Objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU: construções eco-friendly como resposta para o futuro

De acordo com publicação feita pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050, a população mundial atingirá cerca de 9,7 bilhões de pessoas. Isso representaria um aumento de 26% em relação ao número atual.

Além desse aumento, será preciso se preocupar também com a concentração populacional em determinadas localidades. Atualmente, metade da população do planeta ocupa áreas urbanas. Em 2050, dois terços de toda humanidade estará ocupando essa posição.

Pensando nisso, a ONU elaborou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que deverão ser implementados até 2030. Eles versam sobre qualidade de vida e a construção de um futuro sustentável para o planeta. 

Nesse sentido, se tornará cada vez mais imprescindível para os profissionais ponderar soluções para o desenvolvimento sustentável das construções.

Para entender melhor sobre o tema e o papel da infraestrutura no desenvolvimento da humanidade, elaboramos este artigo! Nele, você vai encontrar:

  • o que são os ODS da ONU;
  • como eles irão impactar a sociedade;
  • o papel da infraestrutura no desenvolvimento sustentável;
  • construções inteligentes como solução.

O que são os ODS da ONU e quais são os seus objetivos?

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pensados pela ONU consistem em um plano de ação que tem como intuito impactar as diversas áreas da sociedade, como pobreza, educação, moradia, vida terrestre etc.

Essas ações foram estipuladas em 2015, quando líderes mundiais se reuniram na sede da ONU, em Nova York, e determinaram tais planos como a Agenda 2030. Se o objetivo for alcançado, essa geração será a primeira a erradicar a pobreza extrema e combater os efeitos da mudança climática.

Os 17 ODS são:

  1. erradicação da pobreza;
  2. fome zero e agricultura sustentável;
  3. saúde e bem-estar;
  4. educação de qualidade;
  5. igualdade de gênero;
  6. água potável e saneamento;
  7. energia acessível e limpa;
  8. trabalho decente e crescimento econômico;
  9. indústria, inovação e infraestrutura;
  10. redução das desigualdades;
  11. cidades e comunidades sustentáveis;
  12. consumo e produção responsáveis;
  13. ação contra a mudança global do clima;
  14. vida na água; 
  15. vida terrestre;
  16. paz, justiça e instituições eficazes;
  17. parcerias e meios de implementação.

Para cada uma dessas ODS, são definidas ações de impacto referentes à sua área de atuação.

#ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis

Para este artigo, o interesse está no ODS 11, que versa sobre o crescimento de cidades e a  capacidade que elas têm de abarcar a população de forma segura e inclusiva, passando por temas como transporte, qualidade de vida, pessoas em situação de vulnerabilidade etc.

Algumas das ações a serem seguidas são:

  • garantir o acesso à habitação segura;
  • urbanização das favelas;
  • proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis e sustentáveis;
  • proteção às pessoas em situação de vulnerabilidade;
  • redução de impactos ambientais negativos;
  • fazer uma boa gestão de resíduos e outros.

Como as ODS irão impactar a sociedade?

A ONU acredita que cidadãos, órgãos governamentais e empresas privadas são fundamentais para que essas ODS sejam colocadas em prática. Cada uma delas tem sua porção de responsabilidade para tornar possível alcançar os objetivos planejados.

Atualmente, 41% das 800 empresas que fazem parte da Rede Brasil do Pacto Global já possuem iniciativas para alcançar a meta de mudança que estipularam. Esse dado é proveniente de um documento emitido pelo Comitê Brasileiro do Pacto Global. 

(Reprodução: ONU)

“Empresas alinhadas aos ODS têm mais vantagens competitivas, estão mais preparadas para atender às necessidades de seus clientes, relacionam-se melhor com a sociedade, com governos e políticas públicas”, afirma o secretário executivo do Pacto Global, Carlo Pereira.  

A Rede Brasil do Pacto Global é uma iniciativa lançada em 2000, com o intuito de convocar empresas a alinhar suas estratégias com 10 princípios universais dos Direitos Humanos. Hoje, é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo e conta com mais de 13 mil membros em 160 países.

Iniciativa Plataforma Verde é finalista do Prêmio ODS

A Plataforma Verde é um case de sucesso quando o assunto é desenvolvimento sustentável no Brasil. A iniciativa, inclusive, concorre ao Prêmio ODS, que reconhece práticas empresariais que contribuem para o alcance dos objetivos globais.

O software atua no controle e segurança do gerenciamento ambiental e utiliza o conceito de blockchain na criptografia, rastreabilidade e compliance de informações referentes ao gerenciamento de resíduos sólidos e indicadores ambientais. 

Construtoras que utilizam a plataforma podem, por exemplo, garantir o controle da geração interna de materiais, ter informações acerca de requerimentos legislativos e rastrear todas as atividades de descarte e destinação desses resíduos.

De acordo com a plataforma, os resultados obtidos com a utilização foram:

  • o aumento de 28% para 97% na destinação de resíduos para receptores licenciados;
  • foi notado a redução de 2% da geração de resíduos em indústrias;
  • 30% de maior eficiência na coleta por transportadores.

Estes dados mostram a importância da participação de empresas no desenvolvimento sustentável e as possibilidades de atuação.

O papel da infraestrutura no alcance do desenvolvimento sustentável

 

A infraestrutura é parte fundamental ao se pensar em desenvolvimento econômico e progresso de um país. Afinal, nela estão contidos aspectos como saneamento, transporte, energia e telecomunicação. 

