Netflix, Amazon Prime Video, HBO Go, Globoplay e outros serviços de streaming estão cada dia mais populares, deixando os usuários com numerosas opções em entretenimento e ditando tendências de mercado.
O streaming é uma tecnologia de transmissão de dados multimídia on-line, especialmente conteúdo audiovisual, que é acessado por meio de computadores, smartphones, TVs e outros devices. O serviço pode ser gratuito, quando há anúncios, ou pago e/ou premium, uma forma de monetização.
Quando o assunto são séries e filmes, a Netflix segue na liderança tanto em valor de mercado (US$ 158 bilhões) quanto em popularidade.
No entanto, esse cenário é cada vez menos confortável, já que o lançamento do serviço Disney+ atraiu milhões de usuários antes mesmo de ser lançado em escala global.
Embora a pandemia tenha estabilizado a disputa a favor da conhecida Netflix, outras mudanças têm atraído a atenção para o serviço da Disney: a decisão da empresa de lançar o filme Mulan, que custou US$ 200 milhões, direto em sua plataforma de streaming, em modo VoD (Video on Demand).
Pensando em entender melhor as tendências dessas empresas gigantes em marketing, seus impactos, sobretudo na indústria do cinema, e as expectativas que Disney+ e Mulan geram, elaboramos este artigo.
O atual cenário do streaming mundial
O cenário do streaming mundial está em franca ascensão. Segundo relatório da Business Wire, a projeção de crescimento do setor de 2020 a 2024 é de 18% ao ano. Há uma expectativa de crescimento incremental de quase US$ 150 bilhões.
Com as medidas de isolamento pela COVID-19, houve também alta no consumo desse tipo de serviço. Levantamentos sobre os meses iniciais de 2020 apontam que o Brasil teve uma alta de 72% no uso desse tipo de serviço, contra 42% nos Estados Unidos. Vale lembrar que esse cenário é impactado pela presença massiva de smartphones.
Esse cenário de alta nos serviços de streaming tem gerado novos hábitos de consumo, mas também muitas tensões e debates, como as que ocorrem com relação ao cinema.
Quando a Netflix surgiu, e depois começou com as produções originais, muito se especulou sobre o impacto negativo sobre a indústria cinematográfica. Festivais e premiações ainda são palco de embates entre detratores e apoiadores dessas plataformas.
A questão é que o faturamento dos serviços de streaming de audiovisual já tinha expectativa de superar as bilheterias bem antes da crise; assim, esse processo pode estar em aceleração.
Dessa forma, a indústria cinematográfica tem diante de si o desafio de buscar soluções e se adaptar ao novo contexto. Afinal, além da questão do streaming, há de se pensar em como gerar confiança para o retorno às salas de cinema.
Contudo, há estúdios dispostos a apostar no VoD, modo no qual o usuário paga e aluga/compra o acesso ao filme. Caso esse movimento obtenha êxito, pode mudar bastante coisa na cadeia cinematográfica, especialmente para as exibidoras.
Disney+ no Brasil: quais os impactos?
O serviço Disney+ já conta com mais de 60 milhões de usuários nos EUA e será lançado na América Latina no dia 17 de novembro. O valor oficial da assinatura ainda não foi anunciado, mas especulações apontam que poderia ser R$ 28,90/ mês ou R$ 294,90/ano.
O Disney+ tem tudo para ser uma excelente opção para os usuários brasileiros, afinal certamente trará um catálogo extenso e de qualidade, contendo animações, séries e filmes originais pelos quais o público anseia. Resta saber se o valor será acessível e compatível ao que é oferecido.
Além disso, essa presença força os players nacionais e internacionais a elevar o padrão de qualidade. Em todo caso, a tendência é que, com mais players, os valores de assinatura caiam e os usuários passem a montar o seu mosaico de opções, transitando ao longo do tempo em função dos conteúdos mais atraentes.
