6 práticas da metodologia Scrum para adotar agora

Mesmo antes da pandemia de coronavírus impactar a economia global, mudanças sociais, econômicas e políticas em ritmo acelerado já estavam em curso, mostrando a gestores que novas práticas e mentalidade eram necessárias para a sobrevivência dos negócios. 

Nesse cenário, pautado por velozes transformações tecnológicas, a complexidade e a demanda pela habilidade de responder a esses desafios tornaram-se o cotidiano da gestão empresarial. Assim analisa J.J. Sutherland, autor do livro Scrum: Guia Prático, no primeiro capítulo de sua obra.

Da necessidade de reinventar-se enquanto organização e ter melhor produtividade e competitividade, as empresas passaram a adotar a metodologia Scrum na gestão de negócios.

Segundo o estudo PMI’s Pulse of the Profession 2018, conduzido pelo Instituto PMI, 73% das organizações mundiais já utilizam alguma metodologia ágil como o Scrum em seu gerenciamento de projetos.

Contudo, ainda há muito debate sobre a aplicação dessa metodologia ágil, nascida na área de TI, no âmbito corporativo, pois muitas lideranças não entendem o Agile como uma transformação que afeta toda a cultura organizacional.

Pensando em entender melhor sobre a metodologia Scrum, elaboramos este artigo. Boa leitura!

O que é a metodologia Scrum?

A metodologia Scrum é um dos frameworks mais conhecidos e utilizados em planejamento e gerenciamento de projetos, podendo ser implementado de maneira eficiente em qualquer indústria para criar produtos e serviços.

Bastante conhecido na área de tecnologia por ser usado em projetos de software, a metodologia já está em outros setores, mas muitos profissionais de planejamento e controladoria, por exemplo, a desconhecem.

Em linhas gerais, a abordagem do Scrum é segmentar um projeto em pequenos ciclos de atividades interativas e incrementais, com reuniões frequentes, a fim de que a equipe desenvolvedora possa se alinhar e fazer ajustes e melhorias com agilidade.

O Scrum torna possível uma abordagem menos engessada e de feedback rápido, para poder responder de forma ágil. É uma ferramenta ideal para gerir e resolver problemas complexos, pouco previsíveis, assegurando adaptação, enquanto produtiva e criativamente entrega serviços e produtos com valor possível.

Metodologias ágeis: a origem do Scrum

A cultura ágil nasceu das técnicas com foco em inovação e agilidade presentes nas empresas japonesas nos anos 1970 e 1980.

No meio da década de 1990, o americano Jeff Sutherland desenvolveu o Scrum como solução para o problema constante que enfrentava: atender a pedidos e expectativas dos clientes dentro de um cronograma apertado e um orçamento fixo.

Suas investigações o levaram até os métodos ágeis do Japão; a partir de então, ele conseguiu montar uma metodologia enxuta, ágil e de interação que entrega soluções com qualidade e assertividade em menos tempo. 

Em 2001, um grupo de programadores e engenheiros de software se reuniu em um evento sobre as metodologias de desenvolvimento emergentes e criaram o manifesto ágil, que contém os princípios e valores dessa filosofia de gestão. 

Embora tenha sido criado antes do manifesto, o Scrum é totalmente alinhado a essa abordagem.

Elementos e termos técnicos do Scrum

O Scrum é delimitado por um conjunto de elementos que orientam todo o processo de desenvolvimento ágil de produtos, serviços e outros resultados. 

  • Sprints é o termo para o conjunto de ciclos de desenvolvimento do projeto. Cada sprint dura normalmente de 2 a 4 semanas e contém uma série de atividades a ser desenvolvidas.

  • O Product Backlog é o grupo de funcionalidades de um projeto, produto ou serviço, listadas por ordem de prioridade, definidas no começo do processo.

  • Sprint Planning Meeting são reuniões que ocorrem a cada novo começo de Sprint com o objetivo de planejar e organizar a ordem de desenvolvimento dos itens contidos no Product Backlog para aquele momento.

  • Sprint Backlog é o termo para o conjunto de tarefas segmentadas que serão efetuadas em cada sprint.

  • Daily Scrum é uma reunião diária para monitorar o desenvolvimento do projeto. A ideia é que todo o time se reúna diariamente para se realinhar, debater as atividades já realizadas e pendentes, compartilhar informação, identificar obstáculos e organizar o trabalho do dia. 

