De acordo com a Resolução Conselho Federal de Psicologia 009/18, que estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI, no seu Art. 1o, a “Avaliação Psicológica é definida como:
Um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas”.
Qual a importância e benefícios da avaliação psicológica para a saúde de uma pessoa?
Conforme estabelecido na Resolução CFP 007/03, que trata do Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelos psicólogos, “os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até́a conclusão do processo de avaliação psicológica”.
Atualmente, existe um grupo grande de ferramentas dentro do campo de trabalho da Avaliação Psicológica. Entre elas, há um grupo de testes utilizados para avaliar de forma mais objetiva alguns aspectos psicológicos.
Dentro desse grupo, destaque é dado aos chamados testes psicológicos, pois são de uso restrito à área, podendo ser aplicados apenas por psicólogos regularmente inscritos em Conselho Regional de Psicologia.
Para que possam ser utilizados, esses testes precisam apresentar parecer favorável para uso e comercialização, emitido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Seus autores ou editoras responsáveis apresentam estudos que garantem que eles irão medir o que propõem, com o devido embasamento científico.
Sendo aprovados, passam a compor a lista de testes favoráveis pelo SATEPSI. De acordo com consulta realizada em julho de 2017, atualmente, são 173 os testes para avaliações psicológicas que estão neste grupo de aprovados.
Mesmo com sua comercialização e utilização autorizadas, os dados empíricos das propriedades do teste devem ser revisados periodicamente pelos autores ou responsáveis, não podendo o intervalo entre um estudo e outro ultrapassar:
- 15 (quinze) anos para os dados referentes à padronização;
- 20 (vinte) anos, para os dados referentes a validade e precisão, seguindo padrões determinados pela Resolução do CFP n. 006/2004.
Esta revisão garantirá que os testes continuem adequados e com embasamento científico para serem mantidos.
A professora do IPOG e Doutora em Psicologia, Lariana Paula Pinto, explica que trata-se de uma lista dinâmica, pois a todo momento autores podem submeter novos testes à avaliação do Conselho, bem como testes anteriormente favoráveis podem ser retirados da lista pela não atualização de seus estudos.
Além disso, conforme destacado na Resolução do CFP n. 002/2003, usar os testes que constam na lista de aprovados pelo SATEPSI é uma condição ética do psicólogo”.
De acordo com a padronização proposta pelo SATEPSI, os tipos de testes psicológicos podem ser:
- Escalas;
- Inventários;
- Questionários;
- Métodos projetivos/expressivos.
Qual a importância dos testes na Avaliação Psicológica?
Os testes psicológicos são extremamente importantes para que o profissional tenha ferramentas mais objetivas e com respaldo científico. Lariana esclarece que:
Esses testes são úteis porque vão trazer algumas informações de maneira mais objetiva; informações que talvez o profissional levasse mais tempo para levantar, caso não recorresse a elas”.
Por exemplo, se o psicólogo busca avaliar aspectos comportamentais para a contratação para um cargo, pode recorrer a informações sobre os traços de personalidade.
Diante disso, para melhor compreensão deste aspecto [traços de personalidade] nos seus candidatos, recorrerá a medidas psicológicas que possuam evidências científicas (teóricas e empíricas), e que oferecerão informações para a melhor decisão: a escolha do candidato que melhor se ajusta ao perfil desejado.
Outro exemplo. No caso de uma avaliação psicológica para investigação de sintomas depressivos, o psicólogo não fará o diagnóstico a partir de um único teste, mas poderá utilizar essa ferramenta para mapear alguns sintomas depressivos apresentados pelo paciente.
A partir dessas informações, somadas a informações levantadas por outras ferramentas, como observação, entrevista ao paciente e entrevista a terceiros, o psicólogo terá mais propriedade para apontar indicadores para um diagnóstico ou não, e, consequentemente, sugerir a melhor terapêutica.
Além, é claro, do trabalho conjunto com outros profissionais. Neste caso, por exemplo, a avaliação de um psiquiatra.
Como escolher o teste ideal para uma Avaliação Psicológica específica?
Agora que já sabemos o objetivo dos testes psicológicos e como eles são importantes no processo da avaliação psicológica, vem a dúvida: como escolher o teste ideal em meio a uma lista tão vasta? Como avaliar condições específicas.
Lariana Paula Pinto explica que o primeiro passo é verificar quais os testes disponíveis na lista do SATEPSI. “Isso pode ajudar o profissional a identificar quais opções para avaliar um determinado aspecto”, ela lembra.
Mas se você ainda tem receio na hora de escolher um teste, a professora do IPOG e Doutora em Psicologia separou 4 dicas:
Saber o quê deseja avaliar
Identifique que aspecto psicológico pretende avaliar (personalidade, déficit de atenção, sintomas depressivos, entre outros).
