Como é realizado o trabalho de perícia em local de crime?

Close-up of forensic scientist preventing evidence of crime

A perícia em local de crime é considerada o “berço” da Criminalística. É geralmente o ponto de partida de uma investigação e é o espaço que se encontram vestígios que se transformam em provas para condenar ou inocentar um suspeito. No local de crime, seja ele um espaço físico ou virtual, o perito tem a função de analisar a cena, buscar e analisar vestígios que contribuam para esclarecer o crime, indicando os autores e a dinâmica dos fatos.

Quer se aprofundar mais nesse tema e saber em detalhes de como é realizado o trabalho do perito em um local de crime? Esse artigo foi preparado especialmente para contribuir com o seu conhecimento nesse assunto. Boa leitura!

Análise de vestígios no local de crime

A análise de vestígios no local de crime é de suma importância para o andamento da investigação. Um grande exemplo, caso que chocou e entristeceu todo o país, é a morte da pequena Isabella Nardoni, de 5 anos, que foi jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo pelo seu pai com a ajuda da madrasta em 2008.

A partir da análise dos vestígios no apartamento (local do crime) de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi possível encontrar provas, como o buraco na tela de proteção, as pegadas na cama, as manchas de sangue e as marcas da tela de proteção na camisa do pai,  que comprovaram a autoria do crime pelo casal.

Como é feita a perícia em locais de crime?

A perícia em locais de crime deve ser minuciosa e seguir os seguintes procedimentos:

  1. Isolar e preservar o local de crime;
  2. Avaliar se o local de crime está devidamente isolado e preservado;
  3. Observar minunciosamente o local do crime antes de entrar no espaço;
  4. Reunir com a equipe de peritos para analisarem e definirem a melhor forma de iniciar o processamento do local. No local do crime deve haver no mínimo dois peritos para executar o trabalho;
  5. Escolher o método de busca de vestígios: linha, linha cruzada, espiral ou quadrante.
  6. Marcar os vestígios encontrados;
  7. Anotar, registrar e documentar todos vestígios encontrados,  por meio de: fotografia, descrição narrativa (escrita, áudio ou vídeo), e croqui da cena;
  8. Coletar os vestígios de acordo com as técnicas adequadas para preservar as características de cada item, seja ele biológico, físico ou químico;
  9.  Após a coleta, reunir com a equipe para checar se o trabalho realizado até então foi suficiente;
  10. Encaminhar o material coletado para análise pericial em laboratório de criminalística;
  11. Lembrar de cumprir a cadeia de custódia;
  12. Liberar o local.

Principais orientações para a perícia em local de crime:

  • Ter cautela;
  • Registrar todos os vestígios antes da coleta e constatações;
  • Analisar criticamente se os vestígios são vulneráveis à degradação;
  • Utilizar materiais adequados para coletar os vestígios;
  • Embalar e transportar os vestígios adequadamente;

A cadeia de custódia tem uma importância fundamental na perícia em locais de crime, visto que, a documentação cronológica dos vestígios poderá ser utilizada como prova.

Principais equipamentos utilizados pelos peritos no local de crime:

Para executar a perícia em locais de crime em ambiente físico, os peritos contam com uma maleta composta com os seguintes materiais e ferramentas:

  • Cianoacrilato e pós diversos para revelação de impressões digitais , lâminas, fitas adesivas e outros materiais para a coleta de impressões digitais;
  • Lanternas com diferentes comprimentos de onda para visualizar vestígios latentes (não visíveis a olho nú)
  • Luminol e outros materiais para testes e identificação de sangue;
  • Trena digital;
  • Paquímetro;
  • GPS;
  • Embalagens para coleta e transporte de vestígios;
  • Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para cada tipo de ocorrência (luva, máscara, óculos, jaleco, etc.);
  • Lupa;
  • Pincéis, pinças, tesoura;
  • Escalas;
  • Marcadores de vestígios;
  • Pranchetas e canetas;
  • Reagentes para análise e identificação de entorpecentes;
  • Materiais para suporte;
  • Máquina fotográfica;
  • Notebook.

Para realizar esse trabalho o perito precisa pertencer a algum órgão de perícia oficial competente, ser capacitado e treinado com as técnicas de investigação em local de crime, ser observador, dinâmico, detalhista, ter cuidado, atenção, preparo físico e psicológico e saber trabalhar em equipe.

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Recomendação de leitura

Se você tem interesse de se aprofundar mais nesse assunto, a nossa sugestão é a leitura do livro “Locais de Crime – Dos Vestígios à Dinâmica Criminosa”, dos Peritos Criminais Federais e professores do IPOG Jesus Antonio Velho e Clayton Tadeu Mota Damasceno.

Na obra você conhecerá técnicas, conceitos e procedimentos aplicados ao processamento pericial de locais de crime, com desenhos esquemáticos de procedimentos, análises de casos, imagens e fotos em cores. É um verdadeiro tratado sobre Locais de Crime, imprescindível para o profissional que atua ou tem o interesse de atuar na área forense. Você pode adquirir o livro aqui.

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Walber Pinheiro: Doutorando em Ciências da Informação pela Universidade Fernando Pessoa em Porto (Portugal) e coordenador do curso de Computação Forense e Perícia Digital do IPOG.