Qual é a história do Coaching?

história do Coaching

Entender a história do Coaching, conhecê-la e preservá-la são ações essenciais para a humanidade. Por meio dela conhecemos o passado, entendemos o presente e podemos projetar um futuro a partir dos processos identificados.

E interessante é pensar como a história em geral possibilita o entendimento de como surgem as coisas e os seus processos evolutivos. Nesse sentido, este artigo pretende trazer uma breve explicação sobre a história do coaching, sua origem, curiosidades e funcionalidade.

O coaching é um conjunto de técnicas, conhecimentos e ferramentas que permite o desenvolvimento de pessoas plenamente conscientes, levando-as a alcançarem objetivos na vida pessoal, social, espiritual e profissional. Mas como há de se esperar, ele não surgiu da forma como o conhecemos hoje.

A origem dos termos Coaching e Coach

A palavra coaching é algo que remete a idade média, vocábulo que definia os condutores de carroças ou carruagens, os chamados cocheiros, pessoas que conduziam passageiros aos seus destinos.

De acordo com a coordenadora do MBA Coaching Essencial Aplicado do IPOG, Dorothy Irigaray, é possível conferir essa versão na tese de doutorado da norte-americana Vikki Brock, que traçou uma pesquisa sobre a história do coaching.

Além disso, como explica Dorothy a partir do trabalho de Vikki Brock, o nome da cidade onde foi criada uma carroça “com molas mais rápidas e confortável”, chama-se Kocs, uma cidade postal da Hungria. Devido a sonoridade ao pronunciar o nome do município húngaro, a palavra “Kocs” ao ser introduzida em outras línguas até originar o termo “coach”.

Já no século XIX, por volta de 1830, em Oxford, Inglaterra, a palavra coach passou a ser usada em um sentido depreciativo para identificar professores e tutores particulares que, apesar de não serem efetivos na instituição, acompanhavam alunos e os preparavam para as provas finais.

Assim,  a ideia do coach como um profissional que acompanha outro indivíduo para desenvolvê-lo começou a ser pensada”, explica Dorothy.

Importante dizer que a palavra coaching define a metodologia, o conjunto de técnicas, habilidades e ferramentas aplicadas ao processo de desenvolvimento da pessoa. Por sua vez, a palavra coach denomina o profissional que ensina e conduz o coaching. E a palavra coachee remete ao cliente, a pessoa que pratica essa metodologia.

A contribuição da Psicologia no surgimento do Coaching

A partir do final do século XIX, quando a psicologia começou a imergir da filosofia e de outras ciências sociais, e teorias surgiram sobre treinamento, motivação e estrutura organizacional, várias abordagens foram levantadas a fim de explicar e auxiliar o ser humano em seu desenvolvimento na área da saúde, mais especificamente na cura de doenças psíquicas.

Na história do coaching, foi nas décadas de 1930 a 1950 que surgem os primeiros conselheiros, profissionais da psicologia organizacional que orientavam e acompanhavam executivos. Além disso, esses mesmos conselheiros passaram a treinar vendedores através do que chamamos hoje de coaching de vendas, para que pudessem aumentar seus resultados.

Anos depois, nas décadas de 1960 e 1970, a psicologia iniciou um processo de transformação, saindo de um modelo básico, voltado para a cura de doenças, e entrando em uma ideia de crescimento humano.

Dessa forma, iniciam-se os trabalhos de programas de liderança, focados no desenvolvimento profissional de pessoas, em uma vertente ainda muito ligada à psicologia.

A contribuição da filosofia

Uma contribuição central na história do coaching está na filosofia. Segundo Dorothy, o coaching é uma descoberta guiada por um profissional preparado para isso. “Não é uma instrução, uma orientação, é um acompanhamento de descoberta e de construção de ferramentas e de recursos internos para o indivíduo ter mais estratégias que o ajude a lidar com os desafios do dia a dia”, explica.

E essa descoberta guiada tem origem na filosofia, principalmente na filosofia grega, cujo expoente é Sócrates. “Ele que fazia essa descoberta guiada, de não dizer para as pessoas o que elas tinham de pensar, mas de ajudá-las a dar luz às ideias”.

E a raiz do coaching está, a partir disso, na condição de levar o indivíduo ao seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.

