Como abrir falência da sua empresa em dois anos e em três passos
Antes de falarmos sobre os passos para falir a sua empresa, pense num mundo alternativo, no qual o ambiente de negócios não sofra mudanças econômicas, políticas ou sequer tecnológicas. Um mundo no qual não tivéssemos tido Einstein ensinando sobre a relatividade da existência humana, ou Darwin para explicar como tudo muda. O mundo é estanque, parado, imutável.
Quais seriam as características desse mundo?
Como uma fonte que não irrigaria nova água, o seu conteúdo ficaria cada vez mais escuro, turvo, cheio de lodo e mosquitos. As pessoas não precisariam se encontrar para contar suas novidades, e a comunicação estaria perdida.
Lideranças seriam desnecessárias para incitar novos caminhos e acompanhar colaboradores em processos de transição. E a novidade… se algum dia ela surgisse, seria dissecada como aberração desnecessária.
Esse universo alternativo existe. Li certa vez que 470 mil novos negócios no Brasil fecham anualmente, e que a taxa de mortalidade das empresas é de 43% no terceiro ano e 50% no segundo.
No estado no qual resido (Goiás) esse índice aumenta para cerca de 68% segundo números que consegui no site do SEBRAE. Ou seja, em termos realistas: a cada 100 empresas que nascem hoje, 68 delas morrerão até novembro de 2019.
O universo do estudo abordava empresas com até 49 pessoas. Supondo que todas elas tinham 49 pessoas (claro que algumas terão bem menos!), são 3.332 pessoas desempregadas em dois anos.
Há três grandes formas para fazer isso acontecer, e todas elas têm a ver com esse universo paralelo que começou a nossa história.
1- Não desenvolva um esquema de lucro
O primeiro passo se você quer abrir falência é a falta de lucro. Afinal esse esquema não está em vender mais, mais rápido e com produtos ou serviços que custam menos. O lucro advém da satisfação dos clientes, da seleção de talentos para a sua companhia e da gestão de conhecimento estratégico, lendo constantemente a realidade à sua volta enquanto reflete com alguns elementos-chave como agir. O que nos leva ao segundo ponto…
2- Corte vínculos com o mundo à sua volta
Comunicar com os clientes é fundamental! Redes sociais tornam-se ferramentas cada vez mais poderosas para criar vínculo com eles, mas também para descobrir quais são as suas expectativas. Para isso, é necessário ter uma história: quem é você? quem é a sua instituição? o que ela oferece? quais são os seus valores? o que vocês acreditam?
Organizações por todo mundo estão descobrindo cada vez mais o que é o storytelling e estão buscando descobrir formas de contar as suas histórias: vendemos sorvete, ou vendemos um sonho? vendemos aulas de idiomas, ou a possibilidade de viajar pelo mundo? Vendemos computadores, ou um estilo de vida?
Saber contar essas histórias só é possível se souber comunicar de forma clara, concisa e atraente com as pessoas à sua volta. Se cortar relações com elas, ou se mantiver relações frias e comerciais, você poderá estar levando a sua empresa para perto daquelas 68…
3-Ignore a sua equipe
Muitos gestores cometem um de dois profundos erros. Alguns confundem liderança com chefia e acreditam que devem controlar todos os passos dos funcionários: gestor educacional que entra na sala de aula e comenta as atitudes do professor, gestor hospitalar que sugere procedimentos sem domínio na matéria, gestor de recursos humanos que enche as pessoas de treinamentos…
Por outro, há aqueles que acham que seus colaboradores são adultos e não precisam de nenhuma orientação, eles saberão o que e quando fazer as suas atividades, sem que alguém os monitorize.
Há um pensamento arrojado chamado… moderação! As equipes precisam de feedback e feedfront, orientação pré e avaliação pós ação. Precisam poder sentar em conjunto e refletir sobre seus erros e aprender com suas fortalezas. E, com base nisso, decidir em conjunto quais são as capacitações que necessitam para desenvolver melhor as suas funções.
A liderança não é nem cima-baixo nem baixo-cima; há um acompanhamento lado a lado para a melhora coletiva.
Primeiro passo para evitar temida falência: torne-se um bom líder
Para adequação a esse novo contexto, um bom gestor deve compreender que ele é um agente ativo de transformação, sendo capaz de criar sinergias entre os três elementos principais de qualquer organização:
- sua história (seus produtos, seus valores, seus serviços)
- seus clientes (e a relação com eles)
- sua equipe (e seu constante empoderamento)
Esse é o poder da comunicação!
Tudo isso ocorre apenas dentro de um sistema em constante mudança! Por isso, a gestão de pessoas nas organizações é cada vez mais importante e deve servir como instrumento eficaz para o aperfeiçoamento das relações, num clima organizacional propenso ao crescimento e à integração constante.
E esse aperfeiçoamento apenas ocorrerá numa cultura de constante aprendizagem. O futuro da gestão pertence àqueles que têm uma insaciável sede de aprender — e isso se chama humildade! Livros, seminários, pós-graduações e MBAs, como o de Gestão de Negócios, são fontes de investimento ímpar.
As empresas bem-sucedidas são aquelas que investem em capital intelectual, onde a aprendizagem organizacional é incrementada e desenvolvida através de processos inteligentes de Gestão do Conhecimento e Comunicação Eficaz. O capital financeiro torna-se então consequência do capital humano sempre em crescimento.