Cores: por que são tão importantes?
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Cores: por que são tão importantes?

Cores e Arquitetura

Afinal, o que é cor? Em resumo, podemos dizer que a cor é filha da luz. E como todos sabem, a vida sobre a Terra depende da luz, o maior exemplo disso é o Sol. Logo, já dá para gente começar a compreender porque as cores são tão importantes no nosso dia a dia.

E para explicar melhor como essa influência das cores acontece e porque é tão importante que o profissional de arquitetura e design esteja atento a isso, pedimos a ajuda do Arquiteto Urbanista e Designer de Interiores, Josivan Pereira. Entre as disciplinas ministradas por ele no IPOG está a de “Cor aplicada ao Design de Interiores”.

Segundo Josivan, podemos estudar as cores sob três aspectos, que precisam ser pensados em conjunto.

Aspecto físico

Acontece fora do ser humano, ou seja, independente da sua vontade. Tem a ver com as propriedades das cores, ou seja, propriedade de uma radiação eletromagnética, com comprimento de onda pertencente ao espectro visível, capaz de produzir no olho uma sensação característica. Isso significa que cor é a impressão que a luz refletida ou absorvida pelos corpos produz nos olhos.

Mas há também outros dois aspectos que têm a interferência humana como fator primordial na elaboração da percepção da cor.

Fisiológico

Tem a ver com as sensações provocadas pelas cores em nós, seus efeitos. Já reparou que alguns ambientes transmitem uma sensação de aconchego? Outros, por alguma razão, te deixam mais agitados.

A influência das cores escolhidas para compor estes ambientes pode ser fundamental na provocação dessas reações. Exemplo disso é como a cor do ambiente em que vivemos ou trabalhamos influencia no nosso estado psíquico e bem-estar.

Em casas, a presença de móveis e objetos em tons verde, azul-claro, violeta claro podem trazer calma. Já o vermelho, pode provocar irritação. Por isso, tudo isso precisa ser pensado pelo arquiteto e pelo designer ao pensar em um projeto.

Cultural

Este é sem dúvidas complexo, pois depende não apenas da relação com os demais aspectos, mas de uma espécie de autocompreensão. Somos influenciados pela nossa educação, gênero, crença, etnia, posição e atuação profissional. A percepção de cor é uma resposta produzida pelo indivíduo, é influenciada por fatores como a memória, a afetividade e a intenção do próprio observador.

A cor interfere no humor e cada pessoa reage a ela de forma diferente. Sua escolha, como já informamos, está associada às experiências, e assim revelam muito mais que afinidade, mesmo que existam diversas associações a respeito de determinadas cores.

As cores afetam os nossos ânimos, algumas nos deprimem e outras nos deixam felizes; certas cores nos fazem sentir afáveis e outras, frios. Se considerarmos que o azul é uma cor tranquilizadora, o preto e o cinza serão cores deprimentes.

Seleção das cores

A seleção das cores é algo muito pessoal. Todos nós temos nossas paletas de cores pessoais. São cores que consideramos apaixonantes, agradáveis, elegantes ou divertidas. Porém, como profissionais do design, temos que, frequentemente, trabalhar com cores que não nos sentimos muito à vontade. Sendo, portanto, importante compreender de que modo as cores se combinam e experimentam seus elos.

As cores frias possuem matizes azulados e esverdeados, em contrapartida, as cores quentes têm matizes amarelados e avermelhados, elas estão associadas a diferentes sensações.

Psicólogos registraram reações imediatas e mensuráveis à cor e estão interessados na formação de preferências de cor. Outra abordagem é traçar as raízes de preferências de cor à influência cultural.

Alguns teóricos da cor argumentam que a cor transcende as fronteiras culturais e geográficas.

O nível de discriminação cromático também varia entre as diferentes populações. Os valores afetivos da cor relacionam-se diretamente a seus usos socioculturais, e o próprio conceito de harmonia cromática varia de pessoa para pessoa, e de época para época com a mesma pessoa.

O ato de parar diante de um sinal vermelho, ao dirigir, por exemplo, não resulta unicamente da visão e sensação da cor em si, mas principalmente da interpretação de um significado atribuído a essa cor, num determinado contexto, de acordo com as regras de uma determinada cultura.

Com frequência as nossas associações mentais a respeito das cores procedem da história:

Violeta

Cor associada ao luxo. Devido às antigas leis que permitiam somente à nobreza custear o caríssimo pigmento púrpuro extraído de um tipo de concha do mediterrâneo.

As combinações de cores também possuem um significado cultural.

  • Vermelho + Verde
    São as cores tradicionais do natal.
  • Vermelho/ Laranja/ Amarelo / Marrom
    Em algumas culturas, marcam a diferença de temperatura para o outono.
  • Branco + Azul Marinho
    Se associam com temas náuticos.
  • Amarelo + Vermelho
    Geralmente são usadas nos restaurantes para despertar fome nos clientes.
  • Preto
    Cor do luto, da religião – o hábito dos padres e das freiras representa a negação simbólica da vida sexual.

Cores como metáforas

Símbolos de cor aparecem em imagens como metáforas. Alguns deles são partes de uma espécie de memória primordial, por exemplo, sinais vermelhos nos levam à excitação porque estão associados com sangue e fogo – sinais de perigo. Mesmo coberto com as armadilhas da vida moderna, o vermelho ainda recebe nossa atenção ao evocar respostas antigas.

Alguns símbolos de cor têm origens religiosas, como a representação da Virgem Maria em azul como um símbolo da verdade e da justiça. Vermelho, o símbolo cristão do sofrimento e da regeneração pode ser invertido e aplicado a uma mulher “Scarlet” do “distrito da luz vermelha”.

A cor pode ser usada por razões sociológicas ou políticas como na identificação tribal, cores das gangues, e uniformes dos soldados. Cores individuais têm significados simbólicos que evoluem ao longo do tempo.

Se você quer saber mais sobre as sensações provocadas pelas cores no teto, na parede e no piso, confira este infográfico.

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Sobre Josivan Pereira

Arquiteto Urbanista e Tecnólogo em Design de Interiores, Mestre pela Universidades de São Paulo, com foco no estudo da cor. Professor do IPOG nas Pós-Graduações Master em Arquitetura e Lighting e Design de Interiores – Ambientação e Produção do Espaço.