Gamificação e seu poder de atração para as empresas
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Gamificação e seu poder de atração para as empresas

Desde que foram criados, os jogos eletrônicos têm cativado a atenção de um grande público, independentemente da idade. Algumas pesquisas apontam que, semanalmente são gastos 3 bilhões de horas com atividades relacionadas a jogos. Diante desse cenário, a pergunta que nos resta responder é a seguinte: O que faz os jogos serem tão atrativos? Conforme Gabe Zichermann, estudioso do tema e co-autor da obra Gamification by Design, a gamificação é “75% Psicologia e 25% Tecnologia”. Isso explica os principais fatores motivadores da gamificação: competição, recompensa e status.

Dessa forma, podemos apontar algumas condições estimuladoras no processo:

  • Atividades associadas à diversão;
  • Estimula a competitividade;
  • Propõe desafios e recompensas;
  • Libera endorfinas;

Mas ao contrário dos jogos que visam “especialmente” a diversão, a Gamification está em busca de alcançar resultados que interessem a organização. Todavia, pode ser considerada um modelo contemporâneo para modificar comportamentos de forma voluntária e divertida, visto que se baseia em elementos de games, para que sua mecânica ocorra de forma prazerosa.

Alguns autores intitulam-na como sendo, “uma espécie de caixa de ferramentas compostas por partes e pedaços de games”.

Contudo, para Nicolle Lazzaro (autora da obra 4 Chaves para a Diversão), os jogos se tornam tão atraentes, porque permitem aos jogadores vivenciarem experiências de “emoções que movem o ser humano”, por exemplo:

  • frustração,
  • tristeza,
  • admiração,
  • curiosidade,
  • exploração,
  • curiosidade,
  • gratidão,
  • orgulho,
  • sentimento de triunfo.

Ela ainda acrescenta que, a maneira mais fácil de mudar o comportamento das pessoas, para melhor, é por meio da diversão.

Outros fatores motivacionais presentes em sistemas gamificados, pode ser atribuído por “Motivação Extrínseca e Motivação Intrínseca”.

O primeiro é movido por fatores externos que oferecem recompensas, tais como: cartão fidelidade – placar de pontuação; troca; descontos; premiações; dinheiro; troféus; medalhas; dinheiros virtuais etc.

Já o segundo, é movido por fatores internos e apelam para o prazer do cumprimento da tarefa em si, por exemplo: status; reconhecimento; progresso (avançar fases do jogo); entretenimento. Sendo que neste fator, é importante considerar a Experiência Autotélica de Mihaly Csikszentmihalyi que, afirma o comportamento não tendo relação alguma com fatores externos de recompensa, e sim o prazer durante o processo da atividade.

Em atividades gamificadas é possível perceber as pessoas em estado alterado da consciência, e este estado é definido por Mihaly de Estado de “Flow”. Traduzido é “fluir” e também considerado por “alegria psíquica”. As características presentes no estado de flow, são: motivação intrínseca; concentração profunda; sensação de controle; foco no presente; distorção do tempo e transcendência. Isso justifica o fato de alguns jogadores passarem horas jogando, sem perceber o tempo passar e ainda assim se manterem engajados.

Após tentar responder à questão “O que faz os jogos serem tão atrativos? ”, vale tentar entender a sua relação com a gamificação, e a aplicabilidade desta, no ambiente organizacional.

Há no mínimo quatro décadas, os jogos têm sido vistos como forma de atrair a atenção das pessoas, de forma lúdica. O que tem sido aperfeiçoado desde então é a sua utilização aplicada ao aprimoramento pessoal e profissional, nas mais diferentes áreas do desenvolvimento humano. Hoje, há estudiosos dedicados a pensar em meios de utilizar das premissas dos games para auxiliar no desempenho de atividades cotidianas e no despertar de interesse do público para determinado produto ou serviço.

