Recentemente, uma reportagem publicada no site da Revista Exame abordou a reação no mercado da Engenharia. A base para a produção do conteúdo foi um novo estudo de tendências e salários no Brasil elaborado pela consultoria de recrutamento HAYS.
Segundo o relatório, o mercado de trabalho tende a ser um pouco mais receptivo para engenheiros em 2017 do que foi no ano passado, sobretudo no segmento de infraestrutura.
O setor vinha sofrendo bastante com os impactos gerados pela crise econômica nos últimos cinco anos e pela instabilidade política em meados de 2014. Com a citação de várias empresas de grande porte na Operação Lava-Jato, a situação ficou ainda mais complicada, pois muitos projetos foram travados.
Reaquecimento da economia
A reportagem ainda cita a visão do diretor da HAYS Experts, Raphael Falcão. Para ele, o mercado começou a se reaquecer entre meados de 2016 e o começo de 2017, com a retomada de investimentos em atividades que exigem a participação de engenheiros. O diretor destaca, por exemplo, o investimento de empresas chinesas para entrar no setor de energia e a constância do agronegócio que se manteve gerando bons resultados.
O coordenador do MBA do IPOG, Gestão da Qualidade & Engenharia de Produção, Marco Tulio Bertolino também compartilha dessa visão otimista. Para ele, as coisas estão voltando aos eixos e o mercado tem mostrado sinais concretos de reaquecimento. Ele ainda destaca que “um bom indicador é o Ibovespa. Apesar de tudo, tem tido valorização e o mercado de ações é um mercado de esperança. Quem investe são empresas com expectativas de melhora e são justamente estes investimentos, os verdadeiros motores da economia“.
Marco Tulio Bertolino ainda pontua que o Brasil está entrando num rumo positivo. Cita como exemplo a adoção de medidas de recuperação fiscal já tramitando e sendo aprovadas no Congresso e a disposição de aprovar reformas que atualizem nossas leis, dando condições para as empresas criarem empregos e riquezas para todos.
“A volta do crescimento aumenta de forma natural e saudável a arrecadação de tributos, portanto, o Brasil fica com sua economia saudável.”
Nem mesmo com um novo desaceleramento recente dos investimentos, por causa de delações envolvendo o presidente Michel Temer, foi suficiente para espantar o otimismo no setor da engenharia, ainda que com os pés no chão.
O diretor da HAYS Experts reconheceu que muitos empregadores dos engenheiros entraram em compasso de espera para minimizar os riscos em caso de mudança de governo. Só que é preciso lembrar muitas empresas já haviam assumido compromissos no início do ano como a definição de projetos, o que continua valendo. Por isso, ainda é real o aumento no recrutamento para determinados cargos na engenharia.
Em 2016, o foco era reduzir custos, aumentar a produtividade e ganhar eficiência operacional, o que motivou ondas de demissões e a redução no número de vagas para engenheiros de certas especialidades. No entanto, Marco Tulio Bertolino explica que com as empresas crescendo após um cenário de estrangulamento econômico, o desejo é fazer com que isso se dê forma consistente e segura.
“Isso significa aumentar o faturamento enquanto se reduz custos. E profissionais com habilidades e competências para isso são especialmente atraentes ao mercado nestes momentos”.
Expectativa para os cargos de Engenharia
Baseada em dados do relatório, a reportagem ainda trouxe um raio-x de oportunidades ao citar os cargos em alta e os cargos em baixa. Confira a lista.
Cargos em Alta |
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Gerente de Operação |
Gerente de Melhoria Contínua / Qualidade |
Gerente de Segurança, Saúde e Meio Ambiente |
Coordenador de Engenharia de Confiabilidade |
Cargos em Baixa |
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Gerente de Projetos Industriais |
Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento |
Para o coordenador do MBA do IPOG, a justificativa para esse resultado é clara. As empresas buscam profissionais cujas competências permitam gerar resultados financeiros.
Na visão de Marco Tulio Bertolino é preciso analisar da seguinte maneira: o PIB fez a curva e já começa a crescer, o que significa que oficialmente saímos da recessão, mesmo que ainda timidamente, na opinião do professor. Com isso, a inflação também vem caindo, “inclusive as metas do governo foram revisadas “para baixo”. Como consequência o comércio começa a aquecer, o que requer uma reação da indústria, a qual precisa produzir mais e com isso, precisa de profissionais, é claro”, explica.
Seguindo o raciocínio, o professor defende que vão se sobressair os profissionais com as seguintes habilidades:
- Mais capacitados a atender um cenário pós-crise;
- Competências para redução de desperdícios;
- Expertise em otimização de processos
- Aumento de eficiência
Todas as demais habilidades que agreguem em termos de reduzir custos internos, promover a produção enxuta e eliminar custos de não qualidade também são bem-vindas.
Como aproveitar as oportunidades?
Marco Tulio Bertolino explica que a grande questão é: muitos profissionais não possuem tais competências que sejam úteis às empresas neste cenário, onde se quer obter o máximo de resultados com o mínimo de recursos, requerendo expertises em otimização e melhoria contínua.
“Pense comigo, se você fosse o CEO de uma empresa, a que tipo de profissionais daria mais oportunidades? Não seriam aqueles que são capazes de te trazer mais resultados, mais lucros? Pois então, são os profissionais que estiverem preparados com competências voltadas para a otimização de processos, que se postas em prática em seus campos de trabalho, se tornarão extremamente atrativos”.
A dica é buscar sempre se especializar, se preparar para a demanda do mercado. Bertolino explica que no caso do MBA do IPOG em Gestão da Qualidade e Engenharia de Produção, por exemplo, é feito um brainstorming entre executivos de mercado, justamente para que citem temas que desejariam encontrar nos profissionais que contratassem.
A intenção é justamente complementar as competências que o profissional já possui, adequando-o às competências requeridas pelo atual mercado de trabalho. “Nossa intenção é formar profissionais com expertises justamente em otimização de processos, capazes de potencializar para as organizações seus resultados. E essa atuação tem um efeito muito importante na empregabilidade de nossos alunos”, destaca.
Portanto, independente se você está na coluna de cargos em alta ou em baixa, o que importa é como você irá aproveitar este momento de reaquecimento da economia no cenário da engenharia. Que tal começar por ver se você apresenta todas essas competências que os empregadores têm procurado?
Se quiser ler na íntegra a reportagem da Revista Exame citada neste texto, clique aqui.
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