Perito Criminal e Aluno IPOG conta sua experiência profissional
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Inspirando Carreiras: Perito Criminal conta sua experiência na área de Computação Forense

Já pensou em seguir na área de Computação Forense? Então confira relatos inspiradores de um Aluno IPOG. O aumento da criminalidade é uma realidade assustadora. Cada vez mais criminosos se beneficiam dos recursos tecnológicos para facilitar o cometimento de crimes em âmbito físico ou virtual. De acordo com o relatório publicado pela Norton Cyber Security Insights, em 2016 mais de 42 milhões de brasileiros foram vítimas do cibercrime.

Esses dados revelam um sinal de atenção para peritos digitais: a extrema importância de acompanhar a evolução da tecnologia e desenvolver novas ferramentas forenses para a elucidação desses crimes.

O Perito Criminal e aluno do MBA em Computação Forense e Segurança da Informação  do IPOG, Thiago Henrique de Souza Santos, conversou com o IPOG sobre a sua experiência a profissional na área criminal e sobre a importância da Computação Forense na investigação de crimes.

Confira o bate-papo com o aluno IPOG:

IPOG: Sobre sua trajetória profissional, o que te inspirou a seguir essa profissão? Há quanto tempo é perito? Em qual área atua?

Thiago Santos: Desde o terceiro ano da graduação em Engenharia de Computação estagiei em três empresas, sendo elas Embrapa – Instrumentação Agropecuária, Phisystems e Pentagro, para complementar a formação que a universidade proporcionava.

Em todas elas trabalhei com desenvolvimento de Software em linguagens e tecnologias diferentes e também em aplicações diferentes. Isso contribuiu muito para a minha formação profissional.

Conclui a graduação e comecei a trabalhar em uma equipe de mapeamento de processos na Everis BPO foi uma experiência muito interessante que possibilitou crescimento profissional e pessoal. Logo depois consegui uma nova colocação no mercado de trabalho na Sisgraph, empresa que trabalha com geoprocessamento e softwares na área de segurança pública.

No período em que estava na Sisgraph minha esposa Camila, na época namorada, já trabalhava como perita na Perícia Oficial e Identificação Técnica (POLITEC) em Cuiabá. Foi ela que me apresentou um pouco do trabalho de perícia e acabei me interessando.

A área de atuação dela é em exames biológicos. Depois que vi o trabalho dela, achei interessante comecei a procurar uma área voltada para minha formação. Inicialmente, quando comecei a pesquisar sobre o assunto, não existia muito material disponível e confesso que entrei tendo apenas uma noção geral do que é o trabalho de perito. Sabia basicamente que o perito analisava vestígios buscando gerar provas para a elucidação de crimes. Isso me chamou muita atenção, pois esse trabalho é bastante desafiador e também envolve muito conhecimento científico para embasar as provas que você gera durante a análise pericial.

Nesse meio tempo a instituição abriu processo seletivo e há dois anos atuo como Perito Criminal. Nesse período de atuação como Perito Criminal, sempre trabalhei na área de Computação Forense, acredito que devido a minha formação, é a área que mais posso contribuir e que particularmente gosto bastante.

IPOG: Como você acredita que está o mercado hoje para quem deseja atuar na área das Ciências Forenses? Quais os desafios para o futuro da profissão?

Thiago Santos: De forma geral acredito que existe uma demanda crescente tanto na esfera pública quanto privada. Na esfera pública, focado na área criminal, observo que existe um número crescente da solicitação de perícias e que consequentemente vai demandar mais trabalho dos profissionais, caso o número de peritos não seja atualizado essas solicitações acabam se acumulando e prejudicando o andamento dos processos judiciais. Uma das soluções que o estado tem é aumentar o corpo dos institutos de criminalística através do aumento do número de vagas e realização de concursos públicos.

No setor privado existe demanda tanto na área criminal como assistentes técnicos em diversas áreas e também existe a necessidade de peritos civis. Isso graças à melhoria do trabalho apresentado pelos peritos que atuam na esfera pública é necessário o auxilio de profissionais de ciências forenses na atuação da parte da defesa ou até mesmo para contestar algum parecer que tiver algum erro.