  • Sprint Review Meeting é o termo para a reunião que ocorre na finalização de cada sprint. Nesse encontro, a equipe apresenta os resultados alcançados e, se necessário, são feitos reajustes.

  • Sprint Retrospective Meeting é uma reunião em que são avaliados os aspectos que funcionaram ou não e como sanar esses elementos no próximo ciclo.

Papéis na gestão de projetos com a metodologia Scrum

Há 3 papéis fundamentais na metodologia Scrum:

  1. O Product Owner (PO), ou dono do projeto, representa a parte do cliente, definindo o produto final, seus requisitos e a prioridade desses objetivos.

  1. O Scrum Master, facilitador da metodologia, lidera e auxilia na solução de problemas, na manutenção do desempenho, mas não tem autoridade para controlar um time, portanto, não é um gerente de projetos.

  1. Scrum Team, ou equipe de desenvolvimento, é um grupo de pessoas, normalmente multidisciplinar e autônomo, capaz de se auto-organizar para desenvolver as tarefas. 

Veja também>> Lean Construction: benefícios, exemplos e cinco princípios fundamentais

6 dicas práticas da metodologia Scrum

No livro de J.J. Sutherland, filho de Jeff, citado mais acima, há um capítulo em que ele discorre sobre as características da gestão de negócios bem-sucedida na aplicação prática do Scrum. Vejamos: 

1. Gestão de pessoas com foco em estabilidade e dedicação 

Grupos estáveis que passam muito tempo trabalhando juntos desenvolvem mais coesão, espaço para compartilhamento de informações e mais produtividade. Além da estabilidade, a dedicação e o engajamento também pode impactar positivamente nos resultados.

2. Metas realistas e alcançáveis

Em muitos casos, são estabelecidos objetivos de entregas fora da realidade, gerando tensão e frustração nas partes envolvidas, desviando da lógica do framework do Scrum.

Sutherland sugere que os incrementos sejam feitos com base na média das entregas dos 3 últimos sprints. Se a equipe entregar antes do previsto, mais elementos podem ser adicionados. 

3. Limitação do trabalho em progresso 

Trabalhar em diversos itens ao mesmo impacta de forma negativa a produtividade do time. O mais adequado é limitar o escopo ao que está em progresso e/ou focar em apenas um item do backlog do produto, para agilizar sua entrega.

4. Gestão de crises e riscos 

Fatores internos e externos vão causar problemas no meio dos sprints; assim, é importante ter uma estratégia de resposta que oriente e dê assertividade ao time.

5. Organização primeiro 

Os problemas precisam ser resolvidos tão logo se apresentem para manter a organização. Sempre que algo estiver aquém ou em desacordo com o que havia sido definido, o time precisa solucionar rapidamente.

6. Bem-estar e satisfação

Metodologias ágeis não são apenas processos, ritmo acelerado e entregas assertivas. Monitorar e agir para assegurar o bem-estar e a motivação do time é fundamental para um crescimento sustentável. Este é um valor do Agile tão importante quanto qualquer outro.


Por fim, é importante ressaltar que a adoção do Scrum ou de outros métodos ágeis é ineficaz se não houver uma mudança na cultura e na mentalidade da empresa. Falta de autonomia e estrutura de decisões muito verticalizada são obstáculos, que criam um fluxo longo, sem velocidade. 

Dessa maneira, a verdadeira gestão estratégica que tiver interesse em testar o Scrum em um novo empreendimento precisa se transformar de ponta a ponta e abandonar velhos hábitos.

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Nivaldo Morais: Certificado CBPP® - BLUE SEAL, pela ABPMP-International. Mestre em Engenharia da Produção e Sistemas. 18 anos de experiência na implantação de projetos envolvendo melhoria e gestão de processos e TI. Mais de 10.000 horas de projetos em BPM nos últimos 5 anos. Mais de 350 empresas atendidas desde 2011. Mais de 5000 pessoas capacitadas em BPM entre 2014 e 2019. Professor Universitário a 15 anos. Professor efetivo da UFG. Professor de Especialização com mais de 3.000 horas de sala de aula. Delegado Regional da ABPMP em Goiás. Coordenador do MBA de Gestão de Processos de Negócio do IPOG. Sócio Diretor da Consultoria BP Company.