Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, em 2018 as internações de crianças diagnosticadas com transtornos mentais aumentaram em 36% após cinco anos de estabilização nas taxas de hospitalização.
Segundo especialistas, o aumento significativo dessas taxas pode estar associado às crescentes notificações de tentativas de suicídio. De acordo com um levantamento feito entre 2013 e 2017, foram registrados 5.596 casos de crianças entre 10 e 14 anos hospitalizadas. Já entre adolescentes dos 15 aos 19 anos, foram registrados 13.443 casos.
Um tratamento, com evidente sucesso, indicado para esses jovens e essas crianças é a Terapia Cognitivo-Comportamental.
O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem da psicoterapia baseada na combinação de conceitos do(a) análise do comportamento com as teorias cognitivas. behaviorismo radical com teorias cognitivas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que nos afeta, e não os acontecimentos em si. Ou seja, é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação a uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa. Assim, parte do pressuposto de que o pensamento tem primazia sobre as emoções e comportamentos do indivíduo.
A TCC surgiu nos anos 1960 por meio do psiquiatra Aaron Temkin Beck, com base em pesquisas com pacientes deprimidos.
Após perceber que esses pacientes tinham uma visão distorcida de si mesmos, do mundo ao seu redor e de seu futuro – a chamada tríade negativa, que tem formação na infância –, Aaron concluiu então que o pensamento negativo distorcido altera nosso humor e, consequentemente, nosso comportamento.
Nas últimas décadas a TCC tem tido um impacto enorme sobre o campo da saúde mental, devido à sua eficácia na compreensão e no tratamento de uma extensão de distúrbios emocionais e comportamentais, sobretudo em crianças e adolescentes.
Como funciona a TCC
Frente à situações vividas emitimos avaliações cognitivas que são imediatas, autônomas e involuntárias, os chamados “pensamentos automáticos”, que podem ser positivos ou negativos.
Pensamentos automáticos compreendem o nível mais superficial de uma cadeia complexa de causalidade cognitiva e tem uma relação direta com crenças mais profundas, presentes na história do indivíduo a nível inconsciente. Na Terapia Cognitivo-Comportamental, o psicólogo vai ajudar o paciente a distinguir e intervir nesses pensamentos, a fim de “reestruturá-los”.
No caso de crianças e adolescentes que sofrem com transtornos mentais ou comportamentais, a Terapia Cognitivo-Comportamental vai auxiliar o profissional a observar como cada paciente analisa esses pensamentos, buscando, a partir de tal análise, desenvolver melhor a relação do paciente consigo mesmo, sempre com o foco em promover a reestruturação cognitiva para as distorções presentes.
Sabendo que o objetivo principal da TCC é mudar os sistemas de significados dos pacientes para alterar suas emoções e comportamentos com relação às situações, o primeiro passo da terapia é entender esses sistemas.
A partir disso, o profissional busca identificar sentimentos, pensamentos e comportamentos das situações trazidas pelo paciente. Após essa identificação, mostram-se como determinantes para crenças e percepções na experiência de cada paciente.
Com essa informação, o profissional passa a oferecer alternativas de pensamentos que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social. Essa construção é feita com base em metas com foco em um futuro em que o paciente possa lidar por conta própria com todas as questões abordadas. Essa é a reestruturação cognitiva e comportamental que dá nome à abordagem.
Pontos determinantes de compreensão
Alguns pontos são determinantes nessa mudança de chave de pensamento, e os principais são:
- ambiente ou situação onde ocorre o problema;
- pensamentos e sentimentos envolvidos no problema;
- estado de humor e emoção resultantes;
- reação física; e
- comportamento.
Não significa dizer que, apenas com pensamentos positivos, o indivíduo passe a ter uma vida melhor; é preciso estabelecer um conjunto de ações comportamentais e expressões emocionais acerca do problema.