No que diz respeito à Computação Forense observa-se um grande aumento na demanda, sendo até maior que as das outras áreas da criminalística. Quando entrei na POLITEC, a saída de perícias era relativamente maior que a entrada, nos últimos meses observamos um aumento nessas solicitações, o que acaba acarretando um aumento na fila de materiais a serem periciados. Considero este aumento no número de solicitações devido a migração da prática de crimes para meios informatizados, além do fato dos dispositivos computacionais armazenarem informações que podem ser indispensáveis na resolução de algum crime. Desta forma fica evidente a necessidade de mais profissionais com o perfil de Computação Forense.

IPOG: O que te fez tomar a decisão de investir em mais conhecimento? Como o curso do IPOG agrega na sua carreira?

Thiago Santos: Eu entendo que um perito criminal é um profissional que deve sempre se atualizar para efetuar um trabalho melhor. Por isso busquei o curso, para reciclar e validar alguns dos conhecimentos que já tenho e também aprender técnicas novas que contribua na realização do meu trabalho.

IPOG: Qual investigação que marcou a sua carreira como perito até hoje?

Thiago Santos: Um que achei bem interessante foi um caso em que um maior de idade foi acusado de se relacionar com uma adolescente. O celular dele foi apreendido e enviado para exame. Encontrei diversas fotos em que existia um maior de idade com o rosto coberto por uma toca ninja junto a esta menor de idade em trajes íntimos. O problema foi como dizer que este maior de idade de fato era o indivíduo que estava sendo acusado.

Bom, no celular também havia fotos do indivíduo acusado com o rosto a mostra e existiam objetos como anéis, óculos escuro e partes internas de um carro que possibilitou fazer a inferência que o indivíduo com o capuz e sem o capuz estavam usando os mesmos objetos ou estavam no interior do mesmo veículo.

Gosto deste caso, pois mostra a necessidade de aplicação de técnicas de Computação Forense, que foram necessárias para recuperar os arquivos do dispositivo analisado e técnicas de análise de imagens usadas para inferir que o indivíduo sem capuz e com capuz era a mesma pessoa.

IPOG: Quais orientações você aconselha para profissionais que querem atuar nessa área?

Thiago Santos: Acredito que nunca parar de estudar e focar na área em que tem interesse, pois a área de Ciências Forenses é muito ampla e engloba diversas áreas do conhecimento. Acredito que se o profissional focar em uma área específica ele tem uma maior possibilidade de obter sucesso. Para aqueles que têm interesse em se tornar peritos criminais, é preciso estudar para prestar concursos públicos em diferentes esferas, como a Estadual e Federal.

IPOG: Quais as principais características que um profissional deve ter para ser um bom perito?

Thiago Santos: dedicação, curiosidade, paciência e criatividade.

Dedicação pelo fato de sempre precisar estudar e se atualizar, assim você poderá realizar um trabalho de melhor qualidade e de acordo com técnicas científicas;

Curiosidade, pois as ciências forenses consistem basicamente na aplicação da ciência para gerar alguma prova, no meu caso, tentar entender vestígios para dizer se o objeto de estudo apresenta indícios de cometimento de crime. Então, como toda área científica é necessário ter curiosidade para ajudar na resolução do problema.

Paciência e Criatividade andam juntas, pois de forma geral não existe uma fórmula pronta para realização de perícia. É necessário paciência para entender o problema e a criatividade para buscar técnicas científicas que te auxiliem na realização dos exames.

IPOG: Resuma sua jornada profissional com uma única palavra ou frase?

Thiago Santos: Gratificante.

Se você tem interesse em conhecer outras experiências profissionais na área da Computação Forense, conheça a atuação do aluno de pós-graduação em Computação Forense e Segurança da Informação, Pedro Renan, na área de Perícia Digital.

E se o seu objetivo profissional é ser um perito, conheça os cursos de pós-graduação em Perícia Criminal e Ciências Forenses  e Computação Forense e Segurança da Informação do IPOG, se especialize e seja um profissional capacitado para atuar com as melhores técnicas forenses do mundo.

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Sobre Thiago Henrique de Souza Santos

Engenheiro de Computação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Perito Criminal na Perícia Oficial e Identificação Técnica – POLITEC, pós-graduando em Projeto e Desenvolvimento de Sistemas Pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Computação Forense e Perícia Digital no IPOG.