Por exemplo, os “serious games” (jogos de treinamento – aprendizagem), possuem a vantagem de transportar o aprendiz para um ambiente desenvolvido exclusivamente para ele testar os seus conhecimentos na prática e obter as suas próprias experiências. Assim, o comportamento pode ser treinado e moldado conforme as necessidades da empresa para construir um padrão de ações programadas mentalmente.

Mas, o que é exatamente Gamification?

Gamification ou gamificação NÃO É JOGO. Mas, é a aplicação da lógica dos jogos para despertar o interesse das pessoas em realizar tais tarefas, ou conhecer determinados produtos. Sua aplicação consiste no uso de técnicas, estratégias e de design de games em contextos reais como ambientes de trabalho, universidades, entre outros, tendo em vista levar ao engajamento, aumento da produtividade, foco, determinação e perseguição de metas.

A mecânica envolve a definição de tarefas que estejam de acordo com o objetivo da empresa, a criação de regras e a aplicação de sistemas de monitoramento.

As recompensas pelas interações dos participantes podem variar desde incentivos virtuais, como medalhas, até prêmios físicos

Estudos apontam que em 2018 o mercado de gamification vai movimentar mais de 5 bilhões de dólares, em todo o mundo. A previsão é de que até 2020, 70% das maiores empresas globais terão ao menos uma de suas soluções corporativas baseadas nesta técnica.

Por meio do gamification, é possível transformar rotinas de trabalho ou de estudo, e fazer com que as pessoas se sintam mais inclinadas a se dedicarem às tarefas e desafios que cada situação exige.

No ambiente de negócios, existem muitas possibilidades de aplicação da mecânica e estratégias de jogos para apoiar o alcance dos resultados organizacionais. Por exemplo:

  • No ambiente de trabalho (estimular cumprimento de metas, estimular a realização de tarefas e etc);
  • No marketing (aumentar a visibilidade das marcas e conquistar a fidelidade dos clientes);
  • Mudança de hábitos – Estilo de Vida (hábitos saudáveis, limite de velocidade, reduzir uso de escadas rolantes, impulsionar o uso de transporte coletivo).
  • Em Recursos Humanos (treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção);
  • Gestão do conhecimento e Inovação.

Para Zicherman:

“Se você pode fazer algo mais divertido, e inclui técnicas de jogos, você pode conseguir que as pessoas executem ações que normalmente elas não executariam.”

O que podemos aprender com os jogos?

Especialistas das mais variadas academias no mundo têm se dedicado a desvendar o poder de atração dos jogos eletrônicos, afim de apropriarem-se de suas técnicas de concentração e de despertar a dedicação extrema aos seus objetivos propostos em cada fase, para promover mudança de comportamento nas pessoas. A seguir, algumas características importantes a serem despertadas nos jogadores:

  1. Necessidade de competição;
  2. Interesse por feedbacks instantâneos;
  3. Possibilidade de rápida evolução;
  4. Oferecimento de recompensas;
  5. Criação de comunidades;
  6. Perseguição de metas (passar para próxima fase);
  7. Desejo de romper barreiras, de melhorar o desempenho.

Aprendendo com os jogos

Normalmente o que se ensina nas organizações é o uso racional das funções cerebrais para evitar falhas e erros.

No jogo, as regras são outras, coloca-se em funcionamento o hemisfério direito do cérebro, que é a parte que estimula a criatividade, assim, essa maneira descontraída e livre possibilita atitudes empreendedoras o que reafirma o processo de aprendizagem.

Semelhante à realidade, os games são mestres em oferecer feedbacks aos seus jogadores, mostrando a cada erro como ele pode evoluir na próxima jogada. A cada acerto, há uma recompensa ou mesmo uma congratulação. Tal mecanismo faz com que o jogador fique atento para não repetir os mesmos erros que lhe impedem de evoluir dentro do jogo.

