A Reforma Trabalhista Brasileira aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República, Michel Temer em julho de 2017, trouxe uma série de inquietações à classe trabalhadora, o que é considerado uma reação natural em todo cenário que necessita de transformações. A reforma sacramentou pontos de flexibilização da relação de trabalho, e de afrouxamento de direitos concedidos há décadas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Entre os pontos elencados pelos especialistas como mais polêmicos estão:
- Fim da assistência gratuita na rescisão de contrato de trabalho;
- Autorização da dispensa coletiva sem intervenção sindical;
- Restrição de acesso à Justiça gratuita;
- Permissão para negociação coletiva de condições menos benéficas ao trabalhador do que as previstas em lei;
- Horas extras sem pagamento em home office.
No entanto, alguns pontos foram encarados com positividade, e traduzem o apelo de longa data da classe trabalhadora como:
- Possibilidade de parcelamento das férias em até três períodos;
- Garantia de condições igualitárias de trabalho para os terceirizados;
- Desburocratização para ter acesso ao seguro-desemprego e sacar o FGTS;
- Permissão da rescisão do contrato de trabalho perante comum acordo;
- Horário de almoço reduzido para 30 minutos, permitindo sair meia hora mais cedo do trabalho.
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Como encarar as mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista?
Primeiramente, é fundamental ao trabalhador entender que o mundo mudou, com isso as leis também precisaram acompanhar a evolução trazida com os novos formatos de trabalho estabelecidos pós CLT. Portanto, gostando ou não, as mudanças se fazem necessárias para atender ao novo cenário laboral. O trabalhador que melhor vai se adequar a essa Reforma é aquele que adotar uma postura mental aberta ao novo.
Estamos falando de um trabalhador que precisa ter visão sistêmica, que tenha disponibilidade para gerenciar sua carreira, investir no seu marketing pessoal, se mostrar necessário e fundamental para as empresas, conquistando assim possibilidades de negociar pontos que não gostou que fossem mudados, como o horário de almoço reduzido, por exemplo.
Esse formato mais rápido para as refeições funciona para alguns, mas para outros que utilizam o horário de almoço para realizar atividades paralelas como buscar filhos na escola, ir ao banco, entre demais atividades, pode sentir-se lesado.
O importante é que o trabalhador de sucesso neste novo cenário será aquele que cultivar bons relacionamentos, aquele que dominar o que faz e, por isso, terá o privilégio de escolher qual empresa quer integrar. Esse trabalhador tem a oportunidade de optar por empresas mais condizentes ao seu perfil e não precisará se submeter àquelas engessadas, que não possuem disponibilidade para negociar o melhor formato de execução do seu trabalho, e de desenvolvimento de todo o seu potencial.
Evolução do mercado de trabalho pós Reforma Trabalhista
Temos que entender que uma série de categorias já se encontravam em formatos mais flexíveis de trabalho antes mesmo da reforma ser desenhada, como as áreas de Direito, Medicina, Tecnologia da Informação, e de Gestão em geral. São profissionais que aprenderam a gerenciar suas carreiras e a progredir investindo em si mesmos.
Que têm consciência de que precisam planejar o futuro, a aposentadoria, e suas interrupções sempre que viajam a trabalho ou a lazer. Não dependem diretamente das amarras corporativas, que foram flexibilizadas nesta nova Reforma Trabalhista. Temos muito a aprender com os passos dados por esses profissionais.
Possivelmente, muitos trabalhadores atuais e do futuro não terão somente um emprego ou uma profissão exclusivas ao longo da sua vida. Vão migrar entre empregos, empresas e até ocupações. Na verdade, muitos tendem a assumir sua carreira sendo seus próprios patrões e passando a prestar serviço para empresas diversas. Uma das alterações aprovadas na nova Reforma Trabalhista diz respeito à valorização do trabalhador terceirizado, que passa a ter as mesmas condições de trabalho dos trabalhadores registrados.
Visão 360 graus das mudanças propostas
Aqueles que já adotavam a carreira autônoma não sentirão tão profundamente tais mudanças pois já viviam formatos mais flexíveis de trabalho do que os registrados em carteira. Os demais terão que se adaptar às novas regras, passando a tomar a frente de suas vidas financeiras, organizando receitas que garantam sua aposentadoria, enfim, não sendo dependente apenas de empresas e do governo. Estamos adentrando um cenário de total domínio de nossas carreiras e oportunidades.
Caberá ao trabalhador conferir o valor do seu trabalho e se mostrar indispensável naquilo que se propõe a fazer. Somente assim ele terá condições de negociar alguns pontos que deseja que estejam de acordo com suas necessidades. Ou até mesmo procurar empresas mais condizentes com seu perfil de trabalho, mais conservador ou flexível.
O mindset do trabalhador, ou seja, o seu modelo mental, precisa mudar, passando a se ver mais responsável pelas suas escolhas, e consequências dessas. O formato de trabalho ficou mais flexível e o que vai ser colocado em xeque nesta relação empregado/empregador a partir de agora será a sua entrega de competências.
Seu valor para o mercado e seus princípios falarão mais alto neste momento. Portanto, prepare-se para tomar as rédeas e se tornar um hábil negociador de oportunidades, pois as portas estão tanto mais fáceis de serem abertas, bem como fechadas também.
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