia o sucesso de ontem, hoje não o garante mais. Por isso, é preciso inovar, reinventar-se, aperfeiçoar, sair da zona de conforto e se capacitar continuamente. Neste contexto, percebe-se a importância da ‘Liderança Estratégica’ para o alcance de resultados efetivos.
Até porque a zona de conforto é o melhor lugar para quem quer estagnar ou, até mesmo, regredir ao ver os demais tomando a frente e avançando no processo do desenvolvimento pessoal e profissional. Todo crescimento e desenvolvimento acontecem fora da comodidade, e está concentrado na zona de expansão, que é a que vai exigir ainda mais de você. Vai exigir que se vá além!
Liderança estratégica
E, em meio a toda essa dinâmica, a maneira de liderar também mudou. Hoje é preciso exercer uma Liderança Estratégica. Ser gestor de uma equipe hoje envolve conhecer:
- forças;
- virtudes;
- vulnerabilidades;
- saber exaltar e potencializar qualidades;
- ter habilidade para oferecer feedbacks precisos e construtivos;
- entender os seres humanos que compõem a equipe.
Nesta seara, as ferramentas do Coaching mostram-se grandes aliadas da Liderança Estratégica, afirma a professora do IPOG, Mariluce Lemos Guetten Ribeiro, Mestre em Administração e Especialista em Gestão Estratégica.
Além de permitirem trabalhar questões como autoconhecimento, metas, prazos, dentre vários outros, elas também podem ser aplicadas, primeiramente, pelo próprio líder nele mesmo.
Preciso me conhecer, me desenvolver para estar engajado e ajudando a equipe. O líder é sempre o exemplo. Ele é o espelho da sua equipe.”
Coaching e Liderança estratégica
Saiba um pouco mais sobre as 5 ferramentas do Coaching que certamente podem contribuir para uma Liderança Estratégica mais eficaz.
1) Perdas e ganhos
Ferramenta voltada para a tomada de decisão seja no âmbito profissional ou até mesmo pessoal. Permite a análise do estado atual e do estado desejado. Sua aplicabilidade é bastante simples e consiste no levantamento de questões simples e precisas, e na reflexão sobre as suas respostas. Sempre tendo em vista ponderar entre o positivo e o negativo, as perdas e ganhos.
Esse mecanismo mental de análise, inclusive, deve ser aplicado para todas as tomadas de decisões significativas que permeiam a vida, seja em âmbito profissional ou mesmo pessoal. É um importante exercício que nos permite vislumbrar quais são realmente os benefícios conquistados com a atitude, e o que precisa ser deixado para trás com o passo dado.
Exemplo: O líder está pensando em demitir alguém da equipe. Com essa ferramenta, ele pode fazer uma análise da seguinte maneira:
Se essa pessoa continuar na equipe, quais serão as perdas e ganhos para o departamento? E se ela sair, quais serão as perdas e quais serão os ganhos?”
As respostas podem ser anotadas em formato de lista pois visualmente ficará mais fácil perceber as perdas e ganhos, lado a lado, e mensurar os pesos de cada uma delas.
E por que essa ferramenta do coaching ajuda tanto a Liderança Estratégica?
Por ela ‘tirar’ toda aquela carga emocional de uma tomada de decisão, tornando-a mais racional. Por ser possível praticá-la pouco a pouco. A cada dia ir listando um novo item lembrado; no dia seguinte voltar a ele, dar uma olhada e lembrar-se de mais coisas.
Aplicabilidade estratégica:
A decisão não é tomada pela quantidade de perdas e ganhos. É possível analisar friamente. Há casos em que 1 ganho tem mais peso do que 10 perdas. “Então, é realmente uma análise racional de um processo delicado que é uma tomada de decisão”, explica Mariluce.
2) Coaching com foco na avaliação do estado atual
É uma roda. Assim como nós temos a Roda da Vida – ferramenta mais conhecida dentro do processo de Coaching –, essa é usada especificamente para liderança. Com ela, é possível analisar o contexto em que o líder está inserido na empresa, no negócio.
Aplicabilidade estratégica:
- Pensando – em relação ao meu cargo, à minha função –, que nota eu me atribuo (de zero a 10)?
- Analiso também o meu conhecimento técnico: como estou para estar nessa função em que atuo hoje?
- O que pretendo fazer para melhor me capacitar diante das carências profissionais que apresento?
As perguntas podem ser feitas também referentes as demais questões:
- como organizo meu tempo;
- como está minha habilidade comunicacional;
- minha capacidade de delegar tarefas no ambiente corporativo;
- relacionamento com superiores, pares e subordinados;
- como anda o meu planejamento;
- minha Inteligência Emocional;
- como estão os resultados que tenho gerado para a organização.
A partir desta autoanálise bastante completa, é possível montar um Plano de Ação. Esse plano de ação deve levar a pessoa a alcançar uma meta clara, bem definida, como, por exemplo, melhorar a comunicação com membros da minha equipe.