É interessante que o paciente, com ajuda do profissional psicoterapeuta, possa olhar para cada situação de forma mais aprofundada e complexa. Para que seja possível a compreensão dos padrões de percepção e comportamentos já enraizados em cada pessoa, uma possível solução é desconstruir esses pensamentos, gerando uma flexibilidade cognitiva e comportamental.
Como a TCC na prática psiquiátrica pode ajudar crianças com transtornos mentais
A Terapia Cognitivo-Comportamental consiste na teoria da aprendizagem social, uma vez que o que cada indivíduo absorve do ambiente interfere na forma como ele se enxerga.
Essa teoria enfatiza ainda que o comportamento adaptativo e mal adaptativo, ou seja, a forma como cada pessoa se adapta ou não a determinada situação, é aprendido por meio de interações ativas e passivas com o meio ambiente, particularmente interações sociais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças acontece de maneira semelhante, tanto na teoria quanto na prática, em relação aos adultos.
O desafio do terapeuta consiste em tentar compreender a forma pela qual todos esses fatores interagem na mediação do surgimento da psicopatologia na infância.
Ao contrário da produção científica voltada para adultos, a literatura sobre a TCC e infância é algo ainda recente, foi identificada somente no final do século XX. Já no final do século XIX, a adolescência passou a ser vista como um período distinto do desenvolvimento e, somente alguns anos mais tarde, foram propostos os tratamentos psicoterapêuticos para problemas comportamentais e emocionais de crianças e adolescentes.
A partir do incômodo gerado por crianças e jovens em ambientes como sala de aula e outros onde a interação com adulto era inevitável, foi iniciada por profissionais a Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica.
Problemas de comportamento, como desatenção e hiperatividade passaram a chamar a atenção dos profissionais e, somente após alguns anos, o tratamento passou a ser aplicado para os chamados “transtornos internalizados”, como depressão e ansiedade.
Jovens com depressão e ansiedade, nessa ordem, tornaram-se foco para terapia. A TCC para ansiedade, especificamente, era aplicada, inicialmente, para fobias específicas, tais como medos noturnos.
Assista a seguir: como a Terapia Cognitivo-Comportamental atua na prática com crianças
Como identificar se uma criança ou adolescente necessita de tratamento?
Um distúrbio psicológico pode se apresentar quando um ou mais comportamentos habituais da criança tornam-se incoerentes com o meio social. Fobias excessivas, preocupações com situações corriqueiras ou até mesmo a falta de foco em tarefas que antes eram comuns podem indicar os primeiros sinais de alerta.
Quando o comportamento da criança ou jovem é significantemente desviante das expectativas tanto do desenvolvimento quanto das normas sociais, deve ser acionada a ajuda de um profissional para corrigir essas falhas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica, quando aplicada logo no início do comportamento desviante, tende a surtir efeito de maneira mais assertiva em menos tempo, pois o profissional, ao perceber os pontos-chave da mudança, consegue atuar de maneira mais precisa sem que a criança ou o adolescente prolongue aquele estado psicológico.
É extremamente importante que o profissional se atente às questões de desenvolvimento da criança, cruciais para o sucesso de um trabalho cognitivo-comportamental.
Algumas técnicas da TCC
- Reversão de hábitos para aumentar a percepção do paciente sobre cada episódio que traz desconforto. Gerar a capacidade de interromper isso com uma resposta mais adequada.
- Aumentar a consciência para identificar os fatores desencadeantes e as sequências de acontecimentos associados a determinado sintoma ou comportamento.
- Monitoramento e registro de cada ocorrência. Anotam-se informações como dia e hora, localização, pensamentos, sentimentos e emoções que podem ser úteis ao tratamento.
- Utilização de uma resposta adequada para controlar a reação.
- Controle de estresse, ensinando maneiras eficientes de respiração, relaxamento muscular e técnicas cognitivas para ajudar o controle da angústia.
- Prevenção de recaídas, ensinando o paciente a lidar com os fatores que desencadeiam situações negativas.
