Psicanálise como chave para o tratamento do autismo
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Psicanálise como chave para o tratamento do autismo

Psicanálise como chave para o tratamento do autismo

O autismo é um tema que a cada dia se torna mais claro para a população. Se antes, até para os próprios profissionais, era algo difuso, hoje, já existem mais informações, tanto em relação ao diagnóstico quanto ao tratamento do autismo.

No entanto, quando falamos em Psicologia, é importante salientar que a depender da vertente, alguns entendimentos sobre o autismo podem ser diferentes.

Por exemplo, a Psicanálise não acredita no autismo como um transtorno e, sim, como uma psicose. Partindo desse raciocínio, os tipos de tratamento e acompanhamento serão diferenciados.

Quer entender mais como a Psicanálise entende o autismo? Te explicamos neste artigo! Aqui, você vai compreender sobre:

  • Quais são os sintomas típicos do autismo?
  • Como o autismo interfere no desenvolvimento cognitivo de crianças?
  • Como é feito o tratamento?
  • Quais são os tipos de tratamentos utilizados?
  • A importância da psicanálise no tratamento do autismo.

Quais são os sintomas típicos do autismo?

O autismo é um transtorno psicológico e tem a sua origem desconhecida. Os sintomas típicos se tornam perceptíveis ainda na primeira infância, entre o primeiro e o terceiro anos de idade, embora nos primeiros meses de vida o bebê já dê alguns indícios.

Os principais sintomas refletem na comunicação e na capacidade de aprendizagem da criança; o desenvolvimento físico não é alterado. Por esse motivo, o diagnóstico se torna mais fácil na idade de conhecimento da fala.

Além disso, crianças e adolescentes no espectro do autismo também apresentam dificuldades em relações e interações sociais e afetivas, fato que contribui para um crescimento isolado.

Existem diversos tipos de autismo

Com mais pesquisas e conhecimento sobre o assunto, sabe-se hoje que existem diversos graus de autismo, com sintomas diferentes.

No autismo com baixa funcionalidade, o mais característico são crianças que apresentam pouquíssima interação, movimentos repetidos e atraso no desenvolvimento mental.

Já no quadro de média funcionalidade, os sintomas mais notáveis são a dificuldade de comunicação e os movimentos repetitivos. 

A alta funcionalidade é o quadro mais leve, na qual a pessoa apresenta essas mesmas dificuldades, mas com menos prejuízos. Dessa forma, assim como o personagem principal de Atypical, é possível ter uma vida similar à de quem não possui o transtorno, como estudar, trabalhar e constituir família.

Além desses sintomas gerais, outros pontos em comum que irão variar a depender do grau do autismo são: dificuldade em manter contato visual, não atender pelo nome, tendência ao isolamento, ser muito apegado a uma rotina, brincar de forma não convencional, dificuldade em verbalizar e repetição de frases prontas.

Como o autismo interfere no desenvolvimento cognitivo de crianças?

Apesar do desenvolvimento cognitivo ser afetado em menor grau, essa questão pode interferir diretamente na fala, raciocínio, atenção, imaginação e outros. 

Desse modo, é comum que crianças com autismo tenham a necessidade  de uma escola especial ou de tratamento diferenciado, já que os estímulos utilizados com outras crianças não são totalmente efetivos para autistas. 

Quando falamos em espectro do autismo, as questões mais afetadas são as relacionadas ao laço e interação social. 

Além disso, existe um déficit na linguagem abstrata. Por isso é comum que autistas tenham dificuldade em interpretar frases subjetivas ou figuras de linguagem, tendo fala e entendimento bastante literais.

Por esse motivo, outros pontos do desenvolvimento acabam se destacando. Não é raro, por exemplo, encontrar autistas que se sobressaem em matérias exatas

Outra interferência que o autismo causa no desenvolvimento cognitivo de crianças é a preferência por raciocínio e pensamentos repetitivos e sequenciais, o que pode influenciar na vivência e interação social.

Nos casos mais severos, a influência do autismo no desenvolvimento cognitivo irá impedir a independência dessa pessoa, trazendo prejuízos para a sua individualidade.  

Como a psicanálise funciona no tratamento do autismo?

Em entrevista, a professora do curso Psicanálise com crianças e adolescentes: teoria e clínica do IPOG e uma das maiores referências no Brasil em tratamento do autismo sob a perspectiva da Psicanálise, Marcela Haick, explica que essa abordagem considera fundamental a aposta no sujeito.

Ela diz que a psicanálise opõe-se ao discurso fatalista neurogenético.

“Mesmo considerando fatores genéticos (não especificamente confirmados até então) ou neurobiológicos, em uma perspectiva psicanalítica, eles não atuam como limitadores por si. O contraponto psicanalítico, e mais especificamente, em uma abordagem interdisciplinar, entende que o sujeito pode realizar um trabalho que não visa eliminar o sintoma, mas permitir ao sujeito a construção de uma autoria, de atribuir significações singulares que vão apagando as repetições e estereotipias próprias deste quadro”.

Nesse ponto, a psicanálise contribui na detecção precoce, prevenção e tratamento de crianças com risco no desenvolvimento e que podem levar a um quadro psicopatológico.

O trabalho clínico busca através de um processo de identificação inicial seguir os trilhos que o paciente apontar e capturar o que não se repete. O trabalho é tecido necessariamente junto ao paciente e aos pais. Assim, o tratamento psicanalítico não visa um adestramento em prol de adaptação, trabalha-se para a construção de um caminho de inclusão inicialmente na família e, posteriormente, no mundo.

Plasticidade do cérebro

Esse tratamento só é possível porque a psicanálise acredita na plasticidade do cérebro, ou seja, na sua capacidade de se modificar.

Nos anos 1970, acreditava-se que essa plasticidade só acontecia nos primeiros anos de vida. Dessa forma, após os 3 ou 4 anos de idade, seria impossível mudá-lo, pois ele se transformaria em uma estrutura rígida.

Hoje, já é argumentada a plasticidade do cérebro ao longo de toda a vida. Portanto, se torna possível fazer com que um quadro adquirido na infância seja modificado com os estímulos adequados.

Como o profissional pode incrementar a sua formação para o tratamento do autismo

O transtorno do espectro autista é uma síndrome muito particular. Por ter causas desconhecidas e sintomas bastante distintos, quem se ocupa do tratamento precisa ter conhecimento técnico aprofundado acerca do tema.

Nesse sentido, se você quer investir na área e atuar no auxílio de crianças, adolescentes e adultos autistas, a indicação é realizar especializações que irão incrementar a sua formação. Além disso, comparecer a eventos da área é importante para se manter atualizado quanto às novas práticas e ao que tem dado certo.

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Até a próxima!

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