Nos Estados Unidos os escritórios de advocacia já funcionam como verdadeiras empresas, com gestão especializada para atender as particularidades do exercício da profissão desde 1970. Enquanto isso, aqui no Brasil, a gestão jurídica profissionalizada acontece de forma ainda discreta, e a maioria ainda nas grandes bancas.
Os escritórios de menor porte e os departamentos jurídicos que ainda resistem a ter a figura do gestor jurídico, sofrem por acumular as seguintes funções: a do exercício da advocacia e da parte administrativa.
Nesta sobrecarga, é óbvio que uma das atividades acaba sendo prejudicada. A afetada neste caso é a área administrativa, por não ser a especialidade de quem se formou para lidar com questões judiciais e trâmites legais.
A importância de um Gestor Jurídico
Diante das particularidades pertinentes à gestão administrativa de um escritório de advocacia, com suas composições societárias, seu código de ética próprio e um formato de recebimento via honorários, é que surge a figura do Gestor Jurídico. Trata-se de um profissional com visão administrativa, mas preparado para lidar com as particularidades de um escritório de advocacia ou departamento jurídico.
É uma profissão que pode ser perfeitamente exercida por um administrador, contador, profissional da área de marketing, além do próprio advogado que necessariamente precisa ter este conhecimento para ser um diferencial e se destacar no mercado.
No entanto, é absolutamente indispensável que se busque por uma especialização que habilite este profissional a entender as particularidades de uma composição societária entre advogados.
No Instituto de Pós Graduação e Graduação (IPOG), esta formação é conferida pelo curso que coordeno, o MBA Gestão Jurídica.
Gestão Jurídica: um novo horizonte para milhões de bacharéis em Direito no Brasil
Atualmente, existem 4 milhões de profissionais formados em Direito no Brasil. Destes, pouco mais de 1 milhão conquistaram o direito de advogar ao adquirirem a carteira da OAB. Outros 3 milhões são bacharéis em Direito e encontram-se impossibilitados de exercer a profissão enquanto não passam no Exame da Ordem.
Só para se ter uma ideia, em 2016 o Brasil apresentava mais de 1.200 instituições de ensino superior com ofertas do curso de Direito. Um número alto em relação às ofertas na China, EUA e Europa juntos.
Esses milhões de bacharéis, que possuem conhecimento sobre as particularidades que envolvem o exercício da advocacia, são fortes candidatos a atuarem na gestão jurídica.
Isso, porque podem se manter como parte integrante dos escritórios, enquanto se preparam para também advogar, se assim desejarem. Uma maneira muito valiosa de participar do dia a dia dos trâmites que envolvem as atividades do escritório, conferindo o seu bom funcionamento.
As contribuições de um Gestor Jurídico
Ao atuar como um Gestor Jurídico, o profissional terá sob sua responsabilidade todo o trabalho de planejamento, orientação, acompanhamento e análise das atividades do escritório ou departamento jurídico.
É importante ainda dizer que muitos escritórios erram feio ao contratar gestores jurídicos para executarem atividades que não cabem a eles e que, ainda por cima, prejudicam a parte correta de seus trabalhos.
Tarefas como arquivamento, serviço de fórum e atendimento ao cliente não compõem o conjunto de responsabilidades deste profissional.
Portanto, condiz ao trabalho de um Gestor Jurídico:
- A reestruturação do escritório;
- O planejamento de carreiras;
- O oferecimento de consultorias;
- A contribuição para a profissionalização das corporações;
- A aplicação de novas tendências do cenário jurídico;
- A orientação da equipe sobre a execução dos planos do escritório;
- O acompanhamento da execução desses planos;
- A geração de dados confiáveis para a tomada de decisões;
- A definição do plano estratégico e orçamentário do escritório;
- A implementação de política de qualidade e de resultados.
Na prática, o Gestor Jurídico pode até executar serviços, mas o seu trabalho – e aí está sua grande importância – é totalmente voltado para o planejamento estratégico do escritório, cujo objetivo deve estar focado na competitividade e atração para a conquista de clientes.
Foco no empreendedorismo
O gestor jurídico é o profissional que trará a visão empreendedora para o escritório ou departamento jurídico, buscando técnicas ágeis de administração. Ele será o profissional atento às inovações aplicadas no mercado jurídico, para que estas sejam implementadas (neste ebook, conheça as 8 estratégias inovadoras para aplicar na Gestão Jurídica).
É aquele que consegue desenhar formas de tornar os contratos estabelecidos mais transparentes. O que vai propor medidas de compliance para figurarem dentre as normas do escritório. Sua contribuição é de grande valor para a profissionalização do mercado jurídico.
Gestão Jurídica ao alcance de todos
Engana-se quem pensa que a gestão jurídica cabe apenas aos escritórios de grande porte. Ela contribui imensamente para todos os portes e composições societárias, sendo inclusive uma ferramenta valiosa na mão dos advogados autônomos, que passam a gerenciar o trabalho com um profissionalismo digno de grandes corporações, o que dá a esses profissionais a competência empreendedora tão exigida pelo mercado atualmente.
Portanto, além do advogado ter essa nova expertise, a gestão jurídica cabe tanto ao bacharel em Direito que queira atuar como controller jurídico ou paralegal, mas de forma profissionalizada, quanto aos profissionais que se redescobrem ao investir na gestão dos escritórios, mantendo-se presentes nas questões da profissão, mas se livrando da burocracia diária dos trâmites judiciais.
A gestão jurídica é uma excelente maneira de participar ativamente da evolução dos escritórios e dos departamentos jurídicos, melhor gerindo-os.
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