O mistério e a adrenalina presentes em séries criminais como CSI e How to Get Away with Murder ajudaram a área da Ciência Forense a se popularizar entre o público.
Ainda que a vida real seja bem menos emocionante, o cientista forense tem uma rotina pouco convencional. Esse profissional auxilia na investigação de crimes a partir de métodos, técnicas e conhecimentos científicos.
É uma atividade especialmente importante na resolução de crimes dentro do Direito Penal e garante a precisão de resultados a partir de vestígios deixados em cena.
Por ser uma grande ciência, a área é subdividida em diversas partes. Quem deseja atuar tem mais de uma opção: perícia forense, investigação forense, computação forense e outros.
No artigo de hoje, vamos saber mais sobre a área e o que faz esse profissional. Você vai conferir:
- o que é Ciência Forense?;
- tipos de cientista forense;
- job description;
- computação forense;
- como se tornar um cientista forense;
- importância da profissão para a sociedade.
O que é Ciência Forense?
A Ciência Forense é um conjunto de conhecimentos técnicos e científicos fundamentados para buscar evidências na resolução de acidentes de trânsito ou trabalho, ou de crimes, como roubos, homicídios e outros.
Vários profissionais envolvidos na área irão, a partir de técnicas, avaliar vestígios deixados em cena, como impressões digitais, fluidos corporais, marcas em documentos e outros que darão o material necessário à reconstituição de crimes.
Por ser uma área grande e complexa, envolve diversos campos do saber, como Antropologia, Criminologia, Entomologia, Odontologia, Patologia e Psicologia.
Por isso, essa ciência é dividida em vários segmentos:
- toxicologia forense;
- podologia forense;
- patologia forense;
- optometria forense;
- odontologia forense;
- linguística forense;
- geologia forense;
- entomologia forense;
- engenharia forense;
- análise de DNA forense;
- botânica forense;
- arqueologia forense;
- antropologia forense;
- forense digital;
- criminalística.
A Ciência Forense não atua apenas na área criminal
É fácil a associação entre a área forense e a criminal, no entanto, o primeiro grupo é mais vasto. A Ciência Forense também pode ser solicitada sempre que o meio judicial necessitar de respaldo científico para entender determinada ação.
Portanto, o profissional que atua nessa área não irá lidar apenas com a área criminal, mas também com a análise de documentos, substâncias e outros que não são necessariamente oriundos de cenas de crime.
Cientista forense: áreas e tipos
Pelo fato de a Ciência Forense ser um grande campo de estudos, é comum que existam profissionais que sejam especialistas em uma área de atuação, como evidências criminais, documentoscopia etc.
Por isso, os cientistas forenses são divididos em três grandes grupos: patologistas, cientistas forenses e cientistas associados. Entenda melhor sobre cada um deles a seguir!
Patologistas
Por muitas vezes, apenas a necropsia não consegue desvendar a fisiopatologia da causa da morte da vítima. Nesses casos, é necessária a presença do patologista forense.
Esses profissionais irão supervisionar autópsias e realizar exames forenses clínicos. Eles são examinadores médicos.
Cientistas forenses
Os cientistas forenses trabalham diretamente com laboratórios, que podem ser policiais ou privados, e são os responsáveis por lidar com testes e análises, como toxicologia, balística, vestígios criminais etc.
Cientistas associados
Você se lembra de quando falamos que a Ciência Forense é bastante ampla? É comum que em investigações sejam solicitados cientistas “emprestados” de outras áreas, como odontologistas, antropólogos e botânicos especializados na área forense.
Dessa forma, os investigadores serão capazes de entender informações cruciais acerca do crime ocorrido, como marcas de mordidas, infestação de insetos e identificação da vítima a partir da arcada dentária.
Achou interessante? Agora você deve estar se perguntando qual a rotina desse profissional, não é mesmo? A seguir, fizemos a job description do cientista forense.
Job description: o que faz um cientista forense?
O cientista forense também pode ser conhecido por perito forense. A sua principal tarefa é a coleta de dados e evidências, por isso ele tem o olhar apurado para conseguir descobrir vestígios que passariam despercebidos por pessoas não treinadas para a função.
Além disso, o cientista forense também deve se certificar de que as leis acerca da coleta e análise de provas estão sendo cumpridas.
Esse profissional irá trabalhar tanto em ambientes internos como externos, dentro de laboratórios ou na coleta de indícios.
Em cargos maiores, o perito forense pode assumir a liderança de uma equipe na coordenação de peritos auxiliares.
O cientista forense é o responsável por:
- organizar provas criminais;
- elaborar laudos periciais;
- determinar a causa de crimes;
- auxiliar a área judicial na conclusão de vereditos;
- examinar locais de crimes;
- selecionar e coletar provas criminais;
- reconstituição de fatos;
- análise de vestígios criminais, como documentos, fotografias e materiais;
- solicitar o exame mais adequado para determinada análise;
- efetuar ensaios laborais;
- retrato falado;
- exame de armas e munições.
Para executar o cargo é estritamente necessário que esse profissional seja organizado, metódico, detalhista, meticuloso e, acima de tudo, responsável.
Lidar com provas criminais ao lado da Justiça requer alto nível de responsabilidade com o material manipulado. Afinal, o resultado dessa operação irá incidir diretamente no veredicto da situação.
Por último, é importante deixar claro que, apesar de trabalhar com provas criminais, o cientista forense não tem o poder de decisão na resolução de crimes. Esse profissional é uma parte fundamental na descoberta, no entanto, ele está apto apenas a coletar e analisar evidências.
Além das atividades citadas, o cientista forense também pode trabalhar com o auxílio da tecnologia. Se interessou? Confira, a seguir, como a computação forense tem ajudado na descoberta de crimes virtuais.
Computação forense: a tecnologia aliada à resolução de crimes
Hoje, é quase impossível pensar em alguma área que não tenha sofrido interferência da tecnologia – e isso não seria diferente no âmbito forense.
O uso de softwares e equipamentos ultra tecnológicos na resolução de crimes foi um grande ganho para a área, no entanto, a popularização também trouxe um novo tipo de transgressão: o cibercrime.
Uma relatório emitido pela empresa de segurança digital Norton Cyber Security, em 2017, aponta que o Brasil é o segundo no ranking de países com maior número de crimes cibernéticos. Ainda de acordo com a pesquisa, no ano citado o cibercrime afetou cerca de 62 milhões de brasileiros e acarretou um prejuízo de R$ 22 bilhões.
A área encarregada no cuidado desse tipo de delito é a computação forense. Tem como função a obtenção de informações por meio da análise de dados de um computador, sistema ou rede de armazenamento.
Por exemplo, a computação forense auxilia na descoberta de roubos de identidade, crimes financeiros, invasão de privacidade e demais delitos que permeiam o mundo virtual.
De acordo com a empresa Symantec, os crimes digitais mais populares são:
- aparelhos infectados com vírus;
- roubo de senhas online;
- compras online feitas sem a autorização do responsável pela conta;
- email com vírus para roubo de informações pessoais.
Principais ferramentas utilizadas
Nesse sentido, o perito criminal terá o auxílio de programas e softwares para ir atrás de vestígios deixados no ambiente virtual e identificar a autoria do crime.
Existem alguns softwares que ajudam o profissional nessa empreitada. Listamos aqui os mais utilizados!
Sistema IPED
Identifica criptografia, cruza informações, rastreia localizações, recupera arquivos deletados e outros.
EnCase
Realiza investigação em dispositivos eletrônicos, analisa hardwares e emails, fornece relatórios minuciosos, recupera arquivos apagados e outros.
FTK
Escaneia disco rígido, analisa documentos, gráficos e fotos, permite análises rápidas e detalhadas e outros.
Alguns desses programas, foram criados, inclusive, para a investigação da icônica Operação Lava-Jato. Também são utilizados por importantes órgãos de investigação, como o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o FBI.
Para entender mais sobre a atuação do perito criminal na computação forense, separamos o depoimento do ex-aluno do MBA em Computação Forense e Perícia Digital do IPOG Thiago Henrique de Souza.
Através de um bate-papo, ele contou sobre a sua experiência profissional na área criminal e como é a rotina dessa profissão!
Inspirando Carreiras: Perito Criminal conta sua experiência na área de Computação Forense
Como se tornar um cientista forense?
A carreira parece muito atraente, não é mesmo? Além disso, é bastante democrática: como mencionado ao longo deste artigo, é uma área diversa, portanto aceita diversas áreas de atuação.
É comum encontrar médicos, fotógrafos, farmacêuticos, botânicos, engenheiros, químicos e outros profissionais atuando como cientistas forenses.
Isso porque não existe uma graduação específica para a área. Em geral, são profissionais que usam as habilidades específicas da sua profissão em conjunto com a técnica forense, aprendida em uma pós-graduação e cursos técnicos.
Para atuar, a forma mais popular de ingressar na profissão é através de concursos públicos da Polícia Civil, estadual ou federal. Após a aprovação, o concursado ainda passará por um curso de formação específica antes de efetivamente atuar no campo.
Qual a importância da Ciência Forense para a sociedade?
A Ciência Forense tem uma longa história junto à sociedade, afinal, ambas evoluíram concomitantemente.
Na década de 1920, o desenvolvimento do conhecimento científico intensificou o interesse da população por essa ciência, já que a solução de crimes se tornava cada vez mais necessária.
Quem não conhece a história de Sherlock Holmes? O personagem utilizava conhecimentos de química e física para entender cenas de crimes. No entanto, naquela época não existiam aparelhos tão sofisticados, por isso muitos crimes nunca foram descobertos.
Hoje, a necessidade e a tecnologia fizeram com que o trabalho do cientista forense fosse feito de forma veloz e com resultados mais certeiros. Como consequência, a sociedade se tornou mais segura para seus cidadãos e trouxe a noção de justiça, em que burlar as leis traz consequências severas.
Nesse sentido, os avanços científicos feitos com o intuito de tornar o trabalho da Ciência Forense mais assertivo também acabaram sendo úteis para a utilização em outros setores, como a impressão digital e outros.
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Como visto ao longo deste artigo, a Ciência Forense é uma área de fundamental importância para a sociedade. Desse modo, ter profissionais qualificados e aptos na execução dessas atividades é importante para que o objetivo de uma sociedade segura seja alcançado.
Pensando nisso, o IPOG possui em sua grade a Pós-graduação Computação Forense & Segurança da Informação, que tem como foco o aprendizado de instrumentos e ferramentas para a solução de crimes digitais.
Para saber mais sobre a área e iniciar a sua carreira como cientista forense, entre em contato conosco!
Aproveite também para conferir outros artigos sobre o tema e o nosso infográfico gratuito sobre como se planejar financeiramente para uma pós-graduação.
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Até a próxima!