Ao fazermos um paralelo com a realidade, nossos acertos são como molas propulsoras. Aquelas que nos permitem evoluir e alcançar resultados. Enquanto os erros nos deixam estagnados, distantes da meta e nos forçam ao aprimoramento pessoal. Uma técnica eficiente para a gestão de pessoas é o oferecimento de feedbacks de desempenho. De forma objetiva e construtiva, o recebimento de feedbacks permite ao profissional se autoavaliar pela ótica de quem o coordena e espera melhores resultados.

Trazemos a seguir algumas dicas de como as técnicas de gamification podem contribuir com soluções corporativas. Inspire-se!

Direcionamento

Ao adotarmos o conceito dos jogos para as relações corporativas é possível conduzir as equipes por meio da proposta de desafios e compensações a cada etapa concluída. Uma forma de estimular os profissionais a perseguirem coletivamente os mesmos objetivos, auxiliando uns aos outros rumo ao objetivo comum. Estabelecimento de prazos, assim como os jogos delimitam um tempo para cumprimento de cada fase, é importante para se mensurar a evolução da equipe.

Engajamento

Ainda tendo como base o sistema de desafios e recompensas é possível conquistar o engajamento da equipe, interessada em se ver reconhecida perante os demais, e obter vantagens como forma de reconhecimento. Uma competição saudável estimula o potencial de superação natural dos seres humanos. E a empresa só tem a ganhar com isso.

Estimular as pessoas, através dos jogos, exercitam os neurotransmissores que melhoram o humor e o engajamento da equipe!

Estímulos cognitivos

Os feedbacks são essenciais para contribuir com a evolução dos profissionais, sendo fundamentais que sejam apresentados de maneira construtiva e nunca depreciativa. Iniciar um feedback elencando os pontos fortes do profissional faz com que a receptividade às suas fraquezas seja aceita com mais tranquilidade.

As atividades lúdicas também ajudam a memorizar fatos e favorecem o desempenho cognitivo.

Benefícios da Gamificação para as empresas, conforme algumas pesquisas:

  • Aumenta a motivação;
  • Aumenta em cerca de 60% o engajamento;
  • Dá um feedback de performance;
  • Aumenta a produtividade em cerca de 40%;
  • Desenvolve novas habilidades;
  • Melhora a capacidade de resolver problemas;
  • Aumenta em 14% a performance em atividades ligadas a habilidades;
  • Aumenta em 11% a performance em atividades ligadas ao conhecimento;
  • Aumenta em 90% a taxa de retenção de informação;
  • Cria animação graças a endorfina libertadas quando as pessoas conquistam algo no jogo.

Os sistemas gamificados podem ser utilizados como ferramentas importantes para os processos que objetivam influenciar de forma positiva o comportamento do usuário. Alguns cases de sucesso de empresas que utilizam de gamificação: L’Oréal Paris; Ford Canadá; SAP; Samsung; Sales Force; Nike, Nissan, Microsoft, dentre outras.

Fique atento: uma pesquisa realizada pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), ONG norte-americana, prevê que 85% das tarefas do cotidiano até 2020 envolverão algum elemento de jogo.

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O que você sabe sobre Mapas Mentais? Que tal dar uma conferida?

Se você chegou até aqui, deu para perceber que a gamificação tem muito a oferecer aos ambientes corporativos e de aprendizagem, não é mesmo? Seus benefícios são muitos e a tendência é que sua aplicação cresça cada vez mais nas empresas.

E por que não investir neste conceito? Se você deseja aprofundar os seus conhecimentos na área e aprender as estratégias, a nossa dica é o curso de curta duração Gamification – Mecânica de Jogos para Alavancar Resultados. Acesse o link e conheça melhor esta proposta inovadora!

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Sobre Nayra Menezes

Professora de Pós-graduação do IPOG e fundadora e Diretora Executiva na WINNER Gamificação, Educação e Negócios. Doutoranda em Psicologia na linha de oncentração OBM Análise de Comportamento pela PUC-GO. Membro associado da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental.