Ex-aluna do IPOG conquista prêmio de melhor análise em cena de crime simulada na InterForensics
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Ex-aluna do IPOG conquista prêmio de melhor análise em cena de crime simulada na InterForensics

aluna Maria Aparecida, ao lado do professor Erick Simões, durante o congresso Interforensics.

O universo das Ciências Forenses costuma despertar curiosidade mesmo em quem nunca pisou em um laboratório ou acompanhou de perto uma investigação criminal. Talvez seja pelo fascínio em compreender como os detalhes, quase invisíveis a olho nu, podem contar histórias que mudam o rumo de processos judiciais.

Foi nesse ambiente que Maria A. V. Felício, ex-aluna da pós-graduação em Documentoscopia com Ênfase em Perícia Judicial do IPOG, brilhou ao conquistar o prêmio de melhor análise estudantil de uma cena de crime simulada durante o Congresso Internacional de Ciências Forenses (InterForensics), no dia 28/08.

A InterForensics: quando ciência e prática se encontram

A InterForensics, maior evento de Ciências Forenses da América Latina e um dos principais do mundo, foi realizada entre os dias 25 e 28 de agosto de 2025, em Curitiba. Durante os quatro dias de programação, a capital paranaense sediou debates intensos, minicursos e conferências em 17 áreas da perícia criminal, reunindo especialistas nacionais e internacionais.

O evento reuniu especialistas da perícia criminal, do setor jurídico, da pesquisa acadêmica e da indústria, criando um espaço em que ciência aplicada e troca de experiências caminharam lado a lado. Para Maria, esse ambiente foi marcante não apenas pela premiação, mas pelo contato direto com os avanços tecnológicos.

“O que mais me impactou no InterForensics, além da premiação, foi o avanço das novas tecnologias e pesquisas nas diversas áreas, como biologia e tecnologia. Para mim, a experiência de poder ter participado foi muito gratificante,” conta.

A cena de crime simulada na Interforensics

Dentre as muitas atividades do Interforensics, o desafio da cena de crime simulada costuma atrair bastante atenção do público presente. Nele, uma cena realista é montada com vestígios como cápsulas e estojos de munição espalhados pelo chão, manchas de sangue e até mesmo um boneco alvejado para simular a vítima.

Os participantes precisavam observar, levantar hipóteses e registrar suas conclusões via QR Code, concorrendo ao prêmio da melhor interpretação. As respostas mais bem alinhadas com a proposta oficial do ocorrido eram avaliadas por uma comissão.

A revelação da cena de crime e a premiação ocorreram no dia 28/08, durante a conferência “Além da fita zebrada: a verdade oculta na cena de crime”, organizada pela Escola Nacional de Perícias. Foram contempladas as categorias Estudante e Profissional, com entrega de certificado, troféu e até um tablet aos vencedores.

A análise que garantiu a vitória de Maria

Foi nesse cenário desafiador que Maria se destacou. Concorrendo com dezenas de outros estudantes, ela apresentou uma interpretação considerada a mais completa e precisa pela banca avaliadora.

Ao explicar sua metodologia, Maria destacou a importância de manter uma postura investigativa constante, como observar antes de concluir, registrar antes de tocar e questionar mesmo aquilo que parece óbvio. Esse cuidado, como ela mesma ressalta, faz toda a diferença quando o objetivo é alcançar a verdade dos fatos.

“Na minha percepção, o cenário não havia sido alterado. Talvez a opinião geral fosse de que teria havido manipulação, mas segui a minha intuição e apostei nessa alternativa”, recorda.

Essa escolha mostrou-se decisiva. Enquanto muitos apostaram em manipulações, sua análise seguiu uma linha consistente, conectando microvestígios aos elementos mais visíveis e reconstruindo de forma detalhada o que poderia ter acontecido.

À direita, a aluna Maria Felício; à esquerda, o professor Erick Simões, durante o InterForensics 2025.

Microvestígios: os detalhes que sustentam a narrativa

Os chamados microvestígios são pequenos fragmentos que, muitas vezes, escapam aos olhos desatentos. Podem ser fibras de tecido, resíduos de pólvora, partículas de vidro ou até mesmo fragmentos de pele. Embora discretos, carregam consigo uma força probatória imensa, pois estabelecem conexões entre pessoas, objetos e locais.

Na prática forense, a coleta de microvestígios exige precisão e cuidado extremo. Primeiro, o perito precisa mapear o ambiente, identificar os pontos mais relevantes e utilizar técnicas adequadas de coleta. Em seguida, esses vestígios devem ser preservados em embalagens apropriadas e registrados com atenção à cadeia de custódia, que garante a integridade da prova.

É um processo minucioso, que exige paciência e, acima de tudo, disciplina metodológica.

Leia também: Um dia de Perito Judicial: saiba como isso é possível com o Projeto Laboratório Pericial

Entre técnica e intuição, o segredo da análise

Questionada sobre o segredo de sua performance, Maria não hesita em revelar. “O segredo da análise foi enxergar e sentir o ambiente no qual se deu o ocorrido. Busquei não deixar nenhum objeto ou vestígio passar despercebido e utilizei as técnicas disponíveis no momento, bem como a minha intuição,” revela.

Esse equilíbrio entre método científico e sensibilidade investigativa garantiu que sua interpretação fosse considerada a mais precisa. Para ela, observar é mais do que aplicar protocolos; é também sentir o ambiente e dar voz aos vestígios que, muitas vezes, passam despercebidos.

O impacto desse olhar ficou evidente no instante em que anunciaram seu nome como vencedora. Maria admite que precisou de alguns segundos para acreditar. “No momento que soube da premiação senti um ceticismo e, ao mesmo tempo, uma alegria inusitada.” A surpresa inicial logo deu lugar a uma sensação de satisfação, resultado de todo o esforço e dedicação que a trouxeram até ali.

A trajetória até a conquista

O caminho que levou Maria até o prêmio começou muito antes do congresso e foi fortalecido pela sua formação acadêmica. Ela faz questão de destacar a importância do IPOG nesse processo. “A pós-graduação em Documentoscopia com Ênfase em Perícia Judicial do IPOG me preparou através de uma gama de materiais e professores, mestres do conhecimento científico que atuam na área da perícia forense,” conta.

Maria relembra como os estudos foram decisivos para transformar sua forma de pensar e atuar. “O que me trouxe até aqui também foram os estudos nas análises de produção de provas materiais científicas isentas e de qualidade. O ponto de virada na minha vida profissional foi me especializar nessa área. Mudei a minha forma de pensar e de ver o mundo,” afirma.

Esse amadurecimento se refletiu de forma clara no congresso. Ao ser perguntada sobre o significado da conquista, Maria declara: “Essa conquista na minha trajetória neste momento representa a consolidação dos conhecimentos adquiridos através desta instituição, assim como a participação neste grande evento com a presença dos mestres da ciência forense. Vai além do prêmio, é o reconhecimento do meu aprendizado e da escolha que fiz em seguir por esse caminho,” pontua.

Olhando para o futuro

A premiação não diminuiu a sede de conhecimento. Pelo contrário, Maria já pensa no que vem a seguir: “O próximo passo depois desse reconhecimento é a busca de mais conhecimentos e aperfeiçoamento,” conta.

Esse desejo de continuar aprendendo reflete a essência da profissão. Afinal, a ciência forense é dinâmica, exige constante atualização e pede de seus profissionais muito mais do que técnica, mas curiosidade e disciplina constantes.

Ao projetar seus próximos passos, Maria aproveita para deixar uma mensagem a quem está apenas começando. “O conselho para quem está começando agora nessa área é a busca por uma instituição reconhecida e com professores mestres de alta capacitação e vivência. É preciso vocação, disciplina, procurar sempre aperfeiçoamentos e jamais perder o brilho pelo conhecimento,” conclui a ex-aluna premiada.

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