Branding: 10 dicas para se trabalhar com marcas

O que faz um consumidor optar pela marca A e não pela marca B, é algo que pode ultrapassar preço (seja mais alto ou mais baixo) e uma identidade visual agradável: trata-se dos valores, sensações, percepções e conexões que essa marca gera na pessoa. Uma experiência que está diretamente ligada ao branding.

Essa palavrinha, branding, conceitua um modelo de gestão com foco na criação e geração de valor de marca. Façamos um exercício: imagine uma marca que, além de cores, letras, formas e sons, te desperte cheiros, lembranças e sentimentos positivos. Imaginou? Por trás dela há todo um trabalho de gestão e construção de marca.

Uma visão reduzida sobre o que é branding

Ao contrário do que alguns consideram, inclusive “profissionais” que divulgam trabalhos nessa linha, branding não é o processo de construção de identidade visual, de um logotipo legal. Inclusive esse erro é um problema recorrente dentro e fora do país, como aponta o professor de branding e Marketing Digital do IPOG, Daniel Padilha.

Muitas empresas dizem que trabalham com branding, mas entregam apenas um logotipo. É sempre a expressão, enquanto que toda a parte estratégica é deixada de lado”, diz.

Nesse sentido, torna-se um desafio educar essas empresas e o mercado como um todo sobre o que é realmente um processo de construção e gestão de marca. E é por meio desse processo que o seu produto ou serviço será apresentado de uma forma que a pessoa compre, não no sentido de simplesmente depositar dinheiro, mas por acreditar no poder da sua marca.

Branding dentro e fora da internet

Esse conceito antecede o Marketing praticado na era digital. Era por meio da televisão, jornais, outdoors, panfletos e rádios que as marcas se apresentavam ao público quando não havia internet.

Hoje isso ainda acontece, mas o desenvolvimento das tecnologias e o acesso às redes possibilitaram novas formas de fazer branding, em modelos mais interativos e totalmente digitais.

Independentemente do ambiente que sua marca estiver, dentro ou fora da internet, ela terá que ser construída e gerida com o intuito de gerar valor, de gerar uma percepção mais ampla do seu produto ou serviço, o que melhora consideravelmente a atuação da sua marca no mercado.

E essa preocupação com a gestão de marca não afeta apenas os consumidores finais, mas também melhora a percepção de valor internamente, ou seja, colaboradores que atuam por um propósito e porque acreditam na força e posicionamento da marca.

Qual conceito as pessoas têm sobre a sua marca?

Essa é uma pergunta interessante e fundamental a ser feita. Por que se você não está preocupado sobre a ideia que as pessoas têm sobre o seu negócio, está na hora de se preocupar, pois construir uma imagem positiva na cabeça das pessoas é estruturar uma ideia ou conceito do que é a sua marca.

Nesse sentido, como conversar com as pessoas sobre a sua marca? Esse ponto é importante de ser tocado, como explica Daniel Padilha:

“Marca é intangível, e por ser intangível é complicado construí-la, assim, de uma hora para outra. É necessário levantar informações, dados e fazer uma investigação profunda para saber como conversar com o público de interesse”.

E não se trata de olhar as pessoas apenas como o alvo, mas sim pelo o que são: pessoas. “É preciso conversar com as pessoas, trocar uma ideia, entendê-las e trabalhar a sua marca a partir disso para a construção do seu valor”, afirma.

O que é preciso levar em consideração na hora de construir uma marca?

Segundo Daniel Padilha, os pontos abaixo são fundamentais para o processo de construção e gestão de marca! Confira:

  • O seu modelo de negócio tem que ser estruturado, desenhado;
  • Pense em como você irá monetizar o seu negócio e criar a sua linha de relacionamento e parceria;
  • Com tudo isso desenhado, foque na estratégia de marca!;
  • Crie uma plataforma de marca para definir e depositar os valores e propósitos do seu negócio;
  • Pense no que você deseja entregar funcionalmente e emocionalmente para o seu público de interesse;
  • Pense também no posicionamento estratégico e na personalidade de sua marca;
  • A sua marca trabalha o conceito de universalidade? Ela se adequa a qualquer cultura, política, religião, idade, limitações físicas e psicológicas? É um conceito importante a ser pensado;

A partir desses posicionamentos, como você deverá construir a sua identidade visual? Note que esse ponto é só a parte expressiva da marca, é preciso ter todo um trabalho estratégico antes.

10 dicas que vão ajudar a construir e gerir uma marca!

Antes de entrarmos de vez nas 10 dicas do professor Daniel Padilha, é importante destacar que para o branding acontecer a empresa precisa estar preparada para isso. É necessário que esteja alinhada à cultura organizacional, é preciso que ela tenha um líder que enxergue o valor no trabalho de construção de marca.

Então, é necessário levar em consideração:

  • Público interno e externo;
  • Cultura organizacional e liderança;
  •  Integralização das áreas e departamentos;
  • Entender e verificar o quão participativo é o público externo;
  • Estabelecimento de estratégias a longo prazo para cenários futuros;
  • De que forma as estratégias sobreviverão em um mercado tão volátil.

Tudo isso diz respeito a não limitar a visão e estratégia para apenas um público ou um cenário específico. Essa visão estratégica precisa ser trabalhada em todos os aspectos.

E agora sim, vamos às dicas aos profissionais que trabalham ou desejam trabalhar com branding!

1 – Ninguém constrói uma marca sozinho

Se você está pensando em construir uma marca sem ter uma equipe você está cometendo um grande erro. Primeiro que o processo terá apenas uma visão de trabalho, de mundo, e isso é um erro gigantesco. É importante trabalhar com equipes multidisciplinares ou transdisciplinares para que a construção de marca aconteça de forma rica e mais assertiva.

2 – Valorize cada ponto de vista da sua equipe! 

O interessante de se trabalhar com várias pessoas no processo de construção de marca é que nem sempre todos serão os públicos da marca que está sendo construída e gerida. Como é comum que as pessoas tenham preconceitos, a importância de se trabalhar com uma equipe diversificada aumenta mais ainda. Isso vai ajudar a levantar pontos de vistas diferentes e cada um pode contribuir de alguma forma, por isso valorize todos eles!

3 – Não desmereça trabalhos menores!

Nem sempre você ou a agência em que trabalha terá o case incrível de construção de marca. Entender que haverá projetos menores e que eles são tão importantes quanto os maiores é fundamental. Por meio deles, resolvendo pequenos problemas e desafios, é que será possível se preparar para os grandes trabalhos.

4 – Não trabalhe por prêmios e sim por propósitos

Durante o ano é comum que algumas agências se dediquem a criar cases com o único objetivo de ganhar prêmios. Ok, é importante fortalecer a imagem de marca, a imagem da agência, mas nesse processo se perde um pouco do propósito do que é gestão e construção de marca. Não pense unicamente nas recompensas.

5 – Seja transparente!

Muitos profissionais costumam enrolar bastante seus clientes. Ser transparente é um requisito! Deixe claro o que você está executando, se é um projeto que vai ajudar a resolver alguma questão de marca, seja oportunidade de mercado, problema interno, de comunicação. Informe os processos para quem contratou seus serviços.

6 – Não prejudique o trabalho do seu concorrente

O mercado de trabalho é um ovo, então não prejudique o coleguinha ao lado. Ao invés de influenciar negativamente o crescimento do outro, contribua de forma positiva! Isso tem a ver com valores, posicionamento e propósitos. E lembre-se! O mercado é um ovo. Cedo ou mais tarde você pode precisar de quem você desprezou.

7 – Enxergue sempre a longo prazo

Entenda que trabalhar bem com branding é estabelecer visões a longo prazo. Não se trata simplesmente de um investimento pontual, como construção de marca é um modelo de gestão é necessário focar nos processos de forma contínua.

8 – Sua responsabilidade é educar o mercado

Todo profissional que trabalha com branding é um educador. Ele precisa educar o mercado, educar a empresa, educar a equipe para a construção de marca acontecer. Se ele não fizer isso, o branding não acontece. É um ponto básico, é um processo de educação que está ligado a criação de uma cultura, um modelo de gestão.

9 – Tenha empatia. Se coloque no lugar do outro que irá ter contato com a marca!

Tem que se colocar no lugar do outro o tempo todo. Esse ponto é importante porque, geralmente, constitui um dos principais erros de um profissional de branding dentro de uma estratégia. Entreviste as pessoas, converse com elas, entenda o que elas gostam, o que não gostam e se coloque no lugar delas. Não fazer isso acarreta várias lacunas no processo de construção de marca, por não atender efetivamente o público de interesse.

10 – E por que não trabalhar com marcas?

Daniel costuma dizer que o branding não vai deixar um profissional tão rico, mas vai torná-lo muito feliz, pois é algo que tem a ver com propósito. E se vivemos numa sociedade de consumo é claro que sempre haverá trabalhos com marcas.

Consegue pensar em algo que não tem marca? Segundo o professor, tudo tem! Água da chuva, grama, semente, quadros, papel, tudo, de alguma forma, envolve marca, inclusive a nossa pessoal. Por que então não trabalhar com isso?

Daniel Padilha: Professor de Pós-Graduação em Branding no IPOG. Consultor e estrategista de marca para startups e empresas emergentes. Especialista em conectar marcas e pessoas em projetos transdisciplinares. Palestrante e idealizador do The Ugly Lab - Laboratório on-line de métodos de criação e gestão de marcas construídos sobre uma abordagem Learning-by-Doing e Brand School is Cool - Plataforma de mentoria e curadoria voltada para startups e novos negócios. Possui especialidade em criação, estratégia, gestão de marcas e educação.