Logo, as ações que serão desenvolvidas para atingir tal objetivo devem ser traçadas, bem como um prazo para sua execução e posterior medição dos resultados. Neste exemplo, vale uma reunião para mensurar se a equipe sentiu diferença no esforço empregado neste sentido. E se a diferença foi satisfatória.
De nada adianta ter consciência do que está, ou não, bom, se não conseguir identificar quais desses pontos têm mais impactado na minha vida e, por isso, merecem atenção especial”.
3) Análise Swot aplicada ao Coaching
Ferramenta da Administração, adotada também pelo Coaching e bastante utilizada pelas empresas em planejamento estratégico. É muito efetiva para fazer-se análise, inclusive pessoal, sobre forças, fraquezas e pontos de melhoria, e assim perceber, diante dessas identificações, quais são as ameaças presentes, bem como apontar quais são oportunidades que surgem.
Aplicabilidade estratégica:
Aplicando-a na sua realidade, o líder tem condições de fazer o mesmo com os integrantes de sua equipe. É possível utilizá-la tanto em um determinado departamento, possibilitando que cada colaborador faça análise pessoal, bem como para obter-se um panorama da empresa: Quais são as forças e fraquezas da área X? Quais as oportunidades e ameaças para a área Y? E assim por diante.
Quando utilizada para análise pessoal, essa ferramenta é um mecanismo poderoso de auto-análise, permitindo que a pessoa reflita sobre seus pontos fortes e fracos, e se proponha a potencializar aquilo que tem de melhor, e avançar na correção daquilo que não lhe favorece. Lembre-se que todo ponto negativo deve ser encarado como ponto de transformação e não como crítica.
4) Planejamento estratégico semanal
Como o próprio nome diz é um planejamento para 7 dias. Envolve perguntas como estas:
- O que eu preciso fazer?
- Quais são as minhas prioridades para essa semana?
- O que ainda está em aberto e que precisa ser finalizado essa semana?
Aplicabilidade estratégica:
Trabalha com situações que se apresentam obstáculos no dia-a-dia. Situações, por vezes até pequenas, que não são resolvidas e acabam postergando os resultados do líder. Essa atividade ajuda na melhor organização de tarefas, ao categorizá-las pelo seu grau de importância. Fundamental para pessoas que se perdem diante de muitas demandas.
A professora Mariluce destaca que, na sala de aula, os alunos realizam a atividade deste planejamento em duplas e se comprometem, em um prazo estabelecido, a contatar o colega para verificar se as tarefas foram executadas e quais os resultados alcançados.
Lembra, ainda, que trabalhar dessa maneira é fundamental para gerar comprometimento e aumentar o nível de entrega na realização das tarefas. “Não adianta só ter consciência do que precisa ser feito e não agir”, afirma.
Nas equipes, o líder pode aplicá-la com os colaboradores em busca de maior rendimento nas atividades. Fazer o planejamento como equipe: O que precisa ser finalizado? O que ainda está em aberto? Quais as prioridades da semana?
Da mesma maneira que o líder aplica a ferramenta para si, ele pode levá-la para dentro das organizações e nela fazer essa análise.”
5) Gestão do Tempo
Quem hoje não deseja gerenciar melhor o seu tempo e tornar-se mais produtivo? Atualmente, existe farta literatura sobre isso. No entanto, registra a professora Mariluce, é importante que os líderes estejam atentos aos “desperdiçadores do tempo”.
Mais do que saber montar sua agenda de maneira produtiva, é preciso identificar em que momentos da sua rotina o tempo acaba sendo consumido. Para auxiliar, ela lembra que há uma ferramenta do Coaching que permite fazer análise destes “pontos de desperdício”. E, a partir daí, é montado um plano de ação sobre o que é preciso minimizar ou, até mesmo, eliminar. É o caso de ações que não contribuem em nada com o líder, pelo contrário, consomem esse recurso tão valioso e escasso: o tempo.
Aplicabilidade estratégica:
A análise pode ser feita de forma individual ou em grupo. O trabalho é focado em descobrir onde cada um está desperdiçando seu tempo. Aplicando estas 5 ferramentas, sem dúvida, será possível experimentar vários resultados de uma Liderança Estratégica.
Por onde começar a liderança estratégica? Pelo próprio líder!
A professora do IPOG, Mariluce Lemos Guetten Ribeiro diz que todas as ferramentas que os líderes aprendem no MBA Gestão de Pessoas por Competências, Indicadores e Coaching, na disciplina de Liderança Estratégica com Ferramentas de Coaching, são vivenciadas primeiro com os alunos, aplicando-as em situações reais de seu cotidiano e, assim, eles possam interiorizar o entendimento para depois multiplicarem-no.
Sempre utilizo ferramentas para autoanálise. Antes de liderar alguém, é preciso saber ‘liderar-se’.”
E ela ainda completa: “Gosto muito deste olhar: antes de liderar, preciso liderar a mim mesmo. As ferramentas de coaching proporcionam isso, permitindo acesso ao autoconhecimento para saber onde estou, para onde quero ir e o que preciso fazer de diferente, que não estou fazendo agora, para conseguir chegar aonde quero”.