A aplicação do Coaching em distintas áreas

Com o passar dos anos o coaching foi tomando novas formas, se aperfeiçoando, e vários profissionais enxergaram nele a possibilidade de trabalhar o desenvolvimento humano em distintos aspectos. Nesse sentido, surgiram trabalhos de coaching voltados para a saúde, para a vida do indivíduo como um todo, dentre outros. Confira:

1. Coaching de Vida

O trabalho é voltado para todas as áreas da vida do indivíduo, no sentido de trazer mais satisfação, maior eficácia ao lidar com problemas, mais equilíbrio entre diferentes aspectos: lazer, espiritualidade, trabalho, finanças… a ideia do coaching de vida é cuidar do bem-estar.

2. Coaching na área de Educação Física

Com o aumento da preocupação em cuidar da saúde do corpo, surgiu o coaching de performance física, atuando no treinamento e no fortalecimento de esportistas, por exemplo. Há também o coaching de emagrecimento, uma vez que a obesidade tornou-se um dos principais problemas de saúde no mundo ocidental, principalmente.

3. Coaching na área financeira

Devido às complexidades do universo corporativo, surgiu também o profissional que atua com o coaching financeiro, de carreira, que auxilia líderes, gestores e diretores a melhorarem suas performances no ambiente de trabalho e, consequentemente, gerar melhores resultados e benefícios para a empresa.

Atenção para as ampliações indevidas do coaching! 

Sem dúvidas, como aponta a professora, o coaching tem se modificado, se ampliado e se popularizado bastante nos últimos anos. No entanto, esse fator abre brechas para muitas pessoas ampliarem essa metodologia de forma indevida.

Como o coaching tem tido muito acesso porque, de fato, ele chega num momento de muita demanda por desenvolvimento do indivíduo, as pessoas criam possibilidades que não são, necessariamente, aplicáveis ao coaching. Por exemplo, não se faz coaching com criança, pois é uma metodologia que trabalha com um indivíduo cuja capacidade cognitiva, crítica e autonomia de decisão estão amplamente desenvolvidas”, explica Dorothy.

É importante levantar esse ponto pois o indivíduo precisa ter consciência do processo e ter condições de lidar com as consequências, uma vez que se trabalha com a descoberta guiada, com o pensamento racional e a aplicação prática de habilidades.

Outro fator de peso é a desinformação. A história do Coaching no Brasil é recente, chegou ao país na década de 1990, 2000, e é normal que as pessoas confundam, caiam em trabalhos enganosos, que são vendidos como coaching, mas que na verdade não são.

Recentemente, a metodologia foi apresentada em uma novela de forma errada, como se fosse um processo útil no tratamento de traumas. Por isso, é importante se informar para evitar confusões e saber se o coaching é o tipo de estratégia adequado para você.

Como identificar um processo de coaching? 

A professora Dorothy destaca alguns pontos importantes que podem ajudar a identificar se um trabalho é coaching ou não:

  1. Um trabalho não é coaching se ele tira do indivíduo a sua capacidade de pensar, que não incentive sua autonomia, o pensar por si mesmo, e impede a aplicação do conhecimento de forma consciente para o seu desenvolvimento;
  2. Não existe aconselhamento no processo de coaching. Essa metodologia trabalha com o indivíduo e sua capacidade de raciocínio, o que gera sua autonomia. Nesse sentido, não é necessário fazer aconselhamento. O aconselhamento é útil quando o indivíduo está em crise, adoecido e em sofrimento psíquico;
  3. Para ser um coachee, a pessoa precisa ter totais condições de avaliar criticamente a sua realidade, de agir de maneira autônoma e de arcar com as consequências de suas atitudes;
  4. A hipnose não é ferramenta do coaching. No entanto, alguns profissionais incorporam essa técnica à própria prática, mas não se trata de um fator característico da metodologia;
  5. Por fim, coaching não é terapia, mentoria, aconselhamento, treinamento ou consultoria.

No mais, antes de escolher um coach e iniciar esse processo, é importante se atentar aos seguintes pontos:

  1. Busque informações sobre a formação do profissional. Esse é o requisito básico! O profissional tem que ter passado por uma formação de qualidade;
  2. É importante também consultar pessoas que já foram ou ainda são clientes desse profissional;
  3. Peça ao coach que apresente suas bases de trabalho, as áreas do conhecimento onde ele apoia a sua atuação;
  4. Questione-se: qual é a sua demanda? O seu problema requer o trabalho de um coach? Depressão, traumas, fobias e demais problemas psíquicos devem ser tratados por outros meios, seja terapias, psicoterapias, acompanhamento psiquiátrico, dentre outros.