Sobre este assunto, quais são os testes disponíveis?
Hora de consultar a lista do SATEPSI para verificar algumas opções.
Conhecer as propriedades psicométricas dos testes
Entre os que você identificou serem relacionados ao aspecto psicológico que será avaliado, entenda quais atendem a sua demanda para aquele momento específico. Por exemplo, determinado teste é voltado para que faixa etária? Há testes voltados para o público adulto, e não necessariamente para e vice-versa.
Além disso, o teste tem estudo de validade para determinado contexto, com evidências científicas para as informações que estou buscando, como por exemplo, para alguns grupos clínicos (finalidade diagnóstica)? Faça perguntas.
Bom preparo do profissional
Não adianta ter boas ferramentas se o psicólogo não sabe usá-las. Então, é preciso saber como utilizar cada um desses testes psicológicos, buscando compreendê-los integralmente, considerando todo processo de aplicação, correção e interpretação, assim como seus estudos psicométricos e embasamento teórico. Seguindo essas etapas, será possível identificar o teste mais adequado para cada avaliação psicológica.
Lembrando que eles [os testes psicológicos] nos dão informações pontuais
Considerando a soma dessas informações, o psicólogo chegará a uma tomada de decisão na avaliação. Vamos a um último exemplo: a avaliação para diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Uma demanda presente no universo da avaliação psicológica infantil. Lariana explica que:
Quando se fala em usar testes, não é que exista um teste específico para a avaliação do TDAH, mas significa que vamos usar algumas ferramentas para avaliar algumas funções e a partir dessa avaliação global, o profissional poderá apontar a existência ou não de indicadores para o diagnóstico”.
Neste caso específico, por exemplo, é preciso fazer tanto uma avaliação cognitiva, como aspectos comportamentais e emocionais. Incluindo avaliação da atenção, como é o processo de aprendizagem da criança na escola, quanto a leitura, escrita, outras habilidades específicas; bem como aspectos relacionados a comportamento apresentados em casa e na escola.
Por fim, vale destacar que as quatro etapas apresentadas acima não são utilizadas apenas em um ambiente clínico, mas também em qualquer contexto em que a avaliação psicológica esteja presente como na seleção de pessoas, candidatos à CNH, permissão para porte de arma de fogo; pois é preciso saber o que você quer avaliar, dentro do que você precisa avaliar. Assim, se utilizam todas as etapas da mesma maneira.
Quais cuidados com o paciente o profissional deve tomar antes de aplicar um teste psicológico?
Com base na Resolução CFP 009/2018, no seu Art. 2o:
“Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação)”.
A aplicação de testes psicológicos de forma coletiva tem a mesma eficácia e validade que a aplicação de testes realizados de forma individualizada?
A Dra. em psicologia explica que alguns testes, baseados em seus estudos empíricos e evidências de validade desenvolvidos no processo de construção e desenvolvimento, possuem padronização que admite aplicação tanto coletiva e como individual.
Por outro lado, também a partir de estudos realizados, há testes que possuem apenas a modalidade de aplicação individual, devido, principalmente, à natureza e às condições de aplicação exigidas pelo instrumento.
Seja na modalidade de aplicação coletiva ou individual, todos os cuidados éticos (seleção do instrumento, acolhimento, rapport, instruções, entre outros aspectos) e de infraestrutura (material original do instrumento, materiais acessórios, ambiente de testagem, entre outros) devem ser seguidos rigorosamente pelo aplicador, para garantir um bom processo de avaliação.
Quais os principais cuidados a serem seguidos na elaboração de um relatório/laudo psicológico após a avaliação?
A Resolução do CFP 007/03 apresenta alguns cuidados a serem tomados na elaboração de qualquer documento psicológico. Quanto aos princípios éticos, a psicóloga e o psicólogo baseará suas informações considerando o que está disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo, atentando-se para elementos como os cuidados “nas suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a justiça e ao alcance das informações – identificando riscos e compromissos em relação à utilização das informações presentes nos documentos em sua dimensão de relações de poder”.
Em relação aos princípios técnicos a psicóloga e o psicólogo devem considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. Além disso, “devem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito da pessoa ou grupo atendidos, bem como sobre outros materiais e grupo atendidos e sobre outros materiais e documentos produzidos anteriormente e pertinentes à matéria em questão”.
No que diz respeito à linguagem, o documento deve apresentar uma redação bem estruturada e definida, expressando o que se quer comunicar, além de restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, não apresentando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico.
Confira as áreas onde existe uma grande demanda pela Avaliação Psicológica:
Seleção de Pessoas (Psicologia Organizacional e do Trabalho) |
Clínica |
Escolar |
Psicologia do Trânsito |
Quer se preparar para atender essas demandas de mercado? Conheça a especialização em Avaliação Psicológica do IPOG.