Está em desenvolvimento no Brasil um tipo de gestão que já se encontra bastante aprimorada em outros continentes: a gestão colaborativa. Durante o período em que vivi na África do Sul, entre 2013 e 2015, me deparei com inúmeros tipos de comércio que se estruturavam de forma colaborativa, permitindo com isso uma maior variedade de produtos e marcas, disponíveis sob a bandeira de uma mesma loja âncora, as chamada loja colaborativa
Em outros países, esse formato inclusive é adotado por marcas relevantes como Calvin Klein, Armani, entre outras. Dessa forma, a loja âncora disponibiliza espaços específicos para que cada uma das grifes trabalhe o seu portfólio, criando áreas expositivas exclusivas dentro de um mesmo espaço físico. Ao final da compra, o cliente se dirige ao caixa da loja âncora, e vai embora portanto uma sacola dela, mas com produtos de várias grifes que se encontram representadas ali.
Esse formato tanto me cativou que ao voltar para o Brasil fui estudar o segmento e suas possibilidades, tendo como parâmetro a experiência que eu e minha esposa adquirimos ao oferecer trabalhos artesanais a uma empresa sul-africana que atuava de forma colaborativa.
Como se organiza uma loja colaborativa?
A gestão colaborativa funciona da seguinte forma. Um empresário investe na criação de um negócio e passa a disponibilizar cotas de participação a pessoas interessadas em expor seus produtos. Em linhas gerais, o empresário cuida de toda a gestão do negócio, da parte administrativa, burocrática e do marketing, e aluga partes da sua loja para que as pessoas possam expor seus produtos.
Neste formato cabe ao empresário:
- Fazer a curadoria dos produtos que se encaixem no seu formato de negócio
- Administrar o negócio
- Investir em marketing
- Cuidar do recursos humanos
Por que se investir no formato colaborativo?
O grande desafio dos pequenos negócios é manter-se no mercado diante da competição acirrada dos dias de hoje. Para tanto é necessário encontrar as mais diversas formas de levar seus produtos e serviços ao consumidor.
Micro e pequenos empreendedores vendem seus produtos autorais ou artesanais normalmente em feiras, em determinados eventos periódicos ou por meio de lojas virtuais em marketplace. Tudo com objetivo de expor suas marcas. Isso ocorre devido a estes empreendedores não terem recursos financeiros ou mesmo estoque suficiente de produtos para manter uma loja física.
5 Vantagens deste formato de negócio
A Loja Colaborativa vem, dentro de um conceito de economia colaborativa e criativa, e de um modelo de negócio inspirado no ambiente virtual, tendo como objetivo tornar possível a concretização desse sonho do empreendedor, mediante a locação de um espaço dentro de uma loja física. Confira cada vantagem a baixo.
Tempo para se dedicar a produção de novas peças
A grande vantagem para o empreendedor, está na possibilidade de ele ter seu produto exposto, sem que precise estar no local, comercializando o mesmo. Com isso, ele passa a ter mais tempo disponível para estar no seu ateliê, direcionando a sua criatividade para produção.
Custo de manutenção da loja diluído entre os demais profissionais
O custo de locação do espaço dentro de uma Loja Colaborativa tem um valor muito inferior ao de uma loja tradicional, visto que este custo é compartilhado entre todos os parceiros da Loja. Além do valor ao aluguel, os parceiros empreendedores pagam uma taxa de administração, que serve para custear investimentos em marketing e despesas administrativas e operacionais.
Maior variedade de produtos expostos
Já o consumidor, por sua vez, pode ter acesso a uma diversidade de produtos exclusivos em um mesmo lugar e com atendimento direcionado, o que estimula a fidelidade.
Gestão profissional
Na loja colaborativa, o administrador tem o conhecimento administrativo necessário e acesso a uma rede de suporte para que os expositores tenham sucesso, além de colocarem à disposição consultorias, feedbacks sobre produtos e demais benefícios.
Garantia de qualidade dos produtos expostos
Geralmente existe um processo de curadoria, necessário para realizar a seleção dos produtos a serem expostos na Loja, com foco, normalmente, em 4 pontos: criatividade, inovação, qualidade e sustentabilidade.
Desenvolvimento de lojas colaborativas no Brasil
No Brasil, já se tem conhecimento de existirem 7 tipos de lojas colaborativas, em 5 cidades do pais: São Paulo, Santo André, Salvador, Brasília e Porto Alegre. Goiânia passa a ser a sexta cidade com a inauguração da Enkanti Loja Colaborativa, no 2º piso do Buriti Shopping.
A Enkanti tem possibilidade de locação de até 30 espaços no seu interior, tendo já na sua inauguração expostos marcas de 24 artesãos, em uma variedade de itens: produtos bordados a mão, crochê, patchwork, tecelagem, toalhas pintadas a mão, almofadas, cartonagem, quadros de artistas plásticos, aproveitamento de madeira e de vidros (técnica fusing), velas artesanais, canecas exclusivas, artigos religiosos, bio-jóias, produtos em gesso com pintura e aplicação de pérolas, trabalhos em feltro, etc.