As vantagens do Coaching para a vida e para a carreira

O que Dorothy sempre costuma dizer aos seus alunos e clientes é que o coaching possibilita acelerar uma caminhada que, na maioria das vezes, já tem sido trilhada pelo indivíduo, pois ele detém uma capacidade de aprendizagem e não é submetido a uma relação de dependência, na qual ele só caminha se tiver alguém acompanhando ele.

Nesse sentido, o coach desempenha um papel importante ao auxiliar e ampliar a percepção do indivíduo sobre questões que estão abaixo do seu nível de consciência, que estão automatizadas e formam um padrão de comportamento não mais adaptativo.

Essa automatização não traz os resultados que ele tanto tem buscado. E com o coaching, esse indivíduo poderá desenvolver outras estratégias, mais funcionais, adaptativas e produtivas para a sua realidade”, afirma.

Para as empresas, o coaching possibilita a capacitação de colaboradores, gestores, diretores e líderes para atuarem de forma estratégica diante de um cenário cujas mudanças são intensas, rápidas e imprevisíveis. É o que Dorothy aponta como o mundo pós-normal, um mundo ambíguo, complexo, volátil, incerto e disruptivo.

As coisas mudam de um dia para o outro, de uma hora para a outra, para algo que a gente nem consegue explicar com clareza. Portanto, é necessário que o indivíduo seja capaz de se adaptar, de ser flexível e se desenvolver de forma ampla para conseguir responder as novas demandas que surgem. E o coaching possibilita esse desenvolvimento de maneira mais rápida, mais leve, com menos sofrimento e com uma satisfação significativa para o indivíduo”, coloca.

Dentre outras vantagens do coaching, destacam-se as seguintes:

  • Planejamento de carreira;
  • Desenvolvimento de habilidades e competências como: a inteligência emocional, comunicação e liderança;
  • Clareza para a tomada de decisões;
  • Alcance de objetivos profissionais;
  • Melhorias na atuação profissional e no aspecto comportamental;
  • Aumento da produtividade;
  • Qualidade de vida.

O futuro do Coaching

“Não existe nada mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou”. A frase é de Victor Hugo e foi citada por Dorothy para expressar o poder do coaching na nossa sociedade atual. É uma metodologia que veio para ficar, pois a ideia do desenvolvimento humano, pessoal, emocional e psíquico chegou.

Nós estamos no momento do desenvolvimento pessoal, do desenvolvimento pleno do indivíduo. Dentro dessa perspectiva o coaching tem sido uma das estratégias mais eficazes para atender essa demanda, por isso ele tem um futuro e tanto pela frente”.

O coaching tem raízes muito sólidas, mas é uma profissão nova, que deverá passar por mais amadurecimentos. Nesse sentido, o futuro realmente pertence àqueles profissionais que se preocupam com sua qualificação, que são sérios e que alinham proposta e entrega efetiva de trabalho.

Curiosidades 

Uma curiosidade importante a ser dita, e que vai na contra-mão do que muitas pessoas pensam, é que para ser coach o profissional não precisa ser psicólogo. Basta pensarmos nos profissionais da educação física que trabalham com o coaching, mas não são diplomados em psicologia.

Outra curiosidade é que o coaching tem sido utilizado como estratégia competitiva por grandes executivos, os quais têm suas carreiras acompanhadas por profissionais qualificados, que auxiliam o desenvolvimento de suas performances e percepções do cenário corporativo.

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Dorothy Irigaray: Psicóloga organizacional, especialista em educação, pós-graduada em Dinâmica de Grupo, pós-graduanda no MBA Liderança Executiva e Desenvolvimento Organizacional pela Franklin Covey/IPOG, certificada em Introdução às Psicoterapias Cognitivas pela Universidade de Flores (Argentina) em curso credenciado pelo Instituto Albert Ellis (EUA), com Formação em Terapia Cognitiva com Ferramentas de Coaching pela Mosaico/Metacognitiva(RN) Consultora empresarial em gestão de pessoas, coordenadora e professora de pós-graduação do IPOG Coach Sênior qualificada pelo ICI (Integrated Coaching Institute), Especialista em Neurocoaching pelo Neuroleadership Group/Fellipelli, ambos cursos credenciados pela ICF (International Coaching Federation). Qualificada nos instrumentos MBTI, MBTI STEP II e Eqi 2.0 pela Fellipelli Instrumentos Diagnósticos. Qualificada em Positive Psychology pela University of North Carolina at Chapel Hill/COURSERA(EUA). Co-idealizadora e co-facilitadora do Program de Qualificação em Coaching da FATESG/SENIAGO. Co-coordenadora do Grupo de Coaches Makers. Experiência de mais de 20 anos em desenvolvimento de pessoas.