Disney estreia Mulan no streaming
A Disney anunciou no dia 4 de agosto que a versão live action de Mulan irá diretamente à Disney+, como VoD, em mercados selecionados, como EUA e Canadá. O aluguel do filme custará US$ 29,99, um valor extra sobre serviço, que custa US$ 6,99/mês. O filme estará disponível dia 4 de setembro.
Essa foi uma resposta de adaptação ao momento: a produção de US$ 200 milhões teve seu lançamento nos cinemas adiado diversas vezes em função da pandemia; assim, diante das incertezas e das receitas em queda (parques temáticos e outros negócios tradicionais da marca foram afetados pela crise), essa foi a solução.
Como blockbuster e pelo investimento no plano de marketing, a expectativa era que Mulan monetizasse bem nas salas, especialmente no grande mercado da China. No entanto, agora resta aguardar e ver o que esse “teste” de um dos maiores estúdios de Hollywood vai gerar.
VoD
O VoD já é um modelo de relevância no mercado asiático. Embora não seja o principal meio de distribuição, apresenta potencial interessante para se recompor diante da impossibilidade de poder usufruir da cadeia tradicional (estúdios e produtores independentes + exibidores).
Um recente artigo da Forbes americana trouxe uma análise interessante, baseada em números, sobre como o lançamento em streaming, pelo VoD, poderia surpreender e gerar ainda mais lucros do que se não houvesse crise.
Com base em projeções realizadas sobre o box-office que o filme teria nos EUA e comparando com as receitas do live action de A Bela e a Fera, além das receitas das versões animadas de cada filme, em um cenário confortável, o lucro teria sido de US$ 84 milhões.
Já no modelo VoD, a Disney só precisa que 14,47 milhões de assinantes alugue o filme para chegar ao mesmo valor de US$ 84 milhões. Isso sem o lucro das salas, porque, nos países onde o cinema estiver reaberto, o filme será lançado normalmente em datas a ser anunciadas.
Apesar do caráter especulativo, a análise permite ver como os resultados podem significar uma mudança no modelo de negócio que certamente afetará, e muito, os cinemas.
O que pode mudar para o cinema a partir desse outro modo de consumir conteúdo proporcionado pelo streaming?
Como dissemos, a cadeia é composta de estúdios, produtores independentes e distribuidores. Juntos, eles formam um elo entre produção e circuito exibidor. Com novas possibilidades atuando sobre essa cadeia, podemos supor pelo menos uma importante mudança nos processos de negócios:
Janelas de exibição menores
A janela de exibição é o tempo que as salas têm para exibir e lucrar com os filmes. Antigamente, esse período era de meses. Apostando em blockbusters, por exemplo, os exibidores tinham como recuperar o investimento em lançamento e promoção.
Assim, a tendência é que, com essa pressão do streaming, os períodos de exibição se tornem cada vez mais curtos. E talvez, por serem experiências diferentes de consumo, cheguemos ao lançamento simultâneo nas salas e plataformas de streaming.
Como exemplo sobre essa tensão na cadeia de cinema, podemos citar o caso do filme O Irlandês, de Martin Scorsese, no qual poucos exibidores apostaram por causa da curta janela de exibição oferecida pela Netflix.
Já nos Estados Unidos, a rede AMC ameaçou boicotar o estúdio Universal depois que a empresa também cogitou preterir as salas em função do seu serviço streaming com VoD, chamado Peacock. Como resultado, a rede fechou um acordo com o estúdio, reduzindo a janela de exibição para 3 fins de semana.
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O cinema vai acabar?
Apesar do futuro ainda incerto, a história nos permite dizer que o cinema não vai acabar. A crise de 1929, as duas grandes guerras mundiais e mesmo o surgimento do streaming impuseram à cadeia cinematográfica desafios aos quais houve adaptação.
Assim, mesmo com o medo e a ressaca de confinamento, a seu tempo, é possível que, na condição de seres sociais, que precisam da experiência conjunta, voltemos a buscar e a criar expectativas em torno da experiência de ir ao cinema.
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