A judicialização pelo direito à saúde: por que os processos podem demorar tanto?
3 minutos de leitura

A judicialização pelo direito à saúde: por que os processos podem demorar tanto?

IPOG judicialização pelo direito à saúde

Para garantir o direito à saúde, a solução para milhares de pessoas é recorrer à justiça. A chamada judicialização da saúde ganhou destaque a partir de 2003 nos debates relacionados à negação de tratamentos e medicamentos no Brasil. É uma questão que envolve o Poder Judiciário, o Governo, profissionais da saúde e do Direito e toda a população.

A Constituição da República do Brasil de 1988 e a Lei 8.080 de 1990 assegura que o Estado deve prover as condições necessárias para garantir a saúde, que é um direito fundamental do ser humano.  O direito à saúde está relacionado à vida em sociedade do ser humano em seu trabalho, convivência familiar, lazer, alimentação e educação.

Judicialização em números

O último balanço do Relatório Justiça em Números 2016, ano-base 2015, publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgou a quantidade de processos judiciais relacionados à judicialização da saúde no Brasil. Confira:

Assunto

Quantidade

Serviços em saúde

61.655

Controle social e Conselhos de saúde

1.468

Convênio médico com o SUS

737

Doação e transplante órgãos/tecidos

491

Erro médico

38.810

Fornecimento de medicamentos

200.090

Hospitais e outras unidades de saúde

5.642

Planos de saúde (benefício trabalhista)

36.611

Planos de saúde (direito do consumidor)

293.449

Saúde mental

3.001

Tratamento médico hospitalar e/ou fornecimento de medicamentos

151.856

Tratamento médico-hospitalar

60.696

TOTAL

854.506

De acordo com os dados acima, extraídos da publicação ‘Novos números sobre a judicialização da saúde’, do Juiz Federal Clenio Jair Schulze, baseado no Relatório Justiça em Números (2016), do CNJ, em 2015 tramitaram mais de 854.000 demandas judiciais da saúde.

Principais problemas

A judicialização da saúde é uma área de grande relevância, um fenômeno nacional, que cresce a cada dia mais devido à falta de uma Política Pública eficaz e baixos investimentos em saúde e infraestrutura.

A saúde pública e a suplementar são as duas áreas com mais ações judiciais. As principais demandas que o Sistema de Saúde Único do Brasil (SUS) e as empresas de planos de saúde recebem estão relacionadas com:

1) A prestação inadequada de serviços públicos e privados de saúde para a população;

2) A indisponibilidade de medicamentos, vagas de internação, próteses e tratamentos que contemplam ou não a lista de serviços e produtos oferecidos pela rede pública e operadoras de planos de saúde;

O sistema de saúde público é precário e não consegue atender de forma igualitária e com qualidade às necessidades dos pacientes.  Já as operadoras de planos de saúde negam tratamentos que não estão no rol de cobertura, mas que são necessários para a continuidade do tratamento de clientes.

Os custos referentes às decisões judiciais para o direito à saúde são altos e causa desequilíbrio nas contas públicas devido as despesas não planejadas. A judicialização da saúde pode ser vista como problema para gestores públicos, porém, para a sociedade traz benefícios e saúde.

Soluções para o Governo

O paciente não pode ser prejudicado. Se a doença agravar e o tratamento adequado não for concedido, a judicialização pode evitar a morte. O Governo precisa pensar em ações para diminuir as demandas judiciais de saúde por meio da criação de políticas públicas que garanta uma gestão eficiente dos recursos públicos e proporcionar um atendimento médico melhor e mais rápido.

Judicialização na prática

Para judicializar uma demanda relacionada à saúde, o paciente precisa ser orientado a procurar uma assistência jurídica. Seja pela Defensoria Pública ou com a contratação de um advogado particular especializado em Direito Médico.

A quantidade e complexidade de casos provoca atrasos nos julgamentos de processos no Poder Judiciário. Esperar uma decisão judicial não é fácil, principalmente quando a doença tem grandes chances de agravar rapidamente.

A mediação extrajudicial entre as partes envolvidas ou a juridiciarização da saúde pode ser uma solução para agilizar do processo e evitar que o caso transforme em uma demanda judicial no Tribunal.

O aumento das ações judiciais envolvendo o direito à saúde requer que advogados, médicos e outros gestores e profissionais da saúde se especializem em Direito Médico para compreenderem melhor todas as leis. A judicialização precisa ser justa para assegurar uma saúde de qualidade para o cidadão.

Quer se preparar para essa área de atuação? Conheça a nossa pós-graduação em Direito Médico & Proteção Jurídica aplicada à saúde e invista em qualificação!

Leia também:

Você sabe o que é Erro Médico? Conheça os seus direitos

Home Care: o plano de saúde é obrigado a pagar?

Artigos relacionados

Professores do IPOG lançam livro que explica todas as alterações da Reforma Trabalhista A Reforma trabalhista já entrou em vigor no Brasil, fato ocorrido na segunda semana de novembro, exatamente 120 dias após ser sancionada pelo presidente Michel Temer. Tal fato representa uma ampla mudança nas leis trabalhistas, são mais de cem alterações na C...
Reforma Trabalhista acaba com o pagamento de horas in itinere Promulgada em 13 de julho de 2017, a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467) é um marco na ordem trabalhista brasileira, tendo provocado alterações significativas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Apesar de mais de 20 direitos dos trabalhadores não tere...
Reforma Trabalhista: Você sabe o que é trabalho intermitente? Com a aprovação da Reforma Trabalhista, uma centena de alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) passa a ser aplicada na prática, modificando relações de trabalho no Brasil. Dentre as mudanças, a reforma traz à tona uma categoria de serviço não ...

Sobre Caroline Regina dos Santos

Mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento, Doutoranda em Biotecnologia pela UFG, Conselheira da OAB-GO, Presidente da Comissão de Direito Médico, Sanitário e Defesa da Saúde, Coordenadora do MBA em Direito Médico e Proteção Jurídica Aplicada à Saúde do IPOG.