Qual o papel da família e dos pais nesse momento
Muitas vezes, pais ou responsáveis costumam buscar tratamento para seus filhos no intuito de conseguir orientações sobre como podem ajudá-los a superar seus problemas ou medos.
Os adultos são vistos por crianças e jovens como modelos a serem seguidos. Por causa disso, pais com pensamentos e ações estimulam o filho a enfrentar as situações difíceis de uma forma positiva e funcional, e isso ajuda muito na redução dos sintomas de ansiedade, por exemplo.
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A Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica conta com o apoio da família, da escola e dos profissionais que cuidam da criança em diversos aspectos. Assim, as informações acerca do comportamento e das dificuldades serão mais bem trabalhadas, trazendo para o profissional uma possibilidade de, até mesmo, reduzir o tempo da terapia por concluir mais facilmente esse suporte com êxito.
A eficácia do tratamento se dá, em grande parte, pela qualidade dessa relação entre profissional e família. É o bom vínculo que impulsiona o paciente, seja ele criança, jovem ou adulto, a manifestar melhor os seus próprios sentimentos durante a sessão.
Conheça a especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG)
A Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser aplicada em diversos tipos de transtorno. O profissional especializado em TCC pode ofertar ao público um arsenal de técnicas que proporcionarão o alívio de demandas emocionais e comportamentais.
A pós-graduação do IPOG possui três módulos dedicados à aplicação dos conhecimentos adquiridos. Um deles é focado na Gestão de Carreira e Consultórios, tema que não costuma figurar na grade curricular de outras instituições de ensino.
No curso, você irá aprender as principais técnicas desse tipo de abordagem, além de propiciar experiências práticas por meio de vivências e estudos de caso ao longo do curso.
Confira algumas matérias que compõem a grade curricular do curso:
- Terapia Cognitivo-Comportamental: dos Fundamentos ao Tratamento
- Técnicas Comportamentais e Cognitivas de Intervenção: Ferramentas Práticas para Reestruturação Cognitiva e Modificação de Comportamento
- Psicopatologia na Perspectiva Cognitivo-Comportamental: Conceituação Cognitiva, Modelos Comportamentais e Neurociências
- Habilidades Terapêuticas – Avaliação Inicial: Estruturação da Sessão Psicoterápica e Desenvolvimento da Relação Terapêutica
- Desenvolvimento Integral do Potencial Humano
- Psicofarmacologia: Interações entre Tratamento Medicamentoso e Tratamento Psicoterápico
- TCC Aplicada ao Tratamento de Vícios e Compulsões: Dependência Química, Dependência Digital e dos Jogos
- TCC nas Intervenções em Diversos Transtornos de Ansiedade: Técnicas de Manejo da Ansiedade, Intervenções em Comportamentos Complexos e Gerenciamento de Estresse
- Gestão de Consultório, Gerenciamento de Carreira e Marketing Pessoal e outros
Ter uma especialização em um mercado concorrido como o da psicologia garante o diferencial competitivo frente ao mercado.
Por esse motivo, é imprescindível ter esse tipo de curso no plano de carreira. Um profissional de sucesso está sempre se atualizando com as tendências do mercado e sabe que sempre haverá mais para aprender.
Para se informar mais sobre o nosso curso em Terapia Cognitivo-Comportamental, entre em contato conosco!
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Esses e muitos outros assuntos você pode conferir no blog do IPOG!
IPOG – Instituto de Pós-Graduação e Graduação
Instituição de ensino com nome e reconhecimento de excelência no mercado e por seus alunos, o IPOG fará total diferença no seu currículo. Afinal, de que vale ter uma certificação se o local não é valorizado por recrutadores e executivos?
O IPOG conta com diversos cursos de ensino superior e tem em seu quadro de docentes professores mestres e doutores. A proposta do IPOG é de um ensino humanizado, que estimule o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno e otimize o seu plano de carreira e de vida.