No entanto, a pergunta que fica para os profissionais é como pensar no desenvolvimento dessas estruturas sem comprometer a conservação ambiental e o impacto de recursos naturais esgotáveis.

Nesse sentido, é importante pensar que o progresso e o desenvolvimento sustentável devem andar lado a lado no momento de elaborar novas construções e soluções arquitetônicas em cidades. Em um futuro próximo, não será apenas uma opção, mas uma necessidade pensar em soluções baratas para o impasse citado no parágrafo anterior.

Infraestrutura verde: o que é?

Com essa urgência, algumas palavras já começam a se popularizar na rotina de profissionais que lidam com construções sustentáveis, como infraestrutura verde e green building.

A infraestrutura verde é um conceito crescente na Europa e visa a conservação da biodiversidade, permanência de ecossistemas, redução de ocorrência das catástrofes naturais e contribuição para a solução de mudanças climáticas.

Esses preceitos são aplicados no momento de pensar a construção de estruturas de uma cidade, como prédios, rodovias, viadutos, tubulações e tudo o que esteja envolvido no cenário de cidades.  

Desse modo, esse tipo de abordagem põe a cidade em conexão com elementos naturais, priorizando a arborização viária, instalação de corredores verdes, impermeabilização do solo, drenagem de águas pluviais, controle de temperatura e outras soluções.

Para isso, são lançados diversos recursos que irão contribuir para esses objetivos. A tecnologia, por exemplo, tem sido uma grande aliada no momento de pensar o desenvolvimento sustentável e o progresso urbano.

Confira, a seguir, como as construções inteligentes eco-friendly irão contribuir com os objetivos globais!

Construções inteligentes e a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável

Os chamados “edifícios inteligentes” não são mais algo tão distante. É comum o pensamento de que tudo o que é tecnológico e não-usual é caro, no entanto, esses prédios têm sido uma solução em sustentabilidade e custos.

Combinando tecnologias sustentáveis e saudáveis, esses edifícios são capazes de:

  • reduzir o consumo de água;
  • garantir a melhor eficiência energética;
  • atuar no tratamento de água para uso dos moradores;
  • reduzir custos operacionais e materiais;
  • agir no controle de temperatura, luminosidade, umidade e outros.

Hoje, não é raro encontrar esses edifícios, principalmente no Brasil. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são os maiores investidores no país nesse tipo de construção.

Eldorado Business Tower

O Eldorado Business Tower é um exemplo de edifício inteligente construído no Brasil. Ele é uma das maiores referências no assunto e não poderia ser diferente.

O edifício começou a ser construído em 2006 e alia sistemas altamente tecnológicos com aspectos ecológicos sustentáveis.

Os elevadores do edifício são ultramodernos e reduzem o consumo de energia elétrica utilizando um sistema regenerador de energia.

Funciona assim: a partir de um dínamo, um elevador compensa o outro em cada chegada e partida. Quando um está acelerando e o outro freando, aquele que está freando gera energia para o que está acelerando. Esse dispositivo permite economizar de 40% a 50% da energia utilizada. 

Além disso, o edifício possui sistema de coleta e tratamento de água da chuva e daquela descartada por ar-condicionado. Essa água é utilizada para alimentar o espelho d’água e os vasos sanitários do prédio. Para completar, os banheiros são equipados com descarga dual-push.

Torre Santander

A sede do Grupo Santander é outro exemplo de edifício sustentável e tecnológico. Seguindo a linha do Eldorado, o prédio investe no reaproveitamento de água da chuva e do ar-condicionado.

O edifício inteligente possui integração e monitoramento dos seus sistemas de iluminação, ar-condicionado e hidraúlico. As salas também possuem controle de emissão de gás carbônico e conta com sistema de compostagem de lixo orgânico. No total, o prédio consegue produzir 500 kg de lixo diariamente que são posteriormente transformados em 120 kg de biomassa.

Esses são apenas dois exemplos de construções brasileiras ecológicas e possibilidades de uma infraestrutura que contribuem com o desenvolvimento e, ao mesmo, com o meio ambiente.

O profissional que está inteirado das últimas tendências e possui visão ampla da sua área de atuação estará pronto para atuar no mercado de trabalho do futuro!

E você, qual a sua opinião sobre as construções inteligentes?

Se você se interessa pelo tema, também não deixe de conferir estes três artigos:

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Até a próxima!

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Sérgio Botassi dos Santos: Doutor em Construção Civil pela UFRGS; Engenheiro Civil e Mestre em Estruturas pela UFES; Consultor em estruturas de concreto e Gestão de riscos pela empresa SBS Consultoria em Engenharia; Perito em obras civis; Engenharia de barragens por Furnas Centrais Elétricas; Experiência em Controle Tecnológico e acompanhamento de obras; Professor de Pós-Graduação desde 2008; Possui mais de 30 artigos nacionais e internacionais publicados na área de construção civil; Coautor de Capítulos de Livro sobre Tecnologia do Concreto pelo IBRACON; Autor do Livro "Fluência do Concreto - Análise nas Primeiras Idades e Efeitos de Adições e Aditivos" pela Editora NEA; Colaborador na segunda edição do Livro Internacional Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais dos autores Paulo Monteiro e Kumar Mehta. Agraciado com o título de Melhor Tese de Doutorado do Ano de 